28/11/2013

MP-SP vai investigar causas do acidente na Arena Corinthians

A Promotoria de Justiça de Habitação e Urbanismo da Capital, do Ministério Público de São Paulo (MP-SP), declarou que, em virtude do acidente ocorrido nas obras da Arena Corinthians no início da tarde desta quarta-feira (27), requisitará laudo para apontar suas causas e a possibilidade de comprometimento na estrutura da construção que possa colocar em risco a integridade física e a vida dos futuros frequentadores. Dois funcionários da Odebrecht morreram no acidente.

De acordo com o órgão, um inquérito civil já havia sido instaurado para investigar a construção da Arena Corinthians, tanto sob o aspecto da segurança da edificação quanto dos impactos no entorno.

Segundo o MP-SP, somente se os elementos técnicos indicarem a necessidade da suspensão das obras é que a Promotoria adotará providências para que a construção seja paralisada, até que sejam eliminados quaisquer riscos para o seu prosseguimento. Enquanto isso, o órgão aguardará o laudo da Polícia Científica para avaliar as medidas a serem adotadas.

No início da semana, a Promotoria já havia agendado com advogado do Corinthians uma vistoria na obra, para os próximos dias do mês de dezembro, visando aferir as inconformidades apontadas em correspondência recente do Corpo de Bombeiros, sob o aspecto de segurança contra incêndio.

Parte do estádio será interditada

Segundo o ex-presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, cerca de 30% da obra do estádio do Corinthians será interdita.  Ele ainda informou, segundo a Agência Brasil, que ainda não é possível dizer o que provocou a queda do guindaste. “As autoridades públicas vão investigar isso nos próximos dias. Mas estruturalmente afetou muito pouco, não foi nada de estrutura. Foi uma peça [que caiu], semelhante à peça que há uma semana, com o mesmo peso, a gente já tinha posto no prédio norte”, afirmou.

O gerente operacional da Odebrecht, Frederico Barbosa, empresa responsável pela obra, garantiu que a estrutura não sofreu nenhum comprometimento. “Houve danos em uma parte do prédio, mas nada que comprometa a segurança da estrutura em si, sua estabilidade”, explicou.

No momento do acidente, uma pessoa estava operando o guindaste que caiu. “Tinha um operador, mas ele saiu do equipamento e não sofreu nada. Ele estava operando [no momento]”, explicou Barbosa. A operação estava correta. O guindaste içou a peça, realmente. É parte do procedimento, que estava em evolução. Nada fora do que estava programado. A paralisação foi definida por todos. Esperamos o momento ideal. Tinha acabado de chover. Esperamos uma semana para fazer os procedimentos. As condições estavam ideais. Agora é apurar o que houve, para termos uma resposta correta [sobre o que aconteceu]”.

Segundo Sanchez, morreram o motorista do caminhão Fábio Luiz Pereira, 42 anos, casado e que tinha três filhos, e o operário Ronaldo Oliveira dos Santos, 44 anos, separado e pai de uma filha. Pereira estava no caminhão que foi esmagado pelo guindaste, enquanto Santos estava tirando um cochilo em seu horário de almoço, em um túnel que cedeu por causa da queda da máquina. “O funcionário do caminhão fazia parte da operação de subida do guindaste”, disse o ex-presidente do Corinthians.

“É com muita tristeza e muita lamentação que a gente vem aqui comunicar o falecimento de dois colaboradores do estádio do Corinthians”, disse Sanchez, que estava no estádio quando o acidente aconteceu. “Estava em uma sala do Corinthians quando comecei a ouvir o barulho”, disse. “Queríamos que vocês entendessem a dor que estamos sentindo. Estamos todos muito abatidos. Vamos dar toda a assistência e tudo o que pudermos fazer [para as famílias]”.

Após o acidente, todos os funcionários foram dispensados do trabalho. “Vamos fazer dois ou três dias de luto. Depois vamos ver o que fazer”, disse Sanchez.

De acordo com um funcionário da Odebrecht, que preferiu não se identificar, a peça que seria instalada no estádio pesava cerca de 420 toneladas. O guindaste, segundo ele, é uma torre de 114 metros, “o maior em operação no Brasil”. O ex-presidente do Corinthians informou que o guindaste suportava até 1,5 mil toneladas.
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