10/10/2013

Dormir mais aos finais de semana não compensa o sono perdido nos outros dias

Segundo pesquisa americana, o hábito pode, por exemplo, diminuir a sensação de sonolência, mas não é capaz de reverter os possíveis danos à saúde causados pela privação do sono

Fragmentar uma noite de sono, com perturbações durante o fase profunda, pode prejudicar a consolidação das memórias do dia
Cientistas provam: não adianta tentar recuperar o sono perdido no final de semana (Thinkstock)
Dormir mais aos finais de semana não é suficiente para reparar todos os danos causados à saúde pelas poucas horas de sono durante o restante da semana. Essa é a conclusão de um estudo publicado nesta quarta-feira no periódico American Journal of Physiology-Endocrinology and Metabolism. Segundo os autores da pesquisa, o hábito pode até diminuir a sensação de sonolência e o stress, mas não é capaz de evitar problemas causados pela privação do sono, como dificuldade de concentração.
CONHEÇA A PESQUISA


Onde foi divulgada: periódico American Journal of Physiology-Endocrinology and Metabolism

Quem fez: Slobodanka Pejovic, Maria Basta, Alexandros N. Vgontzas, Ilia Kritikou, Michele L. Shaffer, Marina Tsaoussoglou, David Stiffler, Zacharias Stefanakis, Edward O. Bixler e George P. Chrousos

Instituição: Universidade de Penn State, EUA

Dados de amostragem: 30 adultos saudáveis

Resultado: Os pesquisadores descobriram que dormir horas a mais em alguns dias para tentar compensar a falta de horas de sono de outros não é capaz de reverter todos os efeitos da privação de sono no organismo
No artigo, os autores explicam que há uma série de explicações para o fato de dormir pouco estar relacionado a danos à saúde e até a uma menor expectativa de vida. Segundo os pesquisadores, um sono insuficiente pode, por exemplo, elevar os níveis de moléculas no corpo que estão relacionadas a quadros de inflamação, além de aumentar a quantidade de cortisol, um hormônio secretado em situações de stress, e desregular as taxas de açúcar no sangue. 
Testes — No novo estudo, cientistas da Universidade Penn State, nos Estados Unidos, conduziram, durante 13 dias, uma série de testes com 30 adultos saudáveis. Nas primeiras quatro noites do experimento, os voluntários puderam dormir durante oito horas; nos outros seis dias, eles dormiram apenas seis horas por noite; e, nos últimos três dias do estudo, puderam dormir até dez horas por noite. 
No decorrer do experimento, os participantes foram submetidos a uma série de exames que analisaram a atividade cerebral durante o sono, além de seus níveis de hormônios e outras substâncias no sangue sanguíneas. Os voluntários também realizaram um teste que avaliou a capacidade de concentração e de realizar tarefas de cada um. Nele, foram orientados a apertar um botão toda vez que um ponto aparecia em uma tela.
Não compensa — Os resultados dos testes revelaram que as dez horas de sono por noite foram suficientes para diminuir a sonolência e o stress dos voluntários, causados pelas poucas horas de sono dos dias anteriores. O desempenho dos participantes no teste de atenção, porém, foi o mesmo tanto após uma noite de sono mal dormida quanto após dez horas de sono. 
Para os autores do estudo, a descoberta é relevante para se pensar melhor sobre profissões que não permitam desvios de atenção, como médicos, pilotos de avião e motoristas. Os pesquisadores acreditam que mais testes são necessários para definir quais são os efeitos a longo prazo do ciclo de restrição e recuperação de sono nos indivíduos. 
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Os prejuízos de dormir pouco

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Diminui a capacidade de o corpo queimar calorias

De acordo com uma pesquisa apresentada no encontro anual da Sociedade para Estudo de Comportamento Digestivo (SSIB, sigla em inglês), em julho de 2012, na Suíça, a restrição do sono faz com que um indivíduo consuma mais calorias e, além disso, reduz a capacidade do corpo de queimá-las. Isso ocorre porque dormir pouco aumenta os níveis de grelina, o ‘hormônio da fome’, conhecido assim por induzir a vontade de comer, na corrente sanguínea. Além disso, o hábito promove um maior cansaço, reduzindo a prática de atividades físicas e aumentando o tempo de sedentarismo.

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