20/09/2013

Usuários desinformados sobre greve nos bancos sentem-se prejudicados

Conforme o Sindicato dos Bancários do Ceará, das 507 agências do Estado, 166 paralisaram as atividades ontem
O primeiro dia de paralisação dos bancários em Fortaleza foi marcado pela desinformação dos usuários das instituições financeiras. Embora o movimento seja nacional e a categoria tenha decretado estado de greve no último dia 12, alertando a sociedade sobre a suspensão das atividades, diversas pessoas foram às agências, na manhã de ontem, para realizar procedimentos que só são possíveis por intermédio de funcionários.

O aposentado Moacir Pereira mora em Pacajus e foi ao Centro de Fortaleza para negociar um empréstimo no Santander, mas foi surpreendido pela paralisação / Em algumas agências bancárias da Capital os usuários só tiveram acesso aos serviços realizados por meio dos caixas eletrônicos. Em outras unidades, contudo, nem mesmo o autoatendimento funcionou fotos: Natinho Rodrigues

De acordo com o Sindicato dos Bancários do Ceará (Seeb-CE), das 507 agências do Estado, 166 paralisaram as atividades nesta quinta-feira, incluindo agências do interior e da Capital cearense. Em todo o Brasil, os bancários fecharam pelo menos 6.145 agências e centros administrativos de bancos públicos e privados no primeiro dia de greve, 1.013 unidades paralisadas a mais que no primeiro dia da paralisação do ano passado (5.132).

A ação causou transtornos a consumidores de todo o País. No Ceará, a aposentado Francisco Moacir Pereira, por exemplo, mora no município de Pacajus, a 50 Km de Fortaleza, e foi ao Centro da Capital para negociar um empréstimo junto ao banco Santander da Rua Floriano Peixoto. Para chegar à agência, levou cerca de uma hora e meia, percurso feito de ônibus.

"Além de tempo, também gastei dinheiro. Cada passagem é R$ 6, ou seja, vou gastar R$ 24, pois vim acompanhado da minha esposa. Não sabia da paralisação e, como lá em Pacajus não tem Santander, sempre preciso resolver as coisas em Fortaleza. Lá, só consigo mesmo fazer saques e depósitos nos caixas 24 horas, mas, às vezes, não têm nem dinheiro ou ficam sem funcionar", lamenta.

No mesmo banco, quem também deu "viagem perdida" foi a atendente de telemarketing Aldeneide Xavier, que mora no bairro José Walter, em Fortaleza. Ela foi assaltada há duas semanas e conta que, depois de realizar um boletim de ocorrência, cancelou o cartão e solicitou um novo ao Santander. "Só me disseram que o cartão ficaria pronto em cinco dia úteis, mas não falaram sobre a greve, por isso eu vim. Só sabia da paralisação dos Correios", afirma.

Movimentação

Na agência do Bradesco da Floriano Peixoto, a movimentação foi intensa durante a manhã. Porém, poucos usuários foram pegos de surpresa pela paralisação dos bancários. A maioria realizou saques, como a farmacêutica Silvana Lima. "Hoje em dia, uma greve bancária não nos atrapalha tanto, pois muitos procedimentos podem ser feitos no caixa eletrônico ou pela Internet", destaca, lembrando que "toda categoria tem direito de lutar por seus direitos".

Diferentemente do Bradesco, na agência da Caixa Econômica Federal do cruzamento das ruas Floriano Peixoto e Guilherme Rocha, diversos clientes não conseguiram nem mesmo utilizar as máquinas. Isso porque a instituição financeira, por funcionar num prédio histórico do Centro, não tem divisórias para separar a área dos caixas eletrônicos dos demais setores.

Os usuários que chegavam ao local não podiam entrar e eram encaminhados por funcionários do banco às agências mais próximas, na Rua Senador Pompeu e na Avenida Duque de Caxias. "Não sabia que estava tudo fechado, vim pegar meu FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). Agora, o jeito é voltar para casa", diz o comerciante Francisco José Pereira, morador do Barroso II.

Impacto

Para o diretor do Sindicato dos Bancários do Ceará, José Costa, que acompanhou a movimentação nas agências do Centro no primeiro dia de greve, os empresários precisam sentir o impacto do movimento para retomarem as negociações.

A principal reivindicação da categoria é um reajuste de 11,93%. A Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), no entanto, oferece 6,1%.

A próxima assembleia para avaliação do movimento paredista da categoria acontece na segunda-feira (23), a partir das 17 horas, na sede Seeb-CE, na Rua 24 de Maio.

RAONE SARAIVA
REPÓRTER


ENQUETE

Emissão de novos cartões terá de esperar

"Vim pegar meu Cartão Cidadão e sacar o dinheiro do PIS (Programa de Integração Social). Ia aproveitar para fazer compras no Centro, mas fui surpreendida pela greve"
Nathália Araújo
Vendedora

"Queria solicitar um novo cartão, pois o meu está vencido. Infelizmente, não sabia da greve. Mas, dá para esperar. Os funcionários têm direito de lutar por melhorias"
Marlene Honório
Dona de casa


Inadimplência não pode ser justificada

Mesmo com as dificuldades para efetuar pagamentos, a greve não isenta o cliente de quitar seus compromissos. Conforme o coordenador geral do Procon Fortaleza, George Valentim, os bancos devem dispor de serviços essenciais para os clientes manterem as negociações urgentes com as instituições financeiras. "O cliente deve procurar a ouvidora da agência que mantém uma reserva mínima de funcionários para atender casos de urgência".

Para o pagamento das contas, os usuários podem recorrer às agências lotéricas Foto: Fabiane de Paula

No caso de um cliente encontrar dificuldades para realizar um pagamento, o órgão recomenda o comparecimento à sede da empresa fornecedora do boleto. Segundo o Procon, o consumidor deve documentar o pedido feito às empresas, através de e-mail ou anotando o número de protocolo de atendimento telefônico. "Esse comprovante pode evitar que ele tenha de arcar com multas e outros encargos por atraso no pagamento, caso a empresa não atenda o seu pedido. Se pagar os encargos indevidamente, a recomendação é que ele procure o Procon", comenta.

Ele ressalta que, caso a empresa atenda o cliente e, mesmo assim, a fatura não seja quitada em dia, ele poderá ter de pagar multa e juros.

Lotéricas

Apesar da greve, as agências lotéricas da Capital ainda não sofreram com o aumento no fluxo de clientes durante o primeiro dia de paralisação.

Em Iguatu

Na cidade de Iguatu, na região Centro-Sul do Estado, as agências do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco do Nordeste e do Bradesco aderiram à greve nacional da categoria. A agência dos Correios está também em greve. Por todo o dia de ontem (19) não houve atendimento ao público. Os grevistas acompanham a reivindicação nacional da categoria. O movimento é por tempo indeterminado. Empresários e clientes reclamaram contra a paralisação. "Sou contra a greve porque prejudica o comércio", disse o lojista, Gilson Alves.

´Na mesa de negociação´

O presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Murilo Portugal, disse que a Federação ainda está negociando as reivindicações trabalhistas com o Sindicato o dos bancários. "Nunca saímos da mesa de negociações. Vamos continuar o processo de negociações", afirmou.




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