30/11/2013

Novo mapa é o primeiro a mostrar estocagem de carbono em manguezais

Biomassa do Brasil é colocada junto com Indonésia e Nigéria.

Por ter uma distribuição restrita a poucas partes do globo, os manguezais têm sido negligenciados nas iniciativas que visam combater as mudanças climáticas através da preservação de florestas.

Porém, um estudo publicado no periódico Conservation Letters ressalta que esse ecossistema têm alto nível de biomassa acima do solo e outras características que o classificam como um excelente absorvedor de carbono.

Considerando esses dados, pesquisadores das Universidades de Cambridge e de Staffordshire e da ONG The Nature Conservancy revisaram 95 estudos de campo, com dados de 35 países, e elaboraram o primeiro mapa global com uma estimativa de biomassa acima do solo dos manguezais.

As modelagens aplicadas indicam que a biomassa acima do solo ao redor do mundo nos manguezais é de 2,83 Peta gramas (Pg), uma média de 184,8 toneladas por hectare. O sudeste asiático equivale a quase metade do total global, possuindo a maior área de manguezais e também a maior média de biomassa acima do solo.

Para a biomassa no solo, os autores estimam a quantidade global em 1,11 Pg. Ao se comparar a biomassa acima e no solo, os pesquisadores concluíram que a proporção de biomassa no solo dos manguezais é ainda maior que os níveis nas florestas tropicais terrestres.


O Brasil é colocado, junto com Indonésia e Nigéria, como um país com alta biomassa total nos manguezais e os autores notam que políticas nacionais podem ter uma contribuição importante para os fluxos globais de carbono.

“Nossos modelos indicam que os manguezais contem 1,6% da biomassa total das florestas tropicais, apesar de ocuparem apenas 0,6% da área (usando uma definição de cobertura do dossel de 10%)”, conclui o estudo, uma ferramenta importante para avaliar os estoques de carbono e distinguir áreas prioritárias para a conservação e restauração.

“A rápida perda, combinada com altos valores de carbono, significa que, apesar da extensão pequena, os manguezais podem contribuir com 10% do total das emissões de carbono por desmatamento”, colocam os autores.

Mesmo com características naturais únicas, os autores do estudo ressaltam que essas áreas estão altamente ameaçadas pelas atividades humanas, com um terço da cobertura mundial já tendo sido perdida nos últimos 50 anos, principalmente devido à conversão para aquicultura ou agricultura. A taxa de desmatamento anual dos manguezais é três a cinco vezes maior do que a média global de perda das florestas no geral, segundo a FAO (2006).

Além do sequestro de carbono, os manguezais são ecossistemas muito ricos em biodiversidade, servindo de berçário para muitas espécies marinhas, protegendo a costa de intempéries, fornecendo nutrientes e muitos outros benefícios sociais e ambientais.
Instituto Carbono Brasil

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