A agência das Nações Unidas, em parceria com a London School of Hygiene & Tropical Medicine e o South African Medical Research Council, analisou a prevalência de violência física e sexual cometida por parceiros íntimos e parceiros não íntimos (familiares, amigos, conhecidos e estranhos).
Segundo o relatório “Estimativas mundiais e regionais da violência contra mulheres: prevalência e efeitos na saúde da violência doméstica e sexual”, divulgado hoje, em Genebra, cerca de 30 por cento das mulheres que já tiveram relações íntimas serão, nalgum momento, vítimas de violência física e/ou sexual cometida pelos parceiros.
Porém, o que surpreendeu a OMS foi o “já elevado” nível de exposição à violência – quase 30 por cento – “entre jovens mulheres, com 15 a 19 anos”, sendo que o pico se situa entre na faixa etária entre os 40 e os 44 anos.
No que respeita à violência física, o relatório conclui que 38 por cento de todas as mulheres assassinadas foram mortas pelos seus parceiros íntimos.
Por outro lado, 42 por cento das mulheres que sofreram violência física e sexual às mãos dos companheiros ficaram com danos físicos, que podem ir desde “ossos partidos a complicações na gravidez e perturbações mentais”.
A violência íntima tem também impacto na saúde psicológica: por exemplo, as mulheres violentadas têm o dobro das probabilidades de depressão e alcoolismo; também é maior a probabilidade de contraírem doenças sexualmente transmissíveis (sida, sífilis, gonorreia) e de terem uma gravidez não desejada ou um aborto.
A prevalência global da violência perpetrada por um agressor que não é o parceiro íntimo, mas um familiar, conhecido ou estranho, desce para os 7,2 por cento – mas as mulheres que dela são vítimas, pelo menos uma vez na vida, serão ainda mais suscetíveis do que as violentadas por parceiros íntimos de sofrerem de problemas de depressão, ansiedade e alcoolismo.
Esta incidência de 7,2 por cento tem de ser lida à luz do “medo do estigma”, que “impede muitas mulheres de reportarem a violência sexual cometida por não parceiros”, assinala a OMS, aconselhando os Estados a melhorarem as estatísticas sobre violência contra as mulheres.
Baseando-se nos dados de um conjunto de países e territórios selecionados nas várias regiões do mundo, a OMS projetou estatísticas globais e regionais.
As maiores incidências de violência contra mulheres por agressores íntimos registam-se nas regiões de Sudeste Asiático, África e Mediterrâneo Oriental. Seguem-se América, Europa e Pacífico Oeste.
África e América lideram a tabela da violência cometida por parceiros não íntimos, mas, se o mundo for dividido em zonas de baixos e elevados recursos, é nestes últimos que este tipo de agressão é mais comum.
Se combinados agressores íntimos e não íntimos, a região de África lidera as estatísticas globais, com 45,6 por cento das mulheres sujeitas a violência, pelo menos uma vez na vida, enquanto a Europa regista uma incidência de 27,2 por cento.
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