O santo não se fecha na acomodação passiva ou fuga da realidade. Eis o exemplo a ser seguido.
(Foto: Arquivo) |
Por João Batista Nunes Coelho
O cristão é chamado a dar testemunho. Testemunho de que? De vivência da paz, do amor? Sim, basicamente. Mas há outro testemunho a ser dado. João Batista nos ensinou quando mostrou Jesus aos que o escutavam: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29). E prosseguiu: “Eu o vi e dou testemunho de que ele é o Filho de Deus" (Jo 1,34). Este é o testemunho a ser dado. Que Jesus é o Filho de Deus! Por que razão?
Escravidão. Porque vivemos escravos de nossos sonhos terrenos e desejos. E o pior: Não nos satisfazem. O Cordeiro liberta o prisioneiro da escravidão semelhante à do Egito e da Babilônia. Ele pode nos libertar de nossas escravidões. Que pecados em nossos dias nos afastam do mundo do Cordeiro? A incredulidade, por exemplo. Hoje se valoriza não ter religião, dá-se pouca importância ao transcendente. É um grande mal que atinge até os batizados. O batismo de Jesus apresenta-se como ocasião de sua manifestação como Salvador a Israel e a nós. Não poderia ser ignorado. Alguns de Israel acreditaram; outros, não. Tudo como hoje. As pessoas costumam ofertar muito tempo e dinheiro aos deuses do consumo, prazer, poder, aparência, comodismo. Não tanto a Deus.
Comunhão. “Quando o israelita ofertava a si mesmo por meio do sacrifício de um cordeiro, acreditava que com esse rito entrava em comunhão com Deus. É nesse sentido que o evangelho nomeia Jesus como o “Cordeiro de Deus”. Ele quer nos reconduzir à comunhão divina. A vida de Jesus foi inteiramente consagrada ao Pai. Como sabemos? Pela forma como viveu. Sabemos que sua existência terrena foi devotada à realização da vontade divina. Diferentemente de nós. Muitos de nós vivem distantes desta vontade, vivem na escravidão. Não acham graça em Jesus Cristo e no mundo que ele veio mostrar. Ignoram-no.
Conhecimento. Há uma realidade divina a ser conhecida. Conhecer para testemunhar. Testemunho pressupõe conhecimento vivencial. De que forma podemos nos aprofundar no conhecimento de Jesus? Vivendo em comunhão com ele. De fato, os que mergulham no ser de Deus, acabam aderindo à sua vontade porque a conhecem melhor. Mas há o reverso da moeda: Esse Deus também nos conhece. Conhece a mim e a você desde sempre, antes de sermos formados no seio de nossa mãe. Dá pra imaginar? É isso mesmo, pois foi ele “que me formou desde meu nascimento para ser seu Servo” (Is 49,5). Para ser seu servo. É nosso destino. É certo, pois que Deus acompanha nossa trajetória. Que tipo de testemunho damos dele atualmente? A Igreja é a comunidade dos discípulos de Jesus, servidores de Deus. Parece?
Igreja. Paulo se refere à comunidade dos cristãos em Corinto como a “ igreja de Deus que está em Corinto” (1Cor 1,2). A comunidade dos cristãos é a igreja ou assembleia daqueles que fizeram a experiência de conviver com Jesus. A consequência disso? Vivem em harmonia, segundo a paz que vem de Deus. “A vós, graça e paz da parte de Deus, nosso Pai, e da parte do Senhor Jesus Cristo!” (1Cor 1,3). Você já experimentou esta paz? Esta paz, por sua vez, é uma paz que não deixa a pessoa acomodada ou ausente da realidade. Não. Esta paz leva a pessoa a anunciá-la, a querer que outras pessoas também a experimentem.
Deus se rejubila. Ele acompanha aquele que o procura com retidão. Não só. Alegra-se com ele. “E disse-me o Senhor: "Tu és meu servo, (Israel), em quem me rejubilarei" Is 48,3). Servo. Este servo é o povo de Israel e, por extensão, cada um de nós. Resta saber se temos sido motivo de alegria para o Senhor. Pela vida que você leva acha que tem sido? Somos chamados a sermos santos. E o que é santidade, para o cristão? É buscar ser perfeito como Deus é perfeito e empenhar-se para levar o mundo a participar dessa perfeição. Não é uma santidade que acomoda. O santo não se fecha na acomodação passiva ou fuga da realidade. Faz o que fez Jesus: lança-se no trabalho de salvação. Dessa forma, cabe-nos trabalhar para extirpar do mundo a rebeldia e fazer com que esta ceda lugar à justiça e à paz.
Este é o testemunho a ser dado. É o que o Filho fez. É o caminho a ser percorrido. É a colaboração a ser prestada para que o Cordeiro tire o pecado do mundo.
*Reflexão sobre as leituras bíblicas do 2º domingo do tempo comum – 19-01-2014.
Dom Total
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