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Relatório afirma que a contribuição da pesca para a alimentação mundial aumentou nos últimos anos.
Atualmente, o desperdício, a sobrepesca e as mudanças climáticas estão tornando mais vulneráveis as espécies e ecossistemas marinhos. Tudo isso se traduz em uma ameaça cada vez maior para os estoques de peixes, que vêm se convertendo em uma fonte cada vez maior da alimentação do ser humano, apontou um novo estudo da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
Segundo o "State of the World Fisheries and Aquaculture", a proteína vinda da pesca é cada fez mais representativa em nossa dieta: para se ter uma ideia, o consumo anual per capita de peixe aumentou de 10 quilos na década de 1960 para mais de 19 quilos em 2012. Atualmente, a produção pesqueira é responsável por 17% do consumo global de proteína – em alguns países costeiros e insulares, essa porcentagem pode chegar a 70%.
Além disso, em termos absolutos, a demanda por pescados tem crescido rapidamente: em 2012, a produção de pesca e aquicultura mundial totalizou 158 milhões de toneladas métricas, dez toneladas métricas a mais do que em 2010. A FAO estima que a pesca seja responsável pela subsistência de 10% a 12% da população mundial.
Mas os problemas citados têm se mostrado obstáculos ao crescimento sustentável do chamado ‘ mundo azul’, ou seja, o conjunto dos setores marinho e marítimo, e têm um enorme potencial de prejudicar a população mundial.
A FAO calcula que um terço de toda a produção pesqueira destinada à alimentação seja desperdiçado. E esse desperdício não é apenas em quantidade de alimento, mas também em qualidade: durante o processamento, algumas das partes mais nutritivas dos peixes são rejeitadas.
A sobrepesca é outra questão crítica para os estoques de peixes, já que a organização estima que 30% de todos os estoques monitorados regularmente pela FAO sejam sobreexplorados; em 1978, esse índice era de 10%. Dos 70% restantes, considera-se que 60% estão muito perto de sua produção máxima sustentável, enquanto 10% dos estoques são subexplorados.
As mudanças climáticas também são um obstáculo aos estoques de peixes, pois os atingem de formas diferentes, e muitas vezes inesperadas. Por exemplo, o Lago Chade, localizado no centro da África, tem como principal ameaça a seca.
Uma pesquisa conclui que “a localização da Bacia do Lago Chade, no Sahel, é altamente vulnerável às perturbações climáticas na região e eventos climáticos têm influenciado grandemente na ecologia, nos recursos naturais e, portanto, nos meios de subsistência”.
O estudo aponta ainda que “as implicações socioeconômicas adversas em comunidades ribeirinhas que são dependentes dos recursos naturais da bacia para sua subsistência e bem-estar são óbvias”.
No Caribe, fatores relacionados ao clima que ameaçam os estoques de peixes são a diminuição na precipitação da estação chuvosa, o aumento do nível do mar e uma elevação na atividade de ciclones tropicais.
Embora não haja conclusões específicas sobre a vulnerabilidade da área, uma avaliação dá a impressão geral de que a aquicultura pode estar mais bem posicionada do que a pesca para enfrentar as rápidas mudanças climáticas, já que os sistemas de aquicultura da região parecem ter mais flexibilidade e capacidade de adaptação.
Mesmo apontando todos esses problemas, o relatório da FAO mostra que já há indicativos de melhoria em alguns aspectos, ainda que sugira outras medidas que podem ser tomadas para possibilitar a exploração mais sustentável dos estoques de peixes.
Por exemplo, apesar do alto índice de estoques sobreexplorados, a organização afirma que essa tendência começou a se reverter nos últimos anos, um sinal positivo em uma direção mais sustentável.
Mas a FAO sugere que a exploração da pesca deve se tornar menos dependente de espécies selvagens e buscar mais diversidade de espécies e práticas de criação, já que apenas dez espécies são responsáveis por cerca de 24% da pesca mundial, sendo que a maioria dos estoques destas são sobreexplorados ou estão em seu limite.
“A saúde de nosso planeta, assim como nossa própria saúde e futura segurança alimentar, dependem de como tratamos o ‘mundo azul’. Precisamos garantir que o bem-estar ambiental seja compatível com o bem-estar humano, a fim de tornar a prosperidade sustentável em longo prazo uma realidade para todos. Por essa razão, a FAO está comprometida em promover o ‘crescimento azul’, que baseia-se na gestão sustentável e responsável de nossos recursos aquáticos”, concluiu José Graziano da Silva, diretor geral da FAO.
Na Conferência de Ação Global dos Oceanos para Segurança Alimentar e Crescimento Azul, realizada em abril em Haia, Países Baixos, governos e outros participantes se comprometeram a tomar medidas focadas em combater as mudanças climáticas, a sobrepesca, a perda de habitat e a poluição para melhorar a produção pesqueira e tornar os oceanos mais resilientes.
Instituto Carbono Brasil
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