18/06/2014

O que é ser uma pessoa de bem?

Afirmar ser pessoa de bem sem viver essa realidade transparente não me fazem ser como tal.
Ou se é ou não se é pessoa de bem! Afirmá-lo não basta!
Por Dom Jacinto Bergmann*
Muitas pessoas afirmam verbalmente que são homens e mulheres de bem! Tem até uma certa necessidade de o afirmar! Será que é preciso essa afirmação verbal? Será que a questão não é apenas ser uma pessoa de bem? Precisa-se afirmar com palavras para ser ou é-se para ser?
Para ser um homem ou uma mulher de bem, pelo menos duas condições devem estar presentes: viver a verdade transparente e viver a honestidade coerente.
Cada vez mais temos dificuldade de viver uma verdade fundamentada em valores universais e objetivos. Estamos inclinados fortemente, nos tempos de hoje, a fabricar “valores” que são meramente individualistas e subjetivos. Fabricamos, sim, "valores" que "me interessam" e "me favorecem". Os critérios dos valores universais e objetivos ultrapassam os interesses individualistas e favorecimentos pessoais, pois são ancorados no bem comum com o Outro maior que é Deus e com os outros próximos que são os irmãos e irmãs em humanidade. Ser um homem ou uma mulher de bem, sem essa verdade transparente, mesmo que o afirmamos, não me fazem ser como tal. Infelizmente não são muitos os/as que se enquadram na condição de serem e viverem a verdade transparente. Porém, podemos afirmar: são poucos os que vivem e fazem a diferença!
Cada vez mais, também, temos dificuldade de viver uma honestidade coerente fundamentada em propósitos firmes e leais. Estamos imersos profundamente, nos tempos de hoje, a abraçar "propósitos" que são meramente passageiros e desonestos. Maquiamos, sim, “propósitos” que "valem para o momento" e "são proveitosos para mim". Os critérios dos propósitos firmes e leais ultrapassam a transitoriedade e deslealdade, pois são firmados na eternidade e fidelidade – dimensões do próprio Deus do qual viemos e ao qual devemos prestar contas. Ser homem/mulher de bem, sem essa honestidade coerente, mesmo que o afirmamos, não me fazem ser como tal. Infelizmente não são muitos os/as que se ajustam na condição de serem e viverem a honestidade coerente. Porém, novamente podemos afirmar: os poucos que são e vivem, fazem a diferença!
Bem-aventuradas as pessoas de bem! Graças a Deus que essas fazem a diferença numa sociedade atual que chega, infelizmente, a “enaltecer” os que são falsos e desonestos. Ou se é ou não se é pessoa de bem! Afirmá-lo verbalmente não basta!
CNBB, 16-06-2014.
*Dom Jacinto Bergmann é arcebispo de Pelotas (RS).

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