08/07/2013

PT - Um retrato na parede

Enviado por Ricardo Noblat - 
8.7.2013
 | 8h00m
COMENTÁRIO

PT - Um retrato na parede, por Ricardo Noblat

Se você imaginava que o PT se resignaria em ser expulso das ruas pelos manifestantes que convulsionam pedaços das maiores cidades do país, sinto muito, enganou-se.
Avalizada por Dilma, a ordem foi emitida pela direção do partido: lustrem as estrelas guardadas junto com antigas lembranças. Espanem a poeira das bandeiras rotas. Dispam-se dos trajes de burocratas. Todos às ruas na próxima quinta-feira.
Pouco importa que o “Dia Nacional de Luta”, que prevê passeatas e greves, tenha sido convocado pelas centrais sindicais e movimentos afins.


O PT não amanhecerá menor no dia seguinte só porque pegou carona em ato alheio.
De resto, é o governo que tudo financia. Até mesmo o que poderá machucá-lo um pouquinho. O peleguismo renovou-se. Mas não deixou de ser peleguismo.
Que palavras de ordem gritará o PT? O que cobrará por meio de faixas e cartazes?
O governo encomendou o apoio à reforma política elaborada por uma Assembleia Nacional Constituinte exclusiva e submetida a um plebiscito. O PT entregará a encomenda.
Por absurda, a ideia da Constituinte foi sepultada em menos de 24 horas. O plebiscito naufragou por falta de tempo para que seus efeitos incidissem sobre as eleições do próximo ano.
Dilma esperava lucrar com uma reforma que lhe garantisse melhores condições de concorrer ao segundo mandato. E que levasse o PT a emergir da eleição ainda mais forte.
Casuísmo descarado, pois – não a reforma, necessária. Mas a pressa com que seria feita e a tentativa de empurrar goela abaixo do Congresso pontos da reforma destinados a agradar Dilma e o PT.
A insistência com a Constituinte e o plebiscito trai o desejo de Dilma em responsabilizar o Congresso pela reforma que ele não quer fazer. E denuncia o momento confuso e delicado que o governo atravessa.
Uma pena o PT não poder dizer aqui fora o que diz quando se reúne no escurinho do cinema. Ou mesmo o que começou a dizer recentemente a Dilma.
A coragem muitas vezes é movida pelo medo. E o PT receia perder o poder.
A política econômica está uma droga. A culpa não cabe apenas a Guido Mantega – aquele que Fernando Henrique chamou de “bem fraquinho” quando virou ministro da Fazenda do governo Lula. Cabe também a Dilma – aquela que Lula apresentou como melhor gestora do que ele.
Maluf elegeu Celso Pitta prefeito de São Paulo pedindo para não votarem mais nele, Maluf, caso Pitta fracassasse. Pitta fracassou. Lula não foi tão longe em relação a Dilma.
Aumenta a inflação. Diminuem os investimentos. Desequilibram-se as contas públicas. Revisa-se para baixo o Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todas as riquezas do país.
O governo carece de uma estratégia compartilhada por seus 39 ministros. Há ministros demais e competência de menos. Em larga medida, o voluntarismo de Dilma é responsável pelo mau desempenho da economia. Seu desprezo pelos políticos só lhe cria problemas.
Lula montou uma gigantesca coligação de partidos para eleger Dilma e ajudá-la a governar. Esqueceu de escalar ministros aptos a cuidarem da articulação política.
Apostou suas fichas em Palocci, posto na Casa Civil para escorar Dilma. Descobriu-se que ele se tornara milionário enquanto fazia política. Acabou demitido.
A coligação ameaça se esfarelar. A persistir a queda de Dilma nas pesquisas, ela será abandonada. 
O PT do passado teria material de sobra para na quinta-feira ecoar a voz das ruas. O de hoje, não. É apenas uma fotografia na parede.

Enviado por Ricardo Noblat - 
8.7.2013
 | 7h30m
MÚSICA DO DIA

I remember you, por Diana Krall


Ouça I remember you, de Johnny Mercer e Victor Schertzinger

Enviado por Ricardo Noblat - 
8.7.2013
 | 7h00m
POLÍTICA

Agenda de Dilma 08/07/2013

09h30 - Aldo Rebelo 
Ministro do Esporte 
Palácio do Planalto
15h - Cerimônia de lançamento do Pacto Nacional pela Saúde - 
Mais Hospitais e Unidades de Saúde, Mais Médicos e Mais Formação

Enviado por Ricardo Noblat - 
8.7.2013
 | 3h57m
POLÍTICA

Protestos não são para capitalizar e sim para metabolizar, diz Marina

G1
A ex-senadora e ex-ministra Marina Silva (foto abaixo) esteve na Festa Literária Internacional de Paraty no domingo (7) e comentou o fato de ter sido apontada em debates no próprio evento como beneficiária política das ondas de protestos de junho no país. Marina disse que as manifestações "não são para capitalizar e sim para metabolizar".
"Está surgindo um novo sujeito político no mundo que está em fase de conformação de ativismo autoral. Esse ativismo não é dirigido por partidos, por sindicatos, por ONGs nem por líderes carismáticos. Nesse novo ativismo as pessoas são autoras e mobilizadoras de suas causas."



