17/09/2013

'Rezemos pelos políticos para que nos governem bem', diz o papa

Em missa, Francisco chama os fiéis a se interessarem pela vida política: 'Cada um de nós deve fazer algo'.

'O rei David, quando compreendeu o seu pecado, fez de tudo para evitar a punição ao seu povo'

Um bom cristão participa ativamente na vida política e reza para que os políticos amem o próprio povo e o sirvam com humildade. Foi a reflexão proposta pelo papa Francisco na manhã de segunda-feira (16), durante a missa celebrada na capela de Santa Marta.

Comentando o trecho do evangelho de Lucas (7, 1-10) no qual é narrada a cura, por obra de Jesus, do servo do centurião em Cafarnaum, o pontífice realçou "duas atitudes do governante". "Antes de tudo, deve amar o seu povo. Os anciãos judeus dizem a Jesus: ele merece o que pede porque ama o nosso povo. Um governante que não ama não pode governar. No máximo, pode pôr um pouco de ordem mas não pode governar", afirmou o pontífice. E, para explicar o significado do amor que o governante deve ao seu povo o, Santo Padre recordou o exemplo de David, que desobedeceu às regras do recenseamento sancionadas pela lei mosaica para frisar a pertença da vida de todos os homens ao Senhor (cf. Êxodo 30, 11-12). Contudo David, quando compreendeu o seu pecado, fez de tudo para evitar a punição ao seu povo. E isto porque, embora pecador, amava o seu povo.

Para o papa Francisco, o governante deve ser também humilde como o centurião do Evangelho, que teria podido orgulhar-se do seu poder, se Jesus  lhe  tivesse pedido para ir ter com ele, mas "era um homem humilde e disse ao Senhor: não te preocupes, não sou digno que entreis em minha casa. E com humildade: diz uma palavra e o meu servo será curado. Estas são as duas virtudes de um governante, tal como nos faz pensar a palavra de Deus: amor ao povo e humildade».

Portanto, "cada homem e  mulher que assume a responsabilidade de governo deve formular estas duas perguntas: amo o meu povo para o servir melhor? E sou humilde para ouvir as opiniões dos outros a fim de escolher a estrada melhor?". Se eles – realçou o pontífice – «não  se fizerem  estas perguntas, o seu governo não será bom».

Contudo, também os governados devem fazer a suas escolhas. Portanto o que é preciso fazer? Depois de ter notado que «como povo temos muitos governantes», o papa recordou uma frase de são Paulo tirada da primeira carta a Timóteo (2, 1-8): «Recomendo-te, pois, antes de tudo, que se façam súplicas, orações, petições e ações de graças por todos os homens: pelos soberanos e por todas as autoridades para que tenhamos vida tranquila e sossegada, com toda a piedade e honestidade».

Isto significa – frisou o papa Francisco – que "nenhum de nós  pode dizer: mas o que tenho a ver com isso, são eles que governam. Não, eu sou responsável pelo seu governo e devo fazer o meu melhor, para que eles governem bem, participando na política como puder. A política, diz a doutrina social da Igreja, é uma das mais elevadas formas da caridade, porque é servir o bem comum. E não posso lavar as mãos: cada um de nós deve fazer algo. Mas já temos o hábito de pensar que dos governantes  só falarmos mal, deles e do que não está bem".

A propósito, o Santo Padre notou que a televisão e os jornais só mostram críticas negativas dos políticos: dificilmente se encontram observações como "este governante deste modo  comporta-se bem; este governante tem esta virtude. Errou nisto, nisto e nisto, mas nisto acertou". Ao contrário, dos políticos fala-se "sempre mal e é-se contra eles. Talvez o governante seja um pecador, como o foi David. Mas devo colaborar, com a minha opinião, com a minha palavra e também com a minha correção: não concordo com isto. Devemos participar no bem comum. Às vezes, ouvimos dizer: um bom católico não se interessa de política. Mas não é verdade: um bom católico participa na política oferecendo o melhor de si para que o governante possa governar".

"Então, o que  podemos oferecer de bom aos governantes? É a oração", respondeu o pontífice, explicando: "Foi o que disse Paulo: oração pelos soberanos e por todas as autoridades". Mas, pode-se dizer: "aquele é uma má pessoa, deve ir para o inferno. Não. Reza por ele, reza por ela, para que possa governar bem, para que ame o seu povo, para que seja humilde. Um cristão que não reza pelos governantes não é um bom cristão. É necessário rezar. E isto – frisou   –  não o digo eu, São Paulo que o diz. Os governantes sejam humildes e amem o seu povo. Esta é a condição. Nós, os governados, ofereçamos o melhor. Sobretudo a oração".

"Rezemos pelos governantes – concluiu o papa Francisco  –  para que nos  governem bem. Para que levem a nossa pátria, a nossa nação para a frente, e também o mundo; e que haja paz e bem comum. Esta palavra de Deus nos ajude a participar melhor na vida comum de um povo: quantos governam, com o serviço da humildade e com o amor; os governados, com a participação, e sobretudo com a oração".
L'Osservatore Romano, 17-09-2013.

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