Padre Geovane saraiva*
As pessoas, ávidas de querer saber o
sentido do bem e do mal, alegria e tristeza, bem estar e sofrimento, vida e
morte, muitas vezes se sentem perdidas, mesmo nos dias atuais, e não encontram
uma explicação plausível, nesta vida, tão marcada pelo inseparável dualismo.
Mas o próprio Deus, que suscitou em sua Igreja a figura de Inácio de Loyola,
para propagar a glória de seu nome, e ao mesmo tempo, ensinar combater as
ciladas do inimigo e ultrapassar os desafios, sofrimentos e dúvida, nos ajuda a
encontrar respostas para tais interrogações.
Porque poucos homens de Deus tiveram
uma influência tão vasta e gigantesca no decorrer da história da Igreja e da
sociedade em geral, de maneira luminosa, colocando suas inteligências e projetos
de vida a serviço da humanidade, como Santo Inácio de Loyola. Ele que nasceu na Espanha e viveu de (1491-1556),
primeiramente na corte e no seguimento da carreira militar. Depois, enquanto se
restabelecia dos sofrimentos de uma batalha, dedicou-se à leitura da vida do
Filho de Deus, que o seduziu, a ponto de tomar a decisão de consagrar-se, viver
totalmente para ele, escolhendo como lema e projeto de vida: – Ad maiorem Dei
gloriam – “Tudo para a maior glória de Deus” (1Cr 10, 31).
Foi por ocasião
de uma peregrinação à terra santa, viagem profundamente abençoada, num clima a
lhe favorecer a penitência, que ao voltar à Espanha, sua terra natal, percebeu
sua utilidade na construção do Reino de Deus. Já com trinta anos, entregou-se
aos estudos das línguas, da Filosofia e da Teologia, primeiro em sua própria
pátria. E em seguida, foi ao maior
centro cultural de seu tempo, a França, estudar na Universidade de Paris.
O jovem Inácio de Loyola voltou-se para
Deus, na meditação dos mistérios divinos, também na solidão, privações,
angústias e, consequentemente, no sofrimento, procurou traçar as linhas gerais
de seu livro de oração, os “Exercícios Espirituais”, tornando-o depois, o
código de ascese e de austeridade dos cristãos em todo mundo.
Em Paris reuniu os seis primeiros
companheiros e mais tarde, em 1534, fundou a Companhia de Jesus (os padres
jesuítas), para a maior glória de Deus e o serviço da Igreja, em obediência ao
Sucessor de Pedro. Promoveu a catequese e o apostolado missionário e teve entre
seus primeiros seguidores São Francisco Xavier, apóstolo do Oriente e padroeiro
das missões. Aqui entre nós, tivemos o grande apóstolo e maior literato XVII,
Padre Antônio Vieira, que já comemoramos o seu quarto século de existência
(1608-2008), entre outros. Hoje a Igreja Católica agradece ao bom Deus pelo seu
comandante supremo, o Papa Francisco, um filho de Santo Inácio Loyola, uma
santa criatura a encantar o mundo em todos os sentiidos.
A companhia de Jesus, fiel ao
Evangelho e acima de tudo, movida pela ação do Espírito Santo, com aquela
força, mística e energia divina, floresceu e sua influência foi grandiosa na
caminhada da Igreja e no processo histórico da civilização humana, dentro do
ideal e do espírito de seu fundador, Santo Inácio de Loyola, marcando a nossa
história, seja pelos seus escritos ou pela sua intensa atividade apostólica,
muito contribuindo na instauração do Reino de Deus, na Reforma da Igreja.
Inácio de Loyola abriu novos
caminhos, levando a boa notícia da Salvação por toda extensão da terra,
procurando ser fiel ao Apóstolo dos gentios: “Ao nome de Jesus todo joelho se
dobre no céu, na terra e abaixo da terra, e toda língua proclame bem alto, para
glória de Deus Pai, que Jesus Cristo é o Senhor” (Fl 2, 10-11). O Brasil
começou a colher os frutos do seu trabalho, através dos missionários jesuítas,
com ele ainda vivo, na catequese e do apostolado missionário.
A Companhia de Jesus, no seu
compromisso de fidelidade a Jesus Cristo, no anúncio do Evangelho, passou por
perseguições no século XVII, culminando, por razões ideológicas e políticas,
com a decisão de Marquês de Pombal, no ano de 1759, ao decretar a expulsão dos
Jesuítas de todos os territórios portugueses, mas apesar de tudo, superou as
adversidades. Eles foram e continuam sendo um grupo de homens corajosos e
determinados na fé - religiosos e apóstolos, filhos de Santo Inácio, que se
encantaram no serviço do Reino, como Deus Nosso Senhor mesmo disse: “Vim trazer
fogo à terra; só desejo que se acenda” (Lc 12, 49). O grande sonho e desejo de
Inácio de Loyola se concretizou, no maravilhoso e belo trabalho, de levar a boa
nova da salvação as mais longínquas regiões do planeta, a partir do seu lema:
“Tudo para maior glória de Deus”.
Eis um “projeto”, diferenciado dos nossos projetos. Não raras vezes,
nossas decisões e projetos, simplesmente, estão acompanhados de egoísmo, com a
finalidade de enaltecer a nossa própria auto-suficiência e vaidade. Para
vivermos bem a vida e motivados, no seguimento de Jesus de Nazaré, há sim,
renúncias e exigências que nascem de Deus e do seu projeto de amor para conosco
e aqui temos como figura exemplar Inácio de Loyola. Que Deus seja louvado pelo
edificante trabalho dos Jesuítas, presença que marcou profundamente o povo
brasileiro.
*Padre da Arquidiocese de
Fortaleza, escritor, membro da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza,
da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE) e Vice-Presidente
da Previdência Sacerdotal - Pároco de Santo Afonso
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