Enviado por Ricardo Noblat - 
8.7.2013
 | 3h43m
POLÍTICA

Proposta que torna corrupção crime hediondo é populista,dizem juristas

Tatiana Farah, O Globo
Apoiada pela presidente Dilma Rousseff e aprovada com alarde pelo Senado, a proposta de uma lei que torna a corrupção crime hediondo é severamente criticada por juristas e especialistas no combate aos crimes de colarinho branco.
A medida ganhou força com os protestos que tomaram as ruas do país, mas os juristas a consideram “populista” e “inócua”. Além do projeto de lei do senador Pedro Taques (PDT-MT), que tramita no Senado, na semana passada a Câmara dos Deputados aprovou a votação em urgência de um projeto de lei, proposto pelo governo em 2009, que também rotula a corrupção como hedionda e aumenta as penas para esse tipo de crime.
— É uma medida de populismo penal. Dá uma certa satisfação à opinião pública, mas é pura ilusão — avalia o chefe do Departamento de Direito Penal da Faculdade de Direito do Largo São Francisco (USP), Renato de Mello Jorge Silveira.


Enviado por Ricardo Noblat - 
8.7.2013
 | 3h30m
POLÍTICA

Oposição vai cobrar explicações de Cabral sobre uso de helicópteros

Pâmela Oliveira, Veja
A revelação de detalhes das viagens do governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ) em helicópteros do governo do estado, publicada em VEJA desta semana, indignou a população do Rio e políticos de oposição. O deputado Luiz Paulo Corrêa da Rocha (PSDB), que já presidiu a Comissão de Transportes da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) e é especialista no tema, pedirá que o Ministério Público Estadual investigue os abusos do governador do Rio.
O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alerj, deputado Marcelo Freixo (PSOL), afirmou ao site de VEJA que vai se reunir com advogados, nesta segunda-feira, para estudar medidas jurídicas para coibir o que classificou como “descaso com o bem público”. Freixo vai propor a outros deputados a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Alerj, mas terá que esperar o fim do recesso da casa, em agosto, para começar a coletar as assinaturas necessárias.



Enviado por Ricardo Noblat - 
8.7.2013
 | 3h13m
GERAL

Dilma lança hoje plano para importar médicos

André de Souza, O Globo
A presidente Dilma Rousseff lança oficialmente hoje as medidas do Pacto Nacional pela Saúde, que ela mesma já tinha anunciado no dia 24 de junho como uma resposta às manifestações de rua que tomaram conta do país.
O pacto prevê a contratação de médicos estrangeiros, como medida emergencial, e a construção de hospitais e unidades básicas de saúde, além da abertura de 11.400 vagas para cursos de graduação de médico e de 12.400 para médicos residentes até 2017. Estão previstos incentivos para a fixação de médicos em lugares onde há carência de profissionais, como a periferia das grandes cidades e os municípios do interior.




Enviado por Ricardo Noblat - 
8.7.2013
 | 2h50m
GERAL

Em meio a denúncias, obras de metrô em capitais se arrastam

Sérgio Roxo, O Globo
Para viabilizar o plano de mobilidade urbana anunciado pela presidente Dilma Rousseff como resposta à onda de manifestações que tomou o país nas últimas semanas, os governos federal e estaduais terão que destravar obras de metrô que se arrastam há anos e são alvo de suspeitas de irregularidades. Há casos de projetos que começaram a ser executados ainda no século XX, atravessaram gestões e, até hoje, não foram concluídos.
Denúncias de superfaturamento, conluio em licitações e falta de recursos estão por trás das dificuldades das administrações para colocar linhas de metrô em funcionamento em pelo menos quatro capitais: Fortaleza, Salvador, Belo Horizonte e São Paulo. Em outras duas cidades, Curitiba e Porto Alegre, projetos recentemente anunciados estão emperrados por problemas com custos.

