A preocupação com o comportamento das pessoas como princípio para a inovação foi a tônica dos debates realizados ontem no Zona Cyber, no Centro de Eventos do Ceará (CEC). O encontro, promovido pelo Diário do Nordeste, reúne profissionais de renome que gerenciam as redes sociais de empresas nacionais e internacionais para debaterem desafios e tendências na comunicação digital cearense.
Zona Cyber reúne profissionais de renome que gerenciam as redes sociais de empresas. Fotos: Beatriz Bley
A hiperconectividade, desencadeada pelo amplo acesso a smartphones, tablets e outras ferramentas digitais, muda as relações entre as pessoas e, com isso, o modo como os conteúdos devem ser direcionados ao leitor. "Nós temos que focar nas pessoas, no que elas gostam, na maneira como se comportam, no que elas fazem. A inovação surge a partir disso, é solucionar de forma diferente, com tecnologia, comportamentos que estão surgindo agora", explica Alexandre Maron, diretor de inovação digital da Editora Globo.
Alexandre foi um dos convidados do painel "Como tecnologia e redes sociais estão mudando o modo de produzir e consumir conteúdos", junto da estrategista de marca do Twitter Brasil, Daniela Bogoricin. Para Alexandre, um erro comum das empresas de comunicação é achar que devem produzir conteúdo o tempo inteiro. "O centro da discussão, na verdade, deve ser atender as pessoas da melhor maneira possível", enfatiza.
Crise narrativa
O diretor de inovação da Editora Globo abordou ainda a "crise narrativa", gerada pela multiplicidade de versões que uma mesma história ganha a partir das redes sociais. "Um dos grandes desafios, hoje, para quem produz conteúdo, é conseguir agregar todos esses pontos de vista de uma forma coesa, mesmo sabendo que seja quase impossível contar uma história só".
Os painelistas citaram a importância de respeitar as peculiaridades das plataformas da web na hora de gerenciar conteúdos.
O comportamento específico a ser adotado nas mídias foi reforçado pela gerente de Relações com o Telespectador da Rede Globo, Daniela Pereira, e pelo gerente de Mídias Sociais também da Rede Globo, Carlos Alberto Ferreira. "Nós temos que estar presentes em todas as mídias, mas é preciso estudar cada uma delas e, assim, criar estratégias diferenciadas", explica Carlos Alberto Ferreira. Segundo o gerente de Mídias, antes de criar a página da Rede Globo no Facebook, a equipe realizou pesquisas na plataforma ao longo de quatro meses. As novas estratégias de Marketing Digital também foram abordadas pelos palestrantes.
Confira vídos do Zona Cyber
Inovação
O Zona Cyber tem o objetivo de fomentar o mercado local para os atuais e próximos desafios da área da Comunicação. Hoje, o evento dá continuidade à programação com a participação de nomes como Edney Souza, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e cocurador da área de Social Media da Campus Party Brasil, e Rafael Sbarai, CEO (chief executive officer, ou seja, diretor executivo) de produtos interativos da "Veja".
"Nós sempre tivemos essa preocupação com as novas tecnologias, portanto trazer um evento desse porte é uma maneira de fomentar o debate e mostrar, ao mercado, como esses profissionais estão trabalhando. O Diário do Nordeste não é apenas o papel, é também um mundo digital", destacou o diretor-editor do Diário do Nordeste, Ildefonso Rodrigues.
A troca de experiências durante o evento, de acordo com Ildefonso Rodrigues, é também uma maneira de ter uma maior aproximação dos consumidores de informação e buscar novos leitores que possam interagir com as ferramentas digitais lançadas pelo jornal.
Para o coordenador de Negócios Digitais do Diário do Nordeste, Tayro Mendonça, a inovação é uma atividade fundamental para quem lida com o público cearense que, segundo ele, adere com facilidade às novas tecnologias. "Está na responsabilidade do produtor de conteúdo disponibilizar a informação de maneiras diferentes, que se adaptem àquilo que o leitor deseja consumir", destaca. Conforme a editora-chefe de Conteúdos Digitais do Sistema Verdes Mares, Ívila Bessa, os leitores contemporâneos assumem novos papéis no processo da comunicação digital. "O público passa a ser, também, distribuidor de informação e faz isso de maneira personalizada. As pessoas consomem a informação e a compartilham. Então, isso nos coloca ainda mais responsabilidade de produzir conteúdo de qualidade para que esse compartilhamento continue acontecendo de maneira natural", ressaltou.
As discussões sobre conteúdo na internet chamaram a atenção de vários profissionais cearenses. "Um evento voltado para a internet, com esse nível de conteúdo, em que ´players´ nacionais interagem com ´players´ locais, é sensacional", destaca o webdesigner Adriano Macedo, 42, que participou do evento.
Filtrar conteúdo será desafio das redes
Que o homem cria conteúdo desde o tempo em que pintava as cavernas, não se discute. Mas, em plena era da revolução tecnológica, o volume de informações que ele recebe cresce em tamanha proporção que o grande desafio das redes sociais, nos próximos anos, será encontrar mecanismos para ajudar o usuário a selecionar as informações que terá acesso mediante a sua área de interesse.
Debate focou a dificuldade de encontrar mecanismos para ajudar o usuário a selecionar as informações que terá acesso em área de interesse. FOTO: KIKO SILVA
A tese é de Cristiano Dias (da Brainstorm 9) que, na tarde de ontem, participou do Zona Cyber como mediador do painel "Publicidade e marketing 2.0 na visão das agências digitais". Para ele, essa será uma tendência da rede social em virtude da avalanche de informações que se recebe, meios impressos (jornal, revista, livro), digitais, televisivos e radiofônicos.
Formado em Ciências da Computação, Cristiano Dias é também o "creative strategist" do Facebook. E com base em sua experiência, afirma: "a cada dois anos, duplicamos o que colocamos nas redes sociais".
Mas se informar ou receber informações ou contar histórias é um caminho sem volta e ascendente, o dia continua tendo apenas 24 horas, e o limite de capacidade de armazenamento do cérebro humano não mudou e "é em linha reta". Por tudo isso, Cristiano admite que, no mundo atual, "não damos conta dos conteúdos recebidos. Então, as novas tecnologias vão, também, nos ajudar a filtrar, ou mesmo editar tudo isso. Este será o grande papel das redes sociais".
Quando interrogado se as redes sociais ajudaram a confirmar o exibicionismo ou a extrema necessidade dos usuários de aceitação na sociedade - o que no Facebook pode ser auferido pelo desejo de receber um curtir a cada postagem coloca - o homem das estratégias criativas no Brasil da rede de relacionamento fundada por Mark Zuckerberg simplesmente discorda. E ainda adianta: "essas questões sempre existiram".
"Blogs de moda: conteúdos muito além dos ´looks do dia" foi tema de painel promovido à tarde, tendo como moderadora Mariana Marques e painelistas Gabriela Dourado (blog Desenroladas, do Diário do Nordeste), Cris Zanetti e Fernanda Resende (Oficina de Estilo) e Lígia Nottingham (Catwalk Show).
Outro momento de destaque na programação da tarde foi a exposição do gerente de Redes Sociais do Bradesco, Marcelo Salgado. Ao falar de "Desafios das empresas em um mundo cada vez + conectado", Marcelo informou que o Bradesco usa o Facebook, Twiter, Google Plus, Instagram, Foursquare, Yahoo-respostas, Youtube e o Linkedin para trocar ideias e experiências com seu público. Objetivo: obter fidelização e mais clientes.
Diário do Nordeste
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