Washington. O calendário das discussões para a negociação de paz entre autoridades israelenses e palestinas deve levar pelo menos nove meses, informou o Departamento de Estado dos Estados Unidos.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, resiste aos apelos dos palestinos para que aceite de antemão as fronteiras pré-1967 FOTO: REUTERS
"Vamos fazer todos os esforços para obtermos um acordo durante este período, mas (...) não se trata de uma data limite", disse Jennifer Psaki, porta-voz do Departamento de Estado.
A nova negociação, que iniciou ontem, em Washington, foi promovida pelo secretário de Estado americano, John Kerry, dando fim a um silêncio entre os dois lados que estava em vigor desde 2010, devido à insistência de Israel em ampliar assentamentos na Cisjordânia ocupada.
Mais cedo, o presidente Obama elogiou a disposição dos dois países, afirmando que é um passo promissor, mas que há um trabalho duro e escolhas difíceis para ambos os lados. "Tenho esperanças de que tanto os israelenses quanto os palestinos abordarão essas negociações com boa-fé e com foco sustentado e determinação".
As últimas negociações de paz foram curtas devido à decisão de Israel de manter a colonização da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental.
Desta vez, as negociações serão dirigidas pela ministra de Justiça Tzipi Livni, no lado israelense, e pelo chefe dos negociadores palestinos Saeb Erakat, com a presença permanente de funcionários de alto escalão de ambos os governos.
Como prova da fragilidade deste início de negociações está a decisão do governo israelense, anunciada ontem, de aprovar a libertação de 104 prisioneiros palestinos detidos antes dos acordos de Oslo de 1993, que foi bem recebida pela Autoridade Palestina, mas que provocou fortes reações em Israel.
Os palestinos, com apoio internacional, querem que seu futuro Estado tenha fronteiras semelhantes às que vigoravam antes do avanço de Israel na guerra de 1967, o que abrange a Faixa de Gaza, a Cisjordânia e a adjacente Jerusalém Oriental.
Yasser Abed Rabbo, alto funcionário da Organização para a Libertação da Palestina, disse que o convite dos EUA não informava quais disputas seriam discutidas, mas ele afirmou que a discussão "irá começar, em princípio, com as questões de fronteiras e segurança".
Netanyahu resiste aos apelos dos palestinos para que aceite de antemão as fronteiras pré-1967. O general da reserva de Israel, Shalom Harari, disse que essa posição israelense contribuirá para que as negociações, programadas para durar nove meses, sejam abrangentes.
Outro ponto complicado é o destino de refugiados palestinos da guerra de independência de Israel (1948) junto com milhões de descendentes, que reivindicam o direito de voltar às suas terras. Para os israelenses, isso seria suicídio demográfico.
Esforços recentes
2010 - Washington
Teve a ajuda do governo egípcio e da Jordânia. As expectativas foram baixas e os esforços duraram apenas algumas semanas
2007 - Annapolis (EUA)
Com a presença do Quarteto (EUA, Rússia, União Europeia e ONU) e países árabes, a tentativa se encerrou com a ofensiva militar israelense em Gaza no fim de 2008
2003 - Mapa da Paz
Com o plano do Quarteto, palestinos desistiriam do direito de retorno, e Israel renunciaria a ampliar acampamentos
2000 - Camp David (EUA)
Objetivo do presidente Clinton era tratar temas como fronteiras, Jerusalém e refugiados, deixados de lado nos diálogos de Oslo, em 1993. O fracasso da tentativa foi seguida pelo segundo levante palestino conhecida como Intifada
1993 - Acordo de Oslo
Foi a tentativa de acordo direto entre israelenses e palestinos, representados pela Organização pela Libertação da Palestina (OLP). Negociação previa abrir caminho para Estado palestino, mas sofreu resistência do Hamas e de outros grupos e de setores israelenses, como os colonos.
Diário do Nordeste
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