13/03/2014

O Papa Francisco cativa muitas pessoas para além dos católicos

Samuel Lieven, Celine Hoyeau, Martine de Sauto
Ortodoxos, protestantes e judeus revelam sua grande admiração pelo papa. Três personagens foram entrevistados sobre o que pensam sobre este papa : um teólogo ortodoxo, um membro da igreja protestante e um judeu.
«Nunca a unidade das igrejas pareceu estar tão próxima», afirma Jean-François Colosimo, teólogo ortodoxo e presidente das edições do Cerf na França.
E continua dizendo : «pela sua simplicidade, pela aproximação com os pobres e a maneira de agir e de se relacionar com novos hábitos, o papa Francisco chama nossa atenção para a distorção que existe entre os teólogos e a hierarquia da igreja ortodoxa. O teólogos não podem fechar os olhos aos aos sinais de aviso sobre o significado de seu serviço teológico que não é um primado.
A luta que ele iniciou para esvaziar a influência da cúria romana, o reconhecimento da verdadeira e específica autonomia das igrejas locais representam o maior progresso no plano ecumênico, depois do encontro de Paulo VI com o patriarca Atenágoras em 1964. Sob este ponto de vista, nunca a unidade pareceu estar tão próxima como agora.
Por todas estas razões, a hierarquia ortodoxa hoje se sente um pouco embarassada. Francisco é um papa do novo mundo que valoriza a dimensão simbólica do poder institucional. Ainda carregando os sinais de confrontação de meio século, entre ocidente-oriente, as hierarquias ortodoxas ficam surpreendidas por esta mudança para norte-sul. A maioria não sabe que posição tomar perante o fenômeno do papa Francisco e se sentem mal ao procurar um perfil de relacionamento com Roma ».
« Papista não, mas bergoglista com certeza».
Esta é a afirmação de Antoine Nouis, diretor da comunicação da « reforma protestante». Ele confessa : «Eu não me transformei num defensor de papas, mas certamente sou um ‘bergoglista'! Eu reconheço nele a coerência entre o que vive e o que diz, baseadi no evangelho no qual eu mesmo acredito e procuro viver, o mesmo que é compreendido do mesmo jeito por muitos protestantes. O comportamento dele e o que ele fala são motivo de admiração para mim. Para além de divergências doutrinais que ainda permanecem entre católicos e protestantes, me parece que este papa vai fazer progredir muito o diálogo ecumênico.
De fato, falando de relacionmaento ecumênico, ele diz que é necessário olhar em que aspetos as outras igrejas interpelam a igreja católica. Este não é mais o discurso que se proclama de cima para baixo como faziam seus antecessores - nós católicos somos portadores da verdade e a importância da parte da verdade que vocês defendem depende do grau de proximidade que vocês mantêm connosco. Esta sintonia que temos uns com os outros pode nos ajudar a ser mais fiéis ao evangelho.»
« Ele nos faz recordar a vocação original da igreja», afirma o Armand Abécassis, filósofo e escritor judeu.
Continua dizendo: «Este papa apresenta duas coisas importantes. Pelas palavras, pelos gestos, pela sua maneira de ser, pela prioridade que ele dá aos abandonados, aos excluídos, aos pobres, a todos aqueles cuja dignidade é rebaixada, ele aproxima fortemente a fé cristã com o evangelho e nos faz lembrar a vocação original da igreja.
Nem todos os rabinos fazem esta mesma leitura, mas eu creio que mesmo que cada um tenha seu modo de ver as cosias, o papa Francisco abre o caminho para que a mensagem divina portadora de duas Alianças, no que diz respeito aos judeus, nos aproxime da espiritualidade evangélica que se enraiza na Torah e seja seja bem entendida no sentido de dar atenção aos pobres, às viúvas, aos órfãos e ao estrangeiro.
Tenho um pressentimento de que este papa, muito amigo do rabino de Buenos Aires, deseja aprofundar a reconciliação entre judeus e cristãos, conforme o caminho apontado pelo Vaticano II. A realização deste objetivo é muito importante para o mundo atual. Pode ser um modelo para todos».
Autores : Samuel Lieven, Céline Hoyeau et Martine de Sauto

Fonte: Jonral La Croix

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