20/09/2013

A magia de Escher no Palácio das Artes

1,2 milhões ao redor do mundo já viram exposição do grande mestre da ilusão de ótica.


Xilogravura 'Dia e noite' (1938), de Escher: brincadeira com os sentidos. (Foto: Divulgação)
Por Rafael Araújo

Quando foi apresentada no Rio de Janeiro, Brasília e São Paulo, “A Magia de Escher” foi declarada a exposição mais visitada no mundo em 2011 pelo The Art Newspaper, com mais de 1,2 milhão de visitantes.

A mostra permite que o público passe por uma série de experiências que desvendam os efeitos óticos e de espelhamento que Escher utilizava em seus trabalhos. Experiências como olhar por uma janela de uma casa e ver tudo em ordem e, em seguida, ver tudo flutuando por outra janela ou ainda assistir um filme em 3D, que possibilitará um divertido passeio por dentro das obras do artista gráfico. As experiências foram desenvolvidas em colaboração com Marcos Muzi do Fator Z. A expografia ainda apresentará animações de algumas de suas gravuras.

Reunir tantos trabalhos do artista não foi fácil e, provavelmente, essa será a única oportunidade de apreciar tantas obras reunidas fora do museu. “As obras do Escher são raras e muito procuradas para exposições. Só existem três coleções no mundo. Em virtude da fragilidade das gravuras, após essa exposição, a Escher Foundation não poderá exibi-las por quatro anos para ajudar na conservação”, afirma o curador da mostra Pieter Tjabbes, da empresa Art Unlimited.

Uma obra transformadora

Escher ficou mundialmente famoso por representar construções impossíveis, preenchimento regular do plano, explorações do infinito e as metamorfoses – padrões geométricos entrecruzados que se transformam gradualmente para formas completamente diferentes. Uma das principais contribuições da obra deste artista está em sua capacidade de gerar imagens com impressionantes efeitos de ilusões de óptica, com notável qualidade técnica e estética, tudo isto, respeitando as regras geométricas do desenho e da perspectiva.

Foi depois de uma incursão à Espanha, onde teve contato com mosaicos mouros, que o estimulou a desenvolver trabalhos se utilizando do preenchimento regular do plano. Escher achou muito interessante as formas como cada figura se entrelaçava a outra e se repetia, formando belos padrões geométricos. A partir de uma malha de polígonos, regulares ou não, Escher fazia mudanças, mas sem alterar a área do polígono original. Assim surgiam figuras de homens, peixes, aves, lagartos, todos envolvidos de tal forma que nenhum poderia mais se mexer. Tudo representado num plano bidimensional.

Destacam-se também os trabalhos do artista que exploram o espaço. Escher brincava com o fato de ter que representar o espaço, que é tridimensional, num plano bidimensional, como a folha de papel. Com isto ele criava figuras impossíveis, representações distorcidas, paradoxos.

“Escher utilizava princípios da matemática sem ser rígido na sua aplicação. Ele seria mais um matemático amador, que aplicava certos efeitos quase intuitivamente. Obras que mostram situações que parecem normais, mas com uma observação mais atenta comprovam ser impossíveis, são baseadas em modelos matemáticos, como a cinta de Möbius ou o triangulo de Penrose”, explica o curador. Belvedere (1958), Subir e descer (1960) e Cascata  (1961) são exemplos dessa aplicação.

Interação com o público

Tudo na exposição foi pensado para que o público, de uma forma lúdica, atente para as dimensões visuais criadas por Escher. Um quebra-cabeça gigante, por exemplo, mostrará como ele se utilizava de imagens geométricas ou figurativas, unindo-as umas as outras, para criar gravuras que remetem ao infinito, comum em obras como em Menor e Menor (1956), o clássico Dia e Noite (1938) e Metamorphosis II (1940) onde ele mostra como por meio de pequenas mudanças numa sequência é possível transformar uma imagem em outra.

Assim como Escher adorava brincar com a percepção imediata das pessoas, apresentando um mundo dos sonhos, onde não existem direções certas, em cima ou embaixo (Outro Mundo, 1947 e Relatividade, 1953), a mostra também recriará essa sensação se utilizando de alguns efeitos, como o de uma imagem plotada no chão que se completa no espelho curvado, numa divertida mistura das três dimensões. “Adoramos o caos porque sentimos amor em produzir ordem”, dizia o artista.

“Escher sempre fez questão de ressaltar que se considerava um artista gráfico. O questionamento de alguns críticos sobre sua obra ser ou não arte, para ele, era irrelevante. Ele era um gravador e desenhista com muito talento e muitos artistas já se inspiraram em obras ou temas de Escher”, ressalta o curador.

SERVIÇO

Exposição:  “A magia de Escher” 
Datas: 20 de setembro a 17 de novembro de 2013
Terça a sábado, de 9h30min às 21h
Domingo e feriados, 16h às 21h
Local: Palácio das Artes - Galerias Alberto da Veiga Guignard, Arlinda Corrêa Lima e Genesco Murta
Endereço: Avenida Afonso Pena, 1537, Centro, Belo Horizonte
Informações: (31) 3236-7363
Entrada Franca
Classificação etária: Livre

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