Não haverá hospedagem cara que impeça os turistas de virem ao Ceará durante o próximo Carnaval, no começo de março, e ainda de movimentarem R$ 128 milhões por aqui, de acordo com levantamento do Ministério do Turismo (MTur) cedido com exclusividade ao Diário do Nordeste. A estimativa é de que todo esse dinheiro seja gerado pela chegada de 140 mil pessoas cujo destino não foi investigado - diferente do gasto médio por pessoa, que está previsto em R$ 920.
Aracati, onde fica a praia de Canoa Quebrada, está entre as cidades incluídas no levantamento. As outras são Fortaleza, Aquiraz e Jericoacoara, detentora de uma das hospedagens mais caras FOTO: KID JÚNIOR
E as cidades cearenses que devem receber mais pessoas durante o período de festas, segundo o MTur, são Fortaleza, Aquiraz, Aracati e até Jericoacoara - detentora de uma das hospedagens mais cara para o Carnaval, segundo divulgou o Procon Fortaleza nesta semana.
Em 2013, 93 mil pessoas vieram para o Ceará (em todo o Estado, não apenas para os principais destinos). Destes, Fortaleza atraiu mais da metade: 52 mil. Com isso, o feriado foi responsável por gerar R$ 164,7 milhões para a economia cearense.
Mesmo com outros municípios figurando na lista de 2014 de mais procurados para o período no Estado conforme o Ministério, o presidente da Associação Brasileira da Indústria Hoteleira no Ceará (ABIH-CE), Darlan Teixeira Leite, comemorou os números, mas apontou para a necessidade de estimular a hospedagem em cidades do Interior.
Fluxo
"Todo esse fluxo é importante para nós, gera divisas nas cidades, mas bom seria se os turistas também se hospedassem nas cidades fora da Capital", afirmou.
Como estratégia estudada para viabilizar isso, Darlan adiantou que já conversou com representantes da agência de turismo CVC, onde projeto em curso na Bahia poderá servir de exemplo para o Ceará.
De acordo com ele, a ideia é trazer os turistas por Fortaleza e, no pacote, incluir ida pelo litoral (oeste e leste), passando e se hospedando em cidades da orla até saírem do Estado.
Agora, Darlan disse que deve levar a proposta, que contempla destinos de Fortaleza até Jericoacoara e da Capital cearense até Canoa Quebrada, ao secretário de Turismo do Estado, Bismarck Maia, e iniciar as negociações para viabilizar o projeto.
O impacto econômico e a movimentação de pessoas estimados para o Ceará, no entanto, estão abaixo de outros estados do Nordeste, como Bahia e Pernambuco, mas, para a presidente da Associação Brasileira das Empresas de Eventos no Ceará (Abeoc-CE), Gabrielle Nobre, esses números já mostram o quanto já cresceu o segmento durante o Carnaval.
Lazer de descanso
"O Ceará é visto como um local de lazer mais tranquilo e não para curtir. Isso não existe aqui", afirma. Ela ainda ressalta os esforços para garantir uma estrutura de estímulo ao turismo no Estado e aponta isso como um possível fator de aumento do fluxo em temporadas como o Carnaval, quando o Estado não fazia parte dos destinos mais desejados do País. Para se ter ideia, as informações do mesmo levantamento dão conta de que "Pernambuco deve movimentar um montante de R$ 787 milhões nas cidades de Recife, Olinda, Porto de Galinhas e Cabo". Ao todo, o período de festas naquele estado deverá atrair 850 mil pessoas e, juntando dinheiro e turistas, é a maior estimativa do Nordeste.
Bahia se destaca
Já a Bahia possui a segunda maior previsão de aquecimento do trade turístico pelo MTur. Pelas ladeiras de Salvador e também por Trancoso, Costa do Sauípe e Arraial d´ajuda devem passar 690 mil pessoas, o que resultará em um impacto econômico de R$ 639 milhões ao Estado durante o Carnaval, de acordo com o ministério. Assim, os três estados somados devem atrair 1,6 milhão de turistas e gerar R$ 1,55 bilhão.
Feriadão renderá 7% a mais
Para o ministro Gastão Vieira, do Turismo, o trade deve ter no Carnaval um período de aquecimento antes da Copa do Mundo de Futebol, que ocorrerá quatro meses depois. "O acréscimo na economia do turismo, maior que nos últimos anos, ficará entre 6% e 7%, de acordo com a projeção", afirma o MTur.
Depois da Copa das Confederações realizada ano passado, o desejo de consolidar o Ceará como um destino internacional é mais alvo da Secretaria de Turismo do Estado, a qual promete para o dia 12 do próximo mês anunciar investimentos para ações de promoção de locais cearenses em "mercados estratégicos no exterior" durante 2014.
Considerando ter consolidado o Estado no mercado brasileiro, a Setur aponta que as obras "prontas e em execução - como o Centro de Eventos, o Acquario, as novas rodovias construídas e duplicadas (CE´s 040 e 085), aeroportos dos polos de Jericoacoara e Canoa Quebrada, patrimônio histórico revitalizado, dentre outras obras - é que permitem que o Ceará entre com competitividade no mercado turístico internacional", informa.
Água e segurança preocupam o trade
Informado da previsão do Ministério do Turismo para o Carnaval no Estado, o presidente da Associação Brasileira da Indústria Hoteleira no Ceará (ABIH-CE), Darlan Teixeira Leite, observou que alguns itens básicos que preocupam o cotidiano do cearense devem ser merecedores de atenção especial por parte do poder público durante o período. São eles: segurança e (especialmente) abastecimento de água.
Foliões devem se preocupar com a escassez de água durante o período de Carnaval Foto: kid Júnior
"O que tememos é que falta infraestrutura como aconteceu em anos passados em cidades onde os cearenses costumam frequentar muito no Carnaval, como Beberibe e Paracuru. Mas eu acredito que as prefeituras dessas cidades devem estar garantindo isso com a Secretaria de Segurança e a Cagece (Companhia e Água e Esgoto do Ceará)", ponderou Darlan.
Mesmo com a ponderação dos cuidados, o temor do presidente da ABIH, compartilhado pela presidente da Associação Brasileira de Empresas de Eventos no Ceará (Abeoc-CE), Gabrielle Nobre, deve-se aos casos de assaltos e roubos cada vez mais frequentes no Interior do Estado sem que uma ação efetiva fosse tomada para evitar tais ações. Quanto ao outro item, não há como ponderar. A falta de água, como é de conhecimento geral dos cearenses, deve-se à estiagem que assola a região Nordeste e tem no Ceará mais um estado cujo risco de sofrer com racionamento não está longe.
"Isso já acontece hoje quando aumenta o número de pessoas em cidades do litoral, então, no Carnaval o risco realmente é possível", acrescenta a presidente da Abeoc-CE. (AOL)
ARMANDO DE OLIVEIRA LIMAREPÓRTER
Diário do Nordeste
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