Obras na linha 4 do metrô, na Barra, Rio de Janeiro Foto: O Globo


Enviado por Ricardo Noblat - 
8.7.2013
 | 2h43m
GERAL

Funcionários da Santa Casa vendem sepulturas piratas no Rio

O Globo
Funcionários da Santa Casa da Misericórdia, que administra os 13 cemitérios públicos da cidade, estão vendendo sepulturas piratas, abertas e construídas sem autorização da prefeitura. E essa não foi a única irregularidade apresentada neste domingo pelo programa “Fantástico”, da TV Globo.
Sonegação fiscal, falsificação de documentos, ocupação de outros túmulos supostamente abandonados e até mesmo a construção de novos jazigos em áreas inadequadas, como nos locais de circulação, estão entre os problemas no São João Batista, em Botafogo; na Cacuia, na Ilha do Governador; e no São Francisco Xavier, no Caju. No cemitério da Zona Sul, uma sepultura foi feita na calçada, entre dois túmulos, impedindo a passagem. Para não chamar a atenção, os novos jazigos são construídos à noite.


Enviado por Ricardo Noblat - 
8.7.2013
 | 2h29m
GERAL

Funkeiro morto em show foi alvo de ao menos dois tiros em Campinas

G1
Ao menos dois disparos foram dados em direção ao funkeiro Daniel Pellerrine, o MC Daleste, morto após ser atingido no abdômen durante apresentação em Campinas (SP), na noite de sábado (6). As marcas de bala atravessaram o palco em que o cantor tocava, em um conjunto habitacional. Fãs dizem ainda que um outro disparo foi dado para o alto.
Uma moradora, que não quer ser identificada, estava no show com a filha de 12 anos e outras adolescentes. “A gente estava perto do palco. Teve um primeiro disparo, mas na hora a gente não achou que fosse tiro, pensou até que fosse da música. Logo depois houve um para o alto e o que acertou ele. Ai foi uma correria só”.


Enviado por Ricardo Noblat - 
8.7.2013
 | 2h11m
ECONOMIA

Ao segurar reajustes, governo apenas adia impacto na inflação

Eliane Oliveira e Mônica Tavares, O Globo
Ao segurar reajustes de tarifas públicas, como combustíveis, energia elétrica, pedágios e transportes em geral, com a ajuda dos governos estaduais e municipais, o governo armou uma bomba-relógio, que poderá explodir no ano que vem ou no começo de 2015, já no governo do próximo presidente.
Na avaliação de especialistas ouvidos pelo GLOBO, a interferência artificial nos preços administrados terá várias consequências no futuro: aumento da inflação, redução de investimentos, queda na qualidade dos serviços prestados aos usuários e aumento dos gastos do Tesouro para cobrir as defasagens sofridas pelas empresas que prestam atendimento à população.


Enviado por Ricardo Noblat - 
8.7.2013
 | 1h49m
ECONOMIA

Patrimônio do BNDES recua 38%

Lu Aiko Otta, Estadão
Na contramão do mercado, o patrimônio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) encolheu 38% entre março de 2011 e março de 2013, enquanto a média de cinco grandes bancos públicos e privados registrou crescimento de 25%. É o que mostra levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).
Para os economistas José Roberto Afonso e Gabriel Leal de Barros, ambos do Ibre, essa é uma clara evidência de que o governo está enfraquecendo os bancos públicos, principalmente o BNDES, com sua política de recolher dividendos antecipados. Essa é a tese que eles defendem no estudo Receitas de Dividendos, Atipicidades e (Des) Capitalização.



Enviado por Ricardo Noblat - 
8.7.2013
 | 1h40m
MUNDO

Brasil cobra esclarecimentos aos Estados Unidos sobre espionagem

Fernanda KrakovicsFrancisco Leali Leonardo Cazes, O Globo
O governo brasileiro cobrou, neste domingo, explicações dos Estados Unidos sobre a espionagem de cidadãos e empresas brasileiras pela Agência de Segurança Nacional (NSA) dos EUA na última década, segundo documentos coletados pelo ex-técnico Edward Snowden, aos quais O GLOBO teve acesso. O Ministério das Relações Exteriores pediu esclarecimentos ao embaixador dos EUA Thomas Shannon e já acionou a embaixada em Washington para fazer o mesmo diretamente ao governo americano.
O Itamaraty também vai entrar com uma moção na Organização das Nações Unidas (ONU) pedindo aperfeiçoamento da segurança cibernética para evitar esse tipo de abuso por parte de um país. No plano interno, a Polícia Federal e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) vão investigar se empresas sediadas no Brasil permitiram que a NSA tivesse acesso às redes de comunicações locais.

Antonio Patriota, ministro das Relações Exteriores Foto: O Globo


Enviado por Ricardo Noblat - 
8.7.2013
 | 1h24m
MUNDO

NSA e CIA mantiveram em Brasília equipe para coleta de dados filtrados

Roberto Kaz e José Casado, O Globo
Funcionou em Brasília, pelo menos até 2002, uma das estações de espionagem nas quais agentes da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) trabalharam em conjunto com a Agência Central de Inteligência (CIA) dos Estados Unidos.
Não se pode afirmar que continuou depois desse ano por falta de provas. Documentos da NSA a que O GLOBO teve acesso revelam que Brasília fez parte da rede de 16 bases dessa agência dedicadas a um programa de coleta de informações através de satélites de outros países. Um deles tem o título “Primary Fornsat Collection Operations” e destaca as bases da agência.
Satélites são vitais aos sistemas nacionais de comunicações, tanto quanto as redes de fibras óticas em cabos submarinos. O Brasil não possui nenhum, mas aluga oito, todos do tipo geoestacionário - ou seja, que permanecem estacionados sobre uma região específica da Terra, em geral na linha do Equador.


Enviado por Ricardo Noblat - 
8.7.2013
 | 1h09m
MUNDO

Partido islâmico rejeita social-democrata como premier no Egito

O Globo
O nome do advogado social-democrata Ziaad Bahaa el-Din, fortemente cotado para o cargo de premier do Egito, foi rejeitado neste domingo pelo líder do partido islâmico al-Nour, que defende a escolha de alguém politicamente neutro.
Mohamed ElBaradei, rejeitado no sábado mas cotado para assumir a vice-presidência interina do país, também não obteve aprovação. Mais cedo, um porta-voz da Presidência afirmou que a indicação era fruto de um acordo entre as Forças Armadas e grupos islamistas que apoiaram o golpe que depôs o presidente Mohamed Mursi, na semana passada.


Enviado por Pedo Lago - 
7.7.2013
 | 23h30m
POEMA DA NOITE

Sob sol - Ericson Pires

Sob sol
Salve Sol
Sangue sol
As vezes dói 
-chão se rasga céu sem nunca parar chão - 
dói sem dor 
quero curar da cura que cura
Sol
voltar ao resto que repete outro 
o que retorna é aquilo que sempre esteve de novo 
- teia circular: querer perder -

Ericson Siqueira Pires (Rio de Janeiro, 30 de maio de 1971 - Rio de Janeiro, 19 de março de 2012). Poeta, performer, professor universitário. Foi fundador do Grupo Hapax, também foi editor da Revista Global Brasil e militante da Rede Universidade Nômade. Doutor em Estudos de Literatura pela Puc-Rio, foi Professor Adjunto do Instituto de Artes da UERJ e participou do PACC (Programa Avançado de Cultura Contemporânea) da ECO-UFRJ. Publicou Cinema Garganta, em 2002; Cidade Ocupada, 2007 e Pele Tecido em 2010. 

Enviado por Gaudêncio Torquato - 
7.7.2013
 | 18h52m
POLÍTICA

Viva ou morra! O polegar das multidões, por Gaudêncio Torquato

A reforma política volta, mais uma vez, ao centro do palco, desta feita sob o clamor da maior movimentação social da história brasileira. Se é a “mãe de todas as reformas”, como se tem argumentado, é razoável imaginar que a sua construção constitui uma alavanca para o progresso da vida institucional e, por consequência, para a melhoria do bem-estar da coletividade. Nesse caso, a reforma de padrões políticos se insere no conjunto das prementes demandas nacionais, ao lado dos programas para fechar os buracos nas áreas da saúde, educação, mobilidade urbana e segurança pública.
Pode-se, até, atribuir à presidente da República o uso de um escudo maquiavélico, sob o qual se protege contra o bombardeio que, nas últimas semanas, atinge, indistintamente, governantes e atores de todos os naipes.
Há quem tenha visto oportunismo na atitude da mandatária de sugerir ao Congresso a adoção de um plebiscito para consultar o povo sobre reforma política. O fato é que a questão foi posta e a locomotiva reformista começa a se movimentar.
Quanto à polêmica aberta pela divergência sobre os meios para fazê-la – plebiscito ou referendo – a régua do bom senso aconselha medir o tamanho da encomenda e verificar se as formas sugeridas atendem ao espírito do nosso tempo, ao calendário e às disposições constitucionais.
O ajuste fino se faz necessário para evitar a montagem de um corpo franksteiniano, que, ao invés de contribuir para enterrar práticas antiquadas, poderia ensejar a continuidade de mazelas.
A primeira condição que se impõe é vontade política. Sob a batuta de clara disposição, os músicos ajustam seus instrumentos e conseguem levar adiante a partitura, mesmo que, no meio da afinação, possa haver partes fora do tom.
Aliados da base governista e partidos oposicionistas se opõem à sugestão de realização de plebiscito. É evidente que os 70 dias estipulados pelo Tribunal Superior Eleitoral e a agenda congressual inviabilizam o uso desse instrumento.
Mais razoável é defender uma proposta para valer em 2016. Afinal de contas, o assunto está posto na mesa política há duas décadas, merecendo, agora, um projeto bem acabado e condizente com a nova ordem que se firma no país.


Enviado por Ricardo Noblat - 
7.7.2013
 | 17h40m
POLÍTICA

A rua já entendeu o resto, por Dorrit Harazim

Dorrit Harazim, O Globo
Desde sua primeira eleição para a Câmara dos Representantes em 1991, o deputado americano John Boehner sempre usou voos comerciais para ir e voltar de seu distrito eleitoral de Cincinnati, no estado de Ohio.
Três anos atrás, ao assumir o posto de presidente da Câmara, Boehner, um republicano, não mudou o hábito — apesar do uso de aviões militares para os primeiros da linha sucessória presidencial ter sido aprovado depois dos ataques às Torres Gêmeas de 2001.
“Ao longo dos últimos 20 anos tenho voado em rotas comerciais. Agora que ocupo a presidência da Casa, consultei o pessoal da segurança e vimos que posso continuar a fazê-lo, sem problemas. Melhor assim”, comunicou à época. Sua antecessora no cargo, a democrata Nancy Pilosi, havia abusado da regalia e chamara para si forte indignação do eleitorado.

John Boehner, presidente da câmara dos representantes. Foto: AP


Joe Biden é vice-presidente dos Estados Unidos há quatro anos. Costuma cometer gafes verbais aos rodos, mas tem pé no chão e goza de grande simpatia nacional. Desde que o governo Barack Obama foi obrigado, por lei, a adotar um enxugamento brutal nos gastos federais em março último, Biden pensa duas vezes antes de requisitar o Air Force Two que vem junto com o cargo.
Três meses atrás desembarcou em Selma, no Alabama, de um reles avião de carreira. Fora representar o chefe da nação no aniversário da histórica Marcha pelo Direitos Civis liderada por Martin Luther King em 1965.
Por que abrir mão de um mimo tão legal quanto legítimo quando não há, como no Brasil, hordas nas ruas a exigir mais honestidade e vergonha na cara por parte da elite do país? Por mero bom senso político e hombridade pessoal. Ademais, viajar em voos comerciais não causa urticária. Tampouco diminui a estatura da autoridade em missão oficial verdadeira.
Já para autoridades destituídas de estatura, sobretudo de estatura moral, a coisa muda. Quanto mais atrofiada a imagem do servidor público, maior parece ser o seu apego a tudo o que a liturgia do cargo lhe oferece. Até aí nada de novo.
No caso recente de dois representantes do povo no Congresso Nacional brasileiro, onde os eleitos acham normal serem chamados de “Excelência”, o caldo entornou esta semana pelo escracho do timing: a desvergonha demonstrada pelos presidentes da Câmara e do Senado ocorreu enquanto o urro nas ruas por uma faxina geral percorria o país.

Leia a íntegra em A rua já entendeu o resto

Enviado por Mary Zaidan - 
7.7.2013
 | 16h16m
POLÍTICA

Fera ferida, por Mary Zaidan

Desde que a inflação começou a mostrar dentes cada vez mais afiados e o incômodo grito de descontentes tomou as ruas, tornou-se praticamente impossível manter os disfarces que encobriam o autoritarismo e a soberba da presidente Dilma Rousseff.
Se mesmo em tempos de popularidade recorde, de Brasil grande, de massas manobradas, já era difícil aturar a fera, agora aliados e o próprio PT já não escondem o desalento nem a ira. Nessa ordem, ou vice-versa. Até o padrinho Lula sumiu.
Lançada à sua própria sorte e sem vislumbrar qualquer chama tênue capaz de clarear o fim do túnel, Dilma tem se superado na brabeza. Na quinta-feira, ao sentir seu poder de mando ameaçado, sua fúria foi tamanha que ela obrigou o vice Michel Temer e o ministro da Justiça José Eduardo Cardozo a desdizerem o dito óbvio, feito horas antes, sobre a inviabilidade de se realizar às pressas um plebiscito e uma reforma política válida para as eleições de 2014.
A emenda se mostrou pior que o soneto. Assim como o remendo para consertar a equivocada Constituinte exclusiva que a presidente lançara, o pito só fez desafinar ainda mais uma orquestra que ela jamais conseguiu reger; que a engoliu, mas nunca gostou da sua batuta.
Quando fecha os olhos, Dilma deve sonhar com um batalhão de Guidos Mantegas a lhe sussurrar cantigas de roda enquanto o funk pega firme lá fora.

Dilma Rousseff, Presidente do Brasil e Guido Mantega, Ministro da fazenda

Mantega, o ministro da Fazenda do país imaginário, que no seu faz-de-conta insiste em dizer que o Brasil vai crescer 3%, a inflação não escapará da meta e as contas públicas estão equilibradas. Que, mesmo vendo o IPCA bater em 6,7%, comemora, como criança que ganhou um doce, a inflação quase zero dos alimentos. Que anuncia a suspensão parcial da desoneração para a linha branca poucos dias depois de a presidente dar crédito para os beneficiários do Minha casa, minha vida na compra de geladeira, fogão e máquina de lavar. Que não tem pudor em dizer que impostos podem subir.
Como se vê, não é só por teimosia que Dilma quer Mantega. Ele a afaga.
Também não se pode dizer que é teimosia da presidente a insistência no plebiscito. Bem ou mal, o tema lhe é bastante útil – senão o único – para tergiversar, para tentar escapar do centro do furacão.
Seguindo o script da marquetagem, Dilma diz ter ouvido a voz das ruas, que crê na “inteligência do povo brasileiro”; que “não é daqueles que não acredita que o povo é incapaz de entender [o plebiscito] porque as perguntas são complicadas”.
Se algum faro tivesse, saberia que as ruas continuam lhe dizendo o inverso. Complicadas, Dilma, não são as perguntas, mas as respostas que o governo insiste em dar.

Mary Zaidan é jornalista. Trabalhou nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, em Brasília. Foi assessora de imprensa do governador Mario Covas em duas campanhas e ao longo de todo o seu período no Palácio dos Bandeirantes. Há cinco anos coordena o atendimento da área pública da agência 'Lu Fernandes Comunicação e Imprensa'. Escreve aqui aos domingos. @maryzaidan

Enviado por Ricardo Noblat - 
7.7.2013
 | 15h30m
POLÍTICA

Os interesses dos partidos que travam a reforma política

Laryssa Borges, VEJA
O plebiscito oportunista proposto pelo governo para realizar a reforma política neste ano dificilmente sobreviverá. O que pouco se discute, porém, em relação a essa tentativa rasteira do PT e do Palácio do Planalto, é que projetos para mudar o modelo eleitoral brasileiro estão parados no Congresso há anos.
A dificuldade em fazer o tema avançar no Legislativo vai além da inoperância dos articuladores políticos de Dilma Rousseff: os principais partidos do país têm posições (e interesses) distintos na reforma política.
Não é exagero afirmar que cada partido tem sua própria versão da reforma política ideal. O PT, por exemplo, que detém a maior bancada de deputados federais do país, insiste na ideia bolivariana de convocar uma Constituinte exclusiva para tratar do assunto e tentar mudar as regras eleitorais já em 2014 – ainda que isso atropele princípios constitucionais. Nesse caso, a manobra visa aprovar antigos sonhos da sigla, como o financiamento público de campanha e a institucionalização do voto de cabresto (voto em lista fechada).
“Nunca houve um debate no Brasil sobre os pontos da reforma política. Agora vai ser no convencimento. A população há de ser convencida da tese de cada partido, mas essa mesma população, a rigor, não domina com profundidade cada um dos temas da reforma política”, admite o líder do PT no Senado, Wellington Dias (PT-PI). “O PT não quer ficar isolado e já estamos debatendo nossas ideias com outros partidos”, completa.


Enviado por Ricardo Noblat - 
7.7.2013
 | 15h05m
CAPÍTULO 27 E 28

Diário dos Passos: Tudo pronto e Sol, por Vanja Campos

"Pronto, providenciei tudo: mesa, cadeira, e computador de última geração. Agora, você não tem do que reclamar. Detesto quando Léo se intromete nos meus obstáculos. E as muriçocas, droga?"
"Sol, que venha a claridade, a máxima suportável aos olhos. Vou me estender no varal e me fazer quarar".

Vanja Campos nasceu no Recife. Formada em Sociologia com pós-graduação em História, é pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco.

Enviado por Luis Fernando Veríssimo - 
7.7.2013
 | 14h03m
GERAL

Outra carta da Dorinha, por Luis Fernando Veríssimo

Recebo outra carta da ravissante Dora Avante. Dorinha, como se sabe, participou de todos os movimentos cívicos da nação, mas nega que tenha estado presente na Proclamação da República.
Ela marchou com a família contra a ameaça anarco-sindicalista em 64 e deu ouro para o bem do Brasil, depois se desiludiu com o regime militar, pediu seus anéis de volta, mas teve que se contentar com um vale.
No grande comício pelas diretas já, Dorinha estava no palanque, mais especificamente embaixo do palanque dando uma aula de democracia participativa a um jovem ativista.
Ela apoiou a eleição do Collor, mas foi dela a iniciativa das caras-pintadas contra o Collor, embora sua ideia original fosse pintar todo o corpo nu, não só a cara.
Não surpreende, portanto, que ela e seu grupo de pressão, as Socialaites Socialistas, que querem implantar no Brasil o socialismo no seu estágio mais avançado, que é o seu fim, tenham aderido às manifestações de rua dos últimos dias.


O único problema é que... Mas deixemos que a própria Dorinha nos conte. Sua carta veio escrita com tinta lilás em papel turquesa, cheirando a “Mange moi”, um perfume proibido em vários países.
“Caríssimo!
Beijos disseminados, você escolhe onde. As Socialaites Socialistas estão mobilizadas! Vamos para a rua, participar dos protestos contra o preço dos ônibus, a corrupção, os políticos, os gastos com a Copa e o resto depois a gente vê, como todo mundo.
Antes de descer para a rua, no entanto, fizemos uma reunião preparatória do grupo no meu apartamento para responder a algumas dúvidas (a Suzana “Su” Ruru, por exemplo, queria saber o que é ônibus). E logo descobrimos que algumas de nós teriam problemas de consciência. Era o meu caso.
Meu atual marido, cujo nome me escapa no momento, é um corrupto conhecido. Eu iria desfilar contra o meu próprio marido? Contra a minha própria mesada, minha própria qualidade de vida? Contra o meu dinheiro para liftingbotox e compras em New York?
Problema mais grave seria o da Tatiana “Tati” Bitati, cujo marido acumula: é corrupto E político. Ela não desfilaria com naturalidade. Finalmente resolvemos: vamos todas desfilar com máscaras — e com a consciência tranquila. De qualquer maneira, não poderíamos perder esse programa!
Da sua agitadíssima Dorinha.”

Enviado por Ricardo Noblat - 
7.7.2013
 | 12h03m
POLÍTICA

Ordem dos fatores, por Míriam Leitão

Míriam Leitão, O Globo
A resposta da presidente Dilma às manifestações parece ter sido anunciada primeiro e pensada depois. A propósito, ainda estão pensando e dispensando ideias.
Já foi dispensada, no sentido de abandonada, a ideia da Constituinte exclusiva e, agora, a proposta de um plebiscito está pendurada no abismo do disse não disse do governo. Sobre os R$ 50 bilhões, nada se sabe.
Uma das propostas anunciadas pela presidente foi um aumento de investimento no valor de R$ 50 bilhões. Perguntei ao ministro da Fazenda sobre esse dinheiro, de onde ele sairia e em que seria investido. Ele disse que em mobilidade urbana, mas explicou que são projetos de metrô ou outros meios de transportes que serão feitos no futuro. “Projetos que serão trabalhados para que eles possam acontecer.”

Guido Mantega, Ministro da Fazenda

As ideias ou estão vagas ou foram deixadas de lado. Isso mostra o governo confuso, sem capacidade de reação ao que achava que nunca aconteceria. Ele construiu um mundo de fantasia para a propaganda política e, vê-se agora, acreditou nele.
O mínimo que se esperava é que, diante do inesperado e da gravidade da situação, a presidente fizesse consultas. Se não pode, por já ter antecipado o calendário eleitoral, consultar a oposição, que ouvisse integrantes dos outros poderes sobre a viabilidade das ideias antes de lançá-las como resposta oficial.
A época de manifestações de rua também tem dois tempos. O primeiro foi espontâneo, sem líderes realmente influentes, antipartidário. Foi um desabafo, uma reclamação generalizada contra a ineficiência administrativa de governantes de níveis diferentes e de vários partidos. Claro que o peso maior da reclamação cai sobre quem tem mais poder, a presidente, mas era um aviso aos políticos de que há muita insatisfação.
A segunda etapa das manifestações pode ser de quem pegou carona na onda. De um lado, o movimento dos caminhoneiros com indícios de lockouts (greve de patrões), com prejuízo visíveis para toda a população, e agora está se preparando para entrar em cena o movimento sindical tradicional.
Esse o governo conhece bem, não o teme porque, de uma forma ou de outra, o controla. Ou porque são sindicatos e centrais amigas ou porque são de uma forma ou de outra dependentes de dinheiro público.
Sua pauta é conhecida e estava na gaveta à espera de uma boa oportunidade. Por isso, o presidente do PT, Rui Falcão, já se animou a chamar a militância para participar da manifestação proposta pelos sindicatos.
Os dois movimentos têm natureza bem diferente. Um defende interesses difusos e, se atendidos, melhoram a vida de todos, ainda que haja bandeiras equivocadas ou dispersas. O outro sabe o que quer: é partidário e quer garantias para quem já está incluído no sistema de benefícios do governo.

Leia a íntegra em Ordem dos fatores

Enviado por Ricardo Noblat - 
7.7.2013
 | 11h45m
GERAL

Nova enquete: A reforma política

Responda do lado direito desta página.
Resultado da enquete anterior: "As atuais manifestações de rua devem continuar?
* Devem - 84.19%
* Não - 13.76%
* Não sei - 2.05% 

Enviado por Ricardo Noblat - 
7.7.2013
 | 11h02m
POLÍTICA

À queima-roupa, por Ilimar Franco

Ilimar Franco, O Globo
Em reunião no Planalto, para debater o plebiscito, um dos líderes aliados afirmou que os temas eram complexos demais para respostas binárias. A presidente Dilma fez cara feia.
O deputado, então, pediu para chamar um garçom do gabinete e perguntou: “O senhor sabe o que é voto distrital misto?”
O garçom pensou e devolveu: “Desculpa, não tenho a menor ideia do que é isso”.

Enviado por Ricardo Noblat - 
7.7.2013
 | 9h18m
POLÍTICA

Marina, a equilibrista, por Merval Pereira

Merval Pereira, O Globo
A ex-senadora Marina Silva, que vem despontando como a grande beneficiada das manifestações “contra tudo o que está aí”, principalmente os políticos, tem nas ruas dois dos três segmentos detectados por seus analistas como sendo a base de sua votação de cerca de 20% dos votos em 2010: a classe média “iluminista” e a garotada das redes sociais.
São esses que a colocam em segundo lugar na disputa presidencial em todas as pesquisas feitas durante as manifestações, mesmo sendo Marina formalmente uma política tradicional: fundadora do PT, foi senadora por 16 anos (dois mandatos) e ministra do Meio Ambiente durante praticamente todos os oito anos do governo Lula.
Mesmo assim, consegue manter uma postura que a afasta da imagem do político tradicional, além de se identificar com um terceiro grupo eleitoral, os evangélicos, de fundamental importância para sua votação, como vimos domingo passado na pesquisa sobre religiões realizada pela equipe do professor Cesar Romero Jacob, da PUC do Rio.

Marina Silva, ex-senadora

Segundo o deputado federal Alfredo Sirkis, do PV, o voto evangélico de Marina não era nada óbvio em 2010: nas pesquisas, aparecia relativamente modesto até agosto. Sua performance entre eles era bastante pior que entre os católicos, os espíritas e os “sem religião”.
Em setembro cresceu um pouco, mas ficou ainda longe dos escores reais que ela teria em áreas pesadamente evangélicas, como a Baixada Fluminense, por exemplo.
“Na época, desenvolvi uma tese sobre o voto oculto evangélico, que carece ainda de comprovação cientifica, embora seja empiricamente bastante plausível”, diz Sirkis.
A grande maioria dos pastores optara pelas candidaturas de Dilma e Serra, relativamente poucos apoiavam Marina.
“Ela conseguiu o feito extraordinário de estabelecer uma interlocução direta com a base evangélica por cima dos pastores — o que lhe traz uma grande hostilidade dos ditos cujos, sobretudo dos mais reacionários”, avalia o deputado federal.
Essa hostilidade se refletia nas pesquisas, pois “boa parte dos evangélicos, sobretudo mulheres, por recato ou temor de contrariar o pastor de sua igreja, ao ser pesquisada pelos institutos, não revelava a preferência por Marina”. Essa teria sido uma das razões, acredita Sirkis, de o seu resultado final ter surpreendido, ficando “uns 4% acima da nossa melhor pesquisa”.

Leia a íntegra em Marina, a equilibrista

G1

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