O total investido em iniciativas de redução de emissões é de pouco mais de R$ 6 bilhões
Assim como no cenário internacional, a iniciativa privada brasileira ainda tem dificuldade para transformar discurso em ações. Cada vez mais empresas estão cientes das consequências das mudanças climáticas, mas, infelizmente, ainda não são vistos os resultados práticos dessa consciência.
É o que aponta o relatório CDP Brasil 100, fruto de uma pesquisa feita com 56 das maiores empresas brasileiras, tendo como referência o índice iBrX. A intenção era ouvir as 100 maiores, porém 41 declinaram em participar, duas não deram qualquer retorno e uma respondeu de forma incompleta ao questionário.
Segundo o CDP, mais de 50% das companhias respondentes identificam pelo menos três tipos de riscos aos negócios provenientes de mudanças climáticas. Além disso, 55% delas possuem metas de redução de emissões de gases do efeito estufa; eram 40% em 2012.
Das 51 participantes, apenas 29% não auditam suas emissões nos escopos 1 (diretas) e 2 (indiretas), sendo que 57% verificam os dados em ambos.
No entanto, 76% das empresas reconheceram que houve aumento de suas emissões no ano passado em relação a 2011. Do total de emissões, 49% correspondem ao setor de energia, embora apenas três das 51 respondentes sejam desta área.
A pesquisa revela que o total investido em iniciativas de redução de emissões é de pouco mais de R$ 6 bilhões, representando apenas 0,07% da receita das empresas consultadas.
Nesse sentido, as medidas de energia de baixo carbono aparecem como as de melhor custo-benefício, já que cada R$ 1 mil desembolsado resulta, em média, na redução de mais de 535 toneladas métricas de CO2.
Para 46% das iniciativas de redução de emissões reportadas, menos de um ano seria necessário para que as economias resultantes superassem o montante desembolsado ao longo de sua implementação.
Segundo a pesquisa, 69% das empresas percebem oportunidades relacionadas à regulamentação das mudanças climáticas e 55% enxergam oportunidades relacionadas ao clima em si. Entre essas respostas, não é possível inferir se as empresas estão cientes dos ganhos financeiros potenciais.
“Cada vez mais, os investidores e a sociedade de maneira geral cobram das empresas uma posição proativa no que diz respeito a mudanças climáticas. Se por um lado tal fato explica o aumento de 15% nas respondentes com metas de redução de emissões, por outro vemos que há muita oportunidade na redução de emissões que ainda não são enxergados com clareza pelas companhias”, analisa Juliana Lopes, diretora do CDP América Latina.
O CDP também apresentou um ranking das companhias mais transparentes, que avaliou o nível de completude do reporte e ação tomada frente às mudanças climáticas.
Insituto Carbono Brasil
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