04/07/2014

Jesus, a violência e a mansidão



Roteiro Homilético
A proposta de reflexão sobre a liturgia do domingo é de autoria do Pe. Johan Konings SJ, preparada pelo Pe. Jaldemir Vitório SJ, reitor e professor da FAJE.


Percebe-se a violência crescente no mundo. O terrorismo acorda nas pessoas a vontade de responder com violência. Está certo usar de violência para enfrentar a violência? Conforme o plano de Deus, não. Seu enviado é o mestre “manso” e humilde, cujo “jugo” é suave. O evangelho ensina a revelação da mansidão de Jesus aos pequeninos e mansos, os não-violentos A pregação de Jesus provoca opção a favor ou contra. Contra ele optam as ambiciosas cidades da Galileia (cf. Mt 11,20-24). A favor, os humildes que escutam sua palavra e a põem em prática (Mt 11,25-30). Os que recebem sua revelação, não os que estão cheios de si, vão conhecer o interior de Jesus. Jesus é o mestre dos humildes, porque ele é, no sentido bíblico, manso, não opressor. E assim é também sua doutrina.

O profeta Zacarias já sabia que o Messias não poderia ser um rei violento e opressor (1ª leitura). Essa expectativa, Jesus a realizou de modo surpreendente. A missão do Messias não se realiza pela violência e pela opressão, mas pela mansidão de um pedagogo, que deixa penetrar, nos humildes, gota por gota, o espírito de amor e solidariedade, que faz crescer o verdadeiro reino de Deus. Por isso, o mistério de Deus e de seu Filho se manifesta no coração dos humildes, enquanto os poderosos o rejeitam.

Jesus convida os “cansados”. Eles são muitos entre nós hoje. Os que já não aguentam o arrocho salarial, a subnutrição, a degradação da vida social e pública, a violência econômica, a exclusão em todas as suas formas. Será que Jesus tem uma solução para esses “cansados”? Contrariamente à pretensa “lei natural” do poder do mais forte, a comunidade de amor e solidariedade lhes oferece, mais e melhor do que o consumismo da tevê e dos shopping-centers, aquilo que os torna realmente felizes: valorização fraterna, sustento mútuo e, sobretudo, a certeza de “estar na linha de Deus”.

Aos cristãos cabe conscientizar o povo – pobres e ricos – de que a mera força e opressão não resolvem nada, mas afastam as pessoas do espírito de Cristo. E perguntemos: em nossas comunidades, existe verdadeira “mansidão” ou, pelo contrário, reinam práticas opressoras? Aplicamos uma “pedagogia da mansidão”, deixando a grama crescer no chão em vez de puxá-la para fazer crescê-la mais rápido?

Jesus veio como libertador manso e humilde, não como revolucionário armado, porque o reino do amor fraterno não pode ser implantado pela violência, mas somente pela convicção interior. Essa é sua resposta ao poder da força, contra o qual o pequeno não pode resistir quando se quer medir com ele no mesmo nível.

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