01/11/2013

'Exemplo de superação', dizem diabéticos em expedição no Everest

Entre os participantes, Tomás Boeira atingiu 5.350 metros de altitude.
Pacientes do ICD-RS, gaúchos têm acompanhamento de especialistas.

Tatiana LopesDo G1 RS

Leticia Socoloski, Viviane Tasch Alano, Rodrigo Ferreira e Tomas da Silva Boreira (Foto: Josu Feijoo)Leticia Socoloski, Viviane Tasch Alano, Rodrigo Ferreira e Tomas da Silva Boreira rumo ao pico do Everest (Foto: Josu Feijoo/Divulgação/Diabéticos sem Fronteiras)
Quatro gaúchos diabéticos superaram seus limites nesta semana. Integrantes do grupo Diabéticos sem Fronteiras, eles participaram de uma expedição no monte Everest, acompanhados por especialistas. Nesta sexta-feira (1), um deles, Tomás Boeira, de 20 anos, alcançou o acampamento-base junto com um dos guias, a 5.350 metros de altitude. Os outros três optaram por descer quando chegaram aos 5 mil metros, em razão das dificuldades proporcionadas pela neve e pelo clima ruim.
Após os obstáculos percorridos, a sensação de todos era de dever cumprido. "Serve de exemplo de superação para todas as pessoas do mundo que o diabetes não impede de nada", destacou Tomás. O comerciante é diabético há 11 anos.
Gaúchos participaram de uma expedição ao monte Everest (Foto: Arquivo pessoal)Gaúchos participaram de uma expedição ao monte
Everest (Foto: Arquivo pessoal)
G1 conversou com dois integrantes do grupo através de um aplicativo no celular, já que era a única forma de contato deles no momento. Ainda era manhã pelo horário de Brasília, e fim de tarde em Namche Bazaar, no Nepal, onde eles se encontravam após a descida do monte que tem, no total, 8.848 metros de altitude.
"Estamos bem. Tivemos dificuldades, mas fomos bem orientados e elas foram superadas. Sentimos cansaço, estresse físico, além do 'mal da montanha', que atingiu cada um de modo particular", contou o músico Rodrigo Ferreira, de 32 anos, diabético há 26. Segundo ele, a neve que caía durante a subida atingiu um volume fora do habitual para a época. "As trilhas ficaram fechadas. Vários grupos desceram", completou.
Com Rodrigo, desceram os colegas Leticia Socoloski e Viviane Tasch Alano. O objetivo do grupo era chegar ao acampamento-base, localizado a 5.350 mil metros de altitude. Após o feito, conquistado por Tomás na companhia do guia espanhol e alpinista Josu Feijoo, o participante descreveu o que sentia.
O espanhol Josu Feijoo com a gaúcha Leticia Socoloski (Foto: Arquivo pessoal)O espanhol Josu Feijoo com a gaúcha Leticia
Socoloski (Foto: Arquivo pessoal)
"Muita força e autoconhecimento. Nunca se deve desistir dos sonhos", disse. Apesar de ser bastante acostumado a praticar atividades físicas, o jovem nunca tinha passado por aventura maior. "Não tinha feito nada mais aventureiro, mas me motivou a fazer iguais ou mais", completou. "Sempre treinei corrida, ciclismo, musculação, rafting, trekking... Na questão física, estou muito bem. Mas o 'mal da altitude' é inevitável, tem que estar bem para não desistir com as dores de cabeça, de barriga, as dificuldade de respiração e pouca fome", ressaltou.
Os quatro integrantes da expedição fazem parte de um grupo de corrida. Todos praticam outros esportes. Mesmo assim, todos os cuidados com a saúde foram pensados antes da atividade na montanha.
"Como somos diabéticos, levamos conosco itens para hipoglicemia, como gel de carboidratos e barras de cereal, além de aparelhos para monitorar a glicemia", contou Rodrigo. "É um exemplo de superação. É algo importante para todos nós", acrescentou o mais velho dos quatro, e que há mais tempo tem diabetes entre os participantes.
Foram quatro dias até os 5 mil metros, "o que é um tempo muito bom, mesmo para alpinistas com experiência", exalta Rodrigo. O grupo teve acompanhamento no local de dois guias e de um chefe de expedição. Pacientes do Instituto da Criança com Diabétes (ICD), que fica em Porto Alegre, eles contaram com orientações de seus médicos.
Alpinista espanhol Josu Feijoo com o gaúcho Tomas da Silva Boreira (Foto: Arquivo pessoal)Alpinista espanhol Josu Feijoo com o gaúcho
Tomas da Silva Boreira (Foto: Arquivo pessoal)
Cada participante levou um kit com um tablet e um glicosímetro para medir níveis de glicose, conectados a uma rede sem fio gerada por um terminal via satélite. Uma equipe multidisciplinar da AxisMed (companhia de Gerenciamento de Doentes Crônicos), entre médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e nutricionistas, acompanha a jornada em tempo real.
Ao receber os dados, os profissionais avaliam as condições clínicas e gerenciam a agenda dos pacientes, incluindo horários de alimentação e controle de glicemia, programam alertas personalizados a cada obstáculo superado e enviam recomendações de dosagem de insulina.
A volta para o Brasil está prevista para 7 de novembro, quando o grupo deve chegar a São Paulo. no dia 8, eles devem embarcar em um voo para Porto Alegre.

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