02/07/2014

Tecnologia limpa: melhores países para inovação

 domtotal.com

Brasil e outros emergentes aparecem como mercados que estão começando a oferecer mais atratividade.

Apesar das recentes quedas nos investimentos em baixo carbono, o potencial para ‘negócios verdes’ está crescendo em todo o mundo, e alguns países, como Israel, Finlândia e Estados Unidos, lideram essa transição. Quem afirma isso é o Índice de Inovação Global em Tecnologias Limpas 2014 (Global Cleantech Innovation Index 2014), do Grupo Cleantech e do WWF, publicado na última sexta-feira (27).

O relatório, que avaliou 40 países em 15 indicadores relacionados à criação, comercialização e crescimento de tecnologia limpa, sugere que Israel é a melhor nação para novos investimentos no setor. Os israelenses apresentaram um alto desempenho devido ao fato de conseguirem atrair muito investimento externo para a indústria limpa.

Além disso, o país tem a cultura, educação e iniciativa necessárias para criar inovação, e investe muito em pesquisa no setor. Israel é também um dos países que mais coloca recursos no tratamento e reciclagem de água, tendo criado técnicas que transformam regiões áridas em terras cultiváveis.

Já a Finlândia ficou em segundo lugar devido ao reconhecimento dos esforços do país para mobilizar força de trabalho para uma inovação sustentável. Devido ao clima severo, à falta de recursos fósseis e a um recente golpe na produção industrial, o país passou a investir na criação de novos empregos em atividades de tecnologia limpa.
Atualmente, os negócios limpos no país empregam cerca de 50 mil pessoas, com 40 mil novos empregos estimados até 2020 – uma quantidade significativa em uma população nacional de cinco milhões. A Finlândia também está desenvolvendo abordagens de inovação para ter acesso a mercados maiores em outras nações.

Os EUA ficaram em terceiro lugar no índice, sendo que suas empresas de tecnologia limpa foram as que mais atraíram capital de risco em números absolutos.

Embora a falta de certeza política com relação à promoção das renováveis e de investimentos em baixo carbono seja um ponto negativo para o país, a administração do presidente Barack Obama está colocando força para a criação de um plano climático que propõe um corte de carbono nas emissões de carbono de usinas de energia de 30% até 2030. O país também está propondo a melhoria de padrões de economia de combustível e crédito para o setor eólico.

Grandes comercializadores de tecnologia limpa

Embora os países emergentes não tenham se destacado tanto como polos geradores de inovação nesse setor, no índice, Brasil, China e Índia foram classificados como ‘grandes comercializadores de tecnologia limpa’. Isso significa que as oportunidades devem aumentar nos próximos anos, já que essas nações possuem um cenário favorável para o crescimento e desenvolvimento de tecnologias limpas, com recursos para comercializar essa inovação.

Segundo o relatório, o Brasil é um país rico em recursos, com mais de 200 milhões de possíveis consumidores. Além disso, possui uma grande quantidade de terras aráveis, que estão agora sendo parcialmente direcionadas para a produção e exportação de biocombustíveis avançados.

O governo brasileiro também está promovendo a indústria de tecnologia limpa através de um pacote de estímulo para a infraestrutura de US$ 66 bilhões, o Plano Inovar de US$ 16 bilhões para tecnologias agrícolas e um fundo de US$ 200 milhões para inovação sustentável do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

A China tem uma razão a mais para acelerar seus investimentos em tecnologias limpas, já que a poluição de muitas de suas metrópoles chega frequentemente a níveis críticos; por isso, o governo está desenvolvendo uma estratégia para o desenvolvimento dessas tecnologias, o que está estimulando esse mercado no país.

As empresas de tecnologia limpa chinesas recebem taxas corporativas preferenciais e acesso facilitado a empréstimos com baixas taxas de juros através do banco de desenvolvimento estatal. Não por acaso, investimentos internacionais estão cada vez mais buscando o país, embora ainda haja diversos obstáculos, até mesmo culturais.

Já a Índia está enfrentando uma rápida urbanização, uma indústria crescente que passa por frequentes déficits de energia e o esgotamento de seus recursos naturais. Como resultado, o país espera gastar quase US$ 30 bilhões em renováveis e US$ 1,7 trilhão em infraestrutura energética até 2035.

A nação também está oferecendo políticas atraentes de investimento para estrangeiros em empresas do setor ambiental e de serviços. Como resultado, o país está emergindo como um dos fornecedores que mais cresce tanto para fabricantes locais quanto para internacionais de tecnologias renováveis (turbinas eólicas, conversores, torres etc.).

Retardatários

O relatório classificou alguns dos países analisados como ‘retardatários’, ou seja, os que apresentam menos investimentos no setor. Ainda assim, mesmo esses, entre eles a Rússia e a Arábia Saudita, mostraram passos significativos em direção às tecnologias limpas nos últimos anos.

A Rússia, apesar do baixo nível de eficiência energética e do foco em fontes convencionais de energia, criou em 2012 o Fundo Wermuth-Tatarstan, dedicado a investir no mercado interno de tecnologias limpas. A Fundação Skolkovo também iniciou seu primeiro centro de ciência e inovação tecnológica, com vários investidores e companhias de tecnologia limpa. A fundação possui um grupo de Tecnologias em Eficiência Energética que conecta mais de 80 empresas.

Já a Arábia Saudita, potência do petróleo, começou recentemente a se interessar por usar seus desertos para gerar energia, construindo usinas fotovoltaicas e de energia solar concentrada. Em 2012, a organização Cidade Rei Abdullah para Energia Atômica e Renovável (KACARE) estabeleceu um plano de US$ 100 bilhões para instalar mais de 41 GW de energia solar e fazer com que 20% da eletricidade do país venha dessa fonte até 2030.

Também em 2012, a municipalidade de Meca criou um esquema para instalar uma usina solar de 100 MW. Tudo isso é parte da estratégia do país de preservar mais suas reservas de petróleo para exportação, já que elas representam 86% de sua receita total.

O documento conclui que os países que colocam recursos no apoio à inovação de tecnologias limpas são recompensados com o surgimento de mais empresas desse setor, melhorando, além dos aspectos ambientais, sua economia.

Para continuar essa tendência, o relatório coloca três passos que devem ser seguidos: se adaptar à crescente demanda por renováveis; ligar as novas tecnologias e empresas a múltiplos canais para aumentar suas taxas de sucesso; e aumentar o engajamento internacional para estimular a adoção disseminada de tecnologias limpas.

“Precisaremos ver uma ampla gama de soluções de inovação em tecnologia limpa aumentar rapidamente nos próximos 10-30 anos. Agências, governos, investidores e negócios precisam colaborar proativamente [...] para um futuro de energia sustentável em nível global. Entender esses processos de inovação é importante a fim de acelerar [...] o estabelecimento de metas climáticas nacionais e limites de carbono”, observou Samantha Smith, líder da Iniciativa Global de Clima e Energia do WWF, no relatório.
Instituto Carbono Brasil

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