03/06/2013

Turismo: número de estrangeiros se retrai mais de 48 mil em seis anos

O número anual de turistas de outros países visitando a Capital cearense recuou em mais de 48 mil pessoas

Apesar de ser considerada um dos principais polos turísticos da região Nordeste, movimentando bastante o mercado interno brasileiro, Fortaleza tem perdido nos últimos anos um público com grande potencial de consumo: os estrangeiros.

Crise internacional é um dos fatores que gerou impacto negativo na demanda FOTO: TUNO VIEIRA

Crise europeia, concorrência de outros destinos internacionais e a elevação nas tarifas do transporte aéreo e da hotelaria são alguns fatores que podem explicar a fraca procura por parte dos viajantes de fora. Para se ter uma ideia, no período de seis anos o número anual de turistas de outros países caiu em mais de 48 mil pessoas.

Segundo os indicadores mais recentes da Secretaria de Turismo de Fortaleza (Setur), em 2006 a cidade recebeu 268.124 turistas do mercado internacional, naquele que foi o melhor ano da série histórica, que compila resultados desde 1995. Em 2011, porém, o número de visitantes já havia caído 17,9% e fechado em 220.098 (48 mil pessoas a menos). “Atualmente, é praticamente nula a quantidade de turistas estrangeiros que se hospedam no Ceará”, lamenta o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Ceará (ABIH-CE), Darlan Leite.

Fatores se somam

Questionado sobre os grandes responsáveis pela redução do fluxo de estrangeiros nos últimos anos, Darlan Leite diz que a crise econômica global, iniciada em 2008, foi um dos fatores preponderantes para o processo de queda. “Muitos estrangeiros ficaram em situação delicada, não podendo viajar por falta de dinheiro. Costumávamos receber, por exemplo, muitos visitantes do leste europeu, o que foi diminuindo na medida em que aquela região ia sendo afetada pela crise”, afirma. Outro motivo apontado pelo presidente da ABIH-CE para a timidez do turismo internacional na Capital cearense foi o desempenho da própria economia brasileira. Segundo ele, com a valorização do real, “ficou mais fácil nós viajarmos para outros países, do que os estrangeiros virem conhecer o nosso lar”, opina Leite.

Gasto foi reduzido

Além de virem ao Ceará com cada vez menos frequência, os estrangeiros também estão gastando menos quando decidem fazer turismo no território brasileiros em geral. De acordo com uma pesquisa do Banco Central (BC), em março deste ano os visitantes gastaram US$ 599 milhões no País (5% a menos do que no mesmo mês do ano passado), enquanto os brasileiros deixaram US$ 1,870 bilhão lá fora, um valor 15% superior ao registrado em março de 2012.

Há cinco anos, em agosto e setembro, os estrangeiros visitantes eram 30%. Em 2012, só 10% FOTO: PATRÍCIA ARAÚJO

Para o vice-presidente da ABIH-CE, Régis Medeiros, os custos praticados no Brasil estão assustando os visitantes internacionais. “No Brasil, temos um custo muito alto. São diversos impostos embutidos, que acabam elevando as tarifas”, explica. Há cinco anos, nos meses de agosto e setembro (férias na Europa), os estrangeiros representavam 30% do total de turistas do Ceará. Em igual período do ano passado, esse índice caiu para 10%. 

Atuação da Setur

Por meio de sua assessoria, o secretário de Turismo do Estado, Bismarck Maia, informou que desde que assumiu não tem apoiado os voos charters (fretados), por não considerá-los interessantes para o Estado. Com a queda desse tipo de operação, caíram também os estrangeiros que vinham para Fortaleza desta forma. Ele admitiu que a Capital não é um grande destino para estrangeiros, mas disse que isso pode mudar com as obras de infraestrutura para a Copa do Mundo e a visibilidade que a cidade deve ganhar com o evento.

Destino perde mercado

Entre os destinos nordestinos mais procurados por visitantes, Fortaleza também sofreu um impacto negativo no início deste ano, quando foi ultrapassada por Maceió em volume de vendas, conforme dados da CVC. Com o resultado, a Capital cearense passou a assumir a 4ª posição no ranking da operadora, atrás da Capital alagoana, Natal (RN) e Porto Seguro (BA).

Queda no ranking do NE

Na época em que a CVC divulgou a queda de Fortaleza no ranking nordestino, o vice-presidente de produtos e marketing da empresa, Fábio Godinho, disse que o aumento das tarifas do transporte aéreo e da hotelaria na Capital contribuiram efetivamente para tal perde de mercado. Segundo ele, “os hoteleiros de Fortaleza precisam fazer uma reflexão sobre o assunto, já que o Nordeste em geral sofre com a concorrência do Caribe por conta da oferta de pacotes diferenciados e pelo preços praticados, inferiores, por exemplo, aos cobrados para uma viagem à cidade. É preciso melhorar os preços”, advertiu.

Demanda aérea internacional avançou 1,49% no País

De janeiro a abril deste ano, a demanda internacional acumulou crescimento de 5,48% em relação aos quatro primeiros meses do ano passado, enquanto a oferta teve alta de 9,39% no mês de abril Foto: gustavo pellizzon

Enquanto o Ceará perde voos internacionais diretos e tem o número de estrangeiros que visitam o Estado cada vez menor, a demanda do transporte aéreo internacional das empresas aéreas brasileiras de forma geral completou uma série de seis meses consecutivos de crescimento, com aumento de 1,49% em abril de 2013 em comparação ao mesmo mês do ano passado.

De janeiro a abril deste ano, a demanda acumulou crescimento de 5,48% em relação aos quatro primeiros meses de 2012.

Maior oferta

Já a oferta internacional teve alta de 9,39% no mês, o que fez com que o índice completasse uma série de seis meses consecutivos de crescimento e o maior nível para o mês desde o ano 2000. No acumulado de janeiro a abril de 2013, a oferta registrou alta de 15,63% em relação aos quatro primeiros meses do ano passado.

Em relação à participação de mercado, a TAM e a Gol representaram a totalidade das operações de empresas brasileiras no transporte aéreo internacional de passageiros em abril, com 88,74% e 11,26%, respectivamente. Enquanto a TAM registrou redução de 1,67%, a Gol teve crescimento de 15,32% na participação em abril de 2013 quando comparado ao mesmo mês de 2012.

Voos domésticos em baixa

Já a demanda de passageiros por voos domésticos caiu pela primeira vez em um mês de abril desde 2000, início da série histórica da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). A redução no mês foi de 3,35% em comparação a abril 2012.

A queda acumulada nos quatro primeiros meses do ano é de 1,74%. Em sequência a uma série de oito reduções seguidas, a oferta doméstica de voos voltou a se retrair no mês.

Com a queda de 4,06% de abril, a oferta nos quatro primeiros meses do ano já é 6,92% menor a igual período de 2012.

Taxa de ocupação elevada

A taxa de ocupação dos voos domésticos de passageiros completou uma série de 12 meses consecutivos de crescimento em abril de 2013. O índice alcançou 72,33% no mês - alta de 0,74 pontos porcentuais em relação ao mesmo mês de 2012, quando a taxa registrou 71,80%.

No acumulado do ano, o aproveitamento atingiu 73,91%, demonstrando uma melhora de 5,57% em relação aos quatro primeiros meses do ano passado.

Em relação à participação de mercado doméstico, a TAM e a Gol lideraram o mercado doméstico no mês de abril, com participações de 38,42% e de 36,24%, respectivamente.

Companhias aéreas

Entre as principais empresas aéreas, Avianca e Azul registraram o maior crescimento na participação no período se comparada ao mesmo mês de 2012. A Avianca passou de 4,98% para 7,13% (crescimento de 43,26%) e a Azul de 9,94% para 13,44% (crescimento de 35,19%).

Áquila LeiteRepórter




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