Dia Internacional da Paz, uma data para se pensar e agir pela paz todos os dias

O mundo celebra o Dia Internacional da Paz, em 21 de setembro. A data foi declarada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 30 de novembro de 1981. Este ano, o tema para o dia é “Educação para a Paz”. Na última quarta-feira, quando o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, dirigiu a tradicional cerimônia do Sino da Paz, em Nova York, abrindo as celebrações da data, ele conclamou as nações a dedicarem investimentos para a educação “para incentivar as crianças a praticar a cidadania global baseada em valores de tolerância e diversidade”.

Com 57 milhões de crianças no mundo ainda sem acesso à educação, o Secretário Geral da ONU lembrou das palavras da estudante paquistanesa Malala Yousafzai, vítima de atentado ano passado por fazer campanha pela educação das mulheres em seu país: “um professor, um livro e uma caneta podem mudar o mundo”. Sim, é possível, com a educação voltada para a Cultura de Paz.

Num mundo com tantos conflitos, foi a partir da ONU que surgiu o conceito de Cultura de Paz quando em 1989, no  Congresso Internacional para a Paz na Mente dos Homens,  na Costa do Marfim, o termo serviu para nomear “um conjunto de valores, atitudes, tradições, comportamentos e estilos de vida que rejeita a violência e previne conflitos”. A ideia se espalhou pelo mundo e, em 1997, a ONU declarou 2000 o Ano Internacional da Cultura de Paz, sob a coordenação geral da Organização das Nações Unidas para a Ciência e a Cultura (Unesco). Em seguida, declarou o período 2001-2010 como a Década Internacional da Cultura de Paz e Não Violência para as Crianças do Mundo.

Geração da Paz

No Ceará, iniciativas em favor da Cultura de Paz se expandem, integrando instituições públicas, privadas e do terceiro setor. Um exemplo na área governamental vem da Secretaria da Educação do Estado (Seduc), com o Programa Geração da Paz que, no próximo dia 22 de setembro, completa três anos de atividades. Coordenado pelo Prof. Flávio Mesquita, o movimento é organizado, no âmbito da Seduc, para construção de redes de cultura de paz na rede pública escolar do Estado.

Como a reforçar essas ações, em fevereiro do ano passado, foi assinado termo de cooperação técnica com a Unesco, que está em operação efetiva desde o final de junho do ano passado. De acordo com a coordenação do Geração da Paz, “mesmo antes, escolas de toda a rede de ensino estadual já tinham iniciativas dentro desta temática, de forma esporádica ou sistemática. Outras passaram a realizar atividades a partir da criação do Geração da Paz.”

Um dos projetos do Geração é o “Por uma cultura de Paz: mediação de conflitos e práticas restaurativas nas escolas”, feito em parceria entre Terre des hommes Lausanne no Brasil, Ministério Público do Estado do Ceará e Seduc, com o objetivo de buscar “a resolução de conflitos com respeito às diferenças, a valorização do diálogo, através de Práticas Restaurativas como fator contributivo na prevenção à violência e luta pelo empoderamento juvenil.”  

Para celebrar o aniversário do Programa Geração da Paz, na próxima segunda-feira (23), às 8h30, no pátio da SEDUC, no Cambeba, em Fortaleza, acontecerá uma festa. Após as boas-vindas pelo Coordenador do Projeto, Prof. Flavio Mesquita, haverá palestra com representante da Escola de Ensino Fundamental e Médio Luiz Gonzaga Mota, sobre as atividades desenvolvidas na escola com esse Programa. Às 9h30min, a Escola Jesus Maria José apresentará a Banda Fanfarra, seguida de Teatro de Fantoche com a Turma do Rondinha, informes e participação dos convidados, encerrando com um lanche.

As celebrações estão sendo incentivadas para outras escolas pela Seduc. O recado para os dirigentes, professores e alunos é: “Façamos pôsteres, camisetas, passeatas, passeios, meditação, atividades culturais, artísticas, cívicas e esportivas, encontro com as famílias, feiras, visitas comunitárias, inclusive a hospitais, creches, asilos, etc., manifestações de carinho, reflexões e práticas de virtudes e tantas outras possíveis iniciativas”

Universidade da Paz

A partir do sonho de pessoas como Pierre Weil (1924-2008), psicólogo, professor escritor; Monique-Thoenig, psicóloga transpessoal francesa; e Jean-Yves Leloup, psicólogo, filósofo e teólogo, foi criada a Universidade Holística da Paz, que passou a se denominar Universidade Internacional da Paz (Unipaz). A instituição, que tem unidades pelo mundo e no Brasil, incluindo o Ceará, teve e tem importante papel na disseminação da cultura de paz e de não violência, a partir de uma educação integral, transdisciplinar e holística. Faz parte de seus princípios a vivência da paz individual, social e planetária.

Concordando com o princípio da Unesco, de que a guerra nasce no interior do ser humano, os integrantes da Unipaz entendem que é neste interior que necessário construir os baluartes da paz. A reconexão com a própria respiração é um primeiro passo. “A paz está dentro de cada um de nós, sentimos quando respiramos e nos conectamos com a essência da vida, o sopro. Através da respiração nos alinhamos com a divindade que há em nós e encontramos respostas, caminhos, saídas para tudo que nos tira do alinhamento”, diz a professora e ambientalista Fátima Limaverde, Coordenadora da Unipaz-CE.

Ela ressalta que “a competitividade e o desafio para o acúmulo de riquezas materiais levou o ser humano a se afastar do essencial à vida, da espiritualidade, do respeito a nossa Mãe Terra e do verdadeiro sentido da existência”. Para agravar, diz ela: “faltam nas escolas e universidades a disciplina do SER, que trabalhe a essência humana, a grandeza de estar aqui nesse planeta, o agradecimento por tudo que nos mantém vivos e de como precisamos perceber, que nossa passagem por esta vida acaba sendo árdua, por não vivenciarmos valores que realmente são fundamentais para nossa felicidade.” E acrescenta: “A Unipaz veio para acender em nós esses princípios e a percepção que nos remete ao verdadeiro sentido da vida.”

Como educadora, Fátima Limaverde sabe a importância de semear a cultura de paz a partir das crianças. Além da Unipaz-CE, ela coordena a Escola  Vila, onde os princípios de viver a paz individual, social e planetária são vividos pelos pequenos alunos. “Trabalhamos desde cedo com nossas crianças, a exemplo da Escola Vila, com o relaxamento, a respiração, os conflitos deixam de existir com o simples comando ‘respirem’. Desta forma a harmonia retorna e os conflitos passam a ser experiências de desenvolvimento humano.”

União

Para chegar à cultura de paz em nível global é fundamental a busca da paz em nível pessoal que reflete no social. “Praticar yoga é um caminho para se alcançar a paz interior. Aquietar a mente e o coração ajuda a termos relações de mais abertura ao respeito e ao diálogo”, ensina a professora de yoga e psicóloga Ana Cláudia Dutra. Seja no SESC Fortaleza ou na Casa da Felicidade, que mantém com o marido, Nello Baia Jr, também professor de yoga e meditação, Cláudia diz que “ser um facilitador desta vivência para outros é uma grande benção.”

A ação pessoal tem ressonância grupal. “Quando praticamos juntos criamos um campo de energia e de cultivação da paz, sendo fortalecidos pela energia do grupo. De fato, ajudar a despertar a nossa verdadeira natureza, é o objetivo maior do yoga. Independente de como seja nossa personalidade, essencialmente somos Amor. Perceber isto num mundo de tanta violência parece uma utopia, mas o trabalho amoroso de exercício de auto cuidado sincero de nosso corpo-alma nos deixa mais sensíveis e capazes de conviver com as diferenças e desafios dessa época de profundas mudanças”, declara.

Comunicação para a paz

Com a missão de estimular a Cultura de Paz através da comunicação para fortalecer, na notícia, o compromisso com a valorização da vida, um grupo de amigos criou a ONG Agência da Boa Notícia. O que os levou a pensar nisso, foi a preocupação com o excesso de violência disseminado pela mídia. Que fatos precisem ser denunciados para que a justiça seja feita é compreensível e necessário na visão dos que integram a ABN. Mas é preciso que também seja destacado e amplificado o que de bom há na sociedade.  

A ABN começou a funcionar em sede própria, na Avenida Desembargador Moreira, 2120, Sala 1307, em setembro de 2007. O Prêmio Gandhi de Comunicação, lançado em junho de 2007, foi o primeiro produto da ABN, idealizado com o objetivo de incentivar jornalistas e comunicadores a produzir boas notícias sobre Cultura de Paz.

O grupo idealizador da ABN pensou também na realização de um grande evento anual para debater temas de interesse da sociedade. Assim, foram promovidos: Workshop Comunicação e Espiritualidade (junho/2006), quando surgiu a idéia de criar formalmente a ABN, o Workshop Comunicação e Boas Notícias (junho/2007), que marcou o lançamento oficial da Agência; o Workshop Comunicação da Violência ou Violência da Comunicação? (junho/2008), quando houve a primeira edição do Prêmio Gandhi de Comunicação; e os seguintes: Workshop Comunicação e a Arte de Fazer o Bem (maio/2009), Workshop Comunicação e a Notícia da Vida (maio/2010), Fórum Comunicação e Paz na Natureza (2011), e Fórum Comunicação e Felicidade (2012). O deste ano será Comunicação e Juventude. Tão logo a programação esteja fechada, divulgaremos.

O site www.boanoticia.org.br é uma fonte e um multiplicador de boas notícias, com sugestões de pauta, dicas de filmes e livros, artigos sobre paz e links para entidades que, direta ou indiretamente, desenvolvem atividades que resultam em bem-estar social. Das atividades da Agência também fazem parte seminários, oficinas e cursos sobre Cultura de Paz para profissionais e estudantes de Comunicação e áreas afins. A realização de pesquisas integra também os objetivos da Agência.

Nas vésperas do Dia Internacional da PAZ, é importante lembrar o que falou o ex-secretário Geral da ONU, Kofi Annan, sobre a data: “a finalidade não é apenas que as pessoas pensem na paz, mas sim que façam também algo a favor da paz.”

Fonte: Agência da Boa Notícia / Com informações da ONU Brasil