01/10/2014

Aumento do salário mínimo é «boa medida», apesar de representar «pouco»

O presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana alertou hoje para a necessidade de políticas que protejam mais as famílias e considerou “uma boa medida” o aumento do salário mínimo nacional, apesar de ser “pouco”.
“Perante a situação social que vivemos no nosso país, penso poder definir esta medida como boa, uma vez que vai ao encontro dos que trabalhando terão direito a poder usufruir um pouco mais do seu trabalho”, comentou D. Jorge Ortiga sobre o aumento do salário mínimo nacional para 505 euros.
À Agência ECCLESIA, o arcebispo de Braga reforça que a atual situação social “é muito exigente”, com necessidades variadíssimas desde pessoais a familiares, e uma subida de 20 euros que “à partida é, de facto, muito pouco" acaba por ser "uma boa medida”.
O prelado reconhece também que este aumento, que abrange meio milhão de trabalhadores até ao fim de 2015, significa para as entidades patronais “muito, é um esforço” e deseja que as empresas não se ressintam com “hipotéticas falências”, mas que criem “dinamismo para aumentar um pouco mais” os salários em Portugal, para “uma maior igualdade salarial”.
D. Jorge Ortiga, que falou à Agência ECCLESIA no final da primeira reunião da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana no novo ano pastoral, sublinhou que gostaria que o Orçamento de Estado 2015 “não olhasse simplesmente para as estruturas materiais que se poderão construir ou restaurar” mas tivesse visão mais “personalista”, que reconheça “a pessoa, a sua dignidade”.
Mesmo “não” sendo “perito em economia nem em Orçamento de Estado”, o arcebispo minhoto pretende uma maior “dimensão social” na defesa dos mais pobres e carenciados, na educação, onde é “absolutamente necessária uma transformação de critérios”, e da família, em concreto nos dois extremos, “a natalidade que precisa de ser apoiada e a terceira idade”.
“É necessário propor o que é a família, que precisa de ser repensada e deve ser sublinhando o valor que tem. A Igreja Católica refere que é essencialmente uma comunidade de amor que se deve orientar para a procriação, quando os pais reconhecerem isso”, desenvolve o entrevistado, que defende “esta nova mentalidade onde todos são considerados”.
Nesse sentido, D. Jorge Ortiga frisa que a Igreja, na linha do Evangelho, vai continuar a “ter uma atitude de muita atenção” à vida concreta dos portugueses, e defende uma dupla atitude “fundamental” de caridade e denúncia.
“Emprestar a voz a quem não tem voz denunciando as situações de injustiça. Não basta a Igreja servir-se da palavra mas tem de chegar às obras concretas, dentro das suas possibilidades”, desenvolve.
Por isso, aos cristãos é pedido que testemunhem com a vida e com atitudes “uma caridade concreta” que primeiro é atenção às pessoas e depois resposta, sejam de ordem material ou espiritual.
“Basta reconhecer que existe muita gente a viver na solidão e isolada, a precisar de uma presença, de uma palavra, de conselhos”, alerta ainda D. Jorge Ortiga que apela aