Entre os participantes, Tomás Boeira atingiu 5.350 metros de altitude.
Pacientes do ICD-RS, gaúchos têm acompanhamento de especialistas.
Quatro gaúchos diabéticos superaram seus limites nesta semana. Integrantes do grupo Diabéticos sem Fronteiras, eles participaram de uma expedição no monte Everest, acompanhados por especialistas. Nesta sexta-feira (1), um deles, Tomás Boeira, de 20 anos, alcançou o acampamento-base junto com um dos guias, a 5.350 metros de altitude. Os outros três optaram por descer quando chegaram aos 5 mil metros, em razão das dificuldades proporcionadas pela neve e pelo clima ruim.
Após os obstáculos percorridos, a sensação de todos era de dever cumprido. "Serve de exemplo de superação para todas as pessoas do mundo que o diabetes não impede de nada", destacou Tomás. O comerciante é diabético há 11 anos.
O G1 conversou com dois integrantes do grupo através de um aplicativo no celular, já que era a única forma de contato deles no momento. Ainda era manhã pelo horário de Brasília, e fim de tarde em Namche Bazaar, no Nepal, onde eles se encontravam após a descida do monte que tem, no total, 8.848 metros de altitude.
"Estamos bem. Tivemos dificuldades, mas fomos bem orientados e elas foram superadas. Sentimos cansaço, estresse físico, além do 'mal da montanha', que atingiu cada um de modo particular", contou o músico Rodrigo Ferreira, de 32 anos, diabético há 26. Segundo ele, a neve que caía durante a subida atingiu um volume fora do habitual para a época. "As trilhas ficaram fechadas. Vários grupos desceram", completou.
Com Rodrigo, desceram os colegas Leticia Socoloski e Viviane Tasch Alano. O objetivo do grupo era chegar ao acampamento-base, localizado a 5.350 mil metros de altitude. Após o feito, conquistado por Tomás na companhia do guia espanhol e alpinista Josu Feijoo, o participante descreveu o que sentia.
"Muita força e autoconhecimento. Nunca se deve desistir dos sonhos", disse. Apesar de ser bastante acostumado a praticar atividades físicas, o jovem nunca tinha passado por aventura maior. "Não tinha feito nada mais aventureiro, mas me motivou a fazer iguais ou mais", completou. "Sempre treinei corrida, ciclismo, musculação, rafting, trekking... Na questão física, estou muito bem. Mas o 'mal da altitude' é inevitável, tem que estar bem para não desistir com as dores de cabeça, de barriga, as dificuldade de respiração e pouca fome", ressaltou.
Os quatro integrantes da expedição fazem parte de um grupo de corrida. Todos praticam outros esportes. Mesmo assim, todos os cuidados com a saúde foram pensados antes da atividade na montanha.
"Como somos diabéticos, levamos conosco itens para hipoglicemia, como gel de carboidratos e barras de cereal, além de aparelhos para monitorar a glicemia", contou Rodrigo. "É um exemplo de superação. É algo importante para todos nós", acrescentou o mais velho dos quatro, e que há mais tempo tem diabetes entre os participantes.
Foram quatro dias até os 5 mil metros, "o que é um tempo muito bom, mesmo para alpinistas com experiência", exalta Rodrigo. O grupo teve acompanhamento no local de dois guias e de um chefe de expedição. Pacientes do Instituto da Criança com Diabétes (ICD), que fica em Porto Alegre, eles contaram com orientações de seus médicos.
Cada participante levou um kit com um tablet e um glicosímetro para medir níveis de glicose, conectados a uma rede sem fio gerada por um terminal via satélite. Uma equipe multidisciplinar da AxisMed (companhia de Gerenciamento de Doentes Crônicos), entre médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e nutricionistas, acompanha a jornada em tempo real.
Ao receber os dados, os profissionais avaliam as condições clínicas e gerenciam a agenda dos pacientes, incluindo horários de alimentação e controle de glicemia, programam alertas personalizados a cada obstáculo superado e enviam recomendações de dosagem de insulina.
A volta para o Brasil está prevista para 7 de novembro, quando o grupo deve chegar a São Paulo. no dia 8, eles devem embarcar em um voo para Porto Alegre.
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