
O suspeito de acender o rojão que matou o cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Andrade se recusou a falar à polícia. Em entrevista na manhã desta quarta-feira, o delegado responsável pelo caso, Maurício Luciano, disse que Caio Silva de Souza manteve o posicionamento de só falar em juízo.
“Ele não admitiu e nem negou”, disse Luciano, acrescentando que, apesar disso, o inquérito já está quase concluído e há provas suficientes de que Caio acendeu o rojão que atingiu o cinegrafista.
“As provas são contundentes e não deixam margens a dúvidas. A confissão seria apenas para corroborar”, disse ele, complementando que vídeos da manifestação contra o aumento das passagens de ônibus no município do Rio, ocorrida na semana passada, mostram que Caio usava a mesma roupa que o homem que acendeu o artefato.
O delegado garantiu ainda que há a prova testemunhal do jovem Fábio Raposo, que já teria confessado à polícia que entregou o rojão para Caio.
Apesar de não confessar na delegacia, em entrevista à TV Globo, Caio admitiu que acendeu o artefato sem saber que se tratava de um rojão. “Se eu acendi? Acendi sim”, admitiu. "Não. Nem sabia que aquilo era um rojão. (achei que fosse) Um cabeção de nego”, disse o rapaz. Cabeção de nego é uma bomba conhecida também como garrafão.
Para a conclusão do inquérito, faltam apenas os laudos periciais e o depoimento de um colega de trabalho de Caio. O delegado Maurício Luciano disse que os autos deverão ser entregues à Justiça até a próxima sexta-feira (14).
Caio foi preso na madrugada desta quarta, em uma pousada em Feira de Santana, no interior da Bahia. Segundo o delegado, a fuga de Caio começou na segunda-feira (10), quando ele saiu de sua casa, na Baixada Fluminense, e embarcou em um ônibus com destino à cidade de Ipu, no Ceará, onde moram seus avós paternos.
Na entrevista coletiva, que durou cerca de uma hora e teve a participação do chefe da Polícia Civil do Rio, Fernando Velloso, o delegado contou que o advogado Jonas Tadeu, que representa Caio Silva de Souza, o convenceu a desistir da fuga e se hospedar em um hotel em Feira de Santana para que a polícia pudesse localizá-lo. O delegado foi ao local junto com o advogado e a namorada do rapaz. Antes da prisão, a namorada ainda entrou no quarto para acalmá-lo.
“Ele estava acuado e assustado em um quarto muito pequeno. Ele disse que não comia há dois dias e não reagiu à prisão”. O delegado disse ainda que a família de Caio é muito pobre e que ele se preocupa com a mãe, que está desempregada.
O chefe da Polícia Civil, Fernando Velloso, disse que não é possível provar, por enquanto, a ligação de Caio e Fábio com qualquer grupo criminoso ou político, mas que investigações estão sendo feitas nesse sentido.
Depois de passar por exame de corpo de delito no Instituto Médico-Legal, Caio será encaminhado para o sistema prisional do estado. Ele foi indiciado pelos crimes de homicídio doloso qualificado, por uso de explosivo e explosão em via pública. Se for condenado, a pena pode ultrapassar 30 anos de prisão.
Agência Brasil/DomTotal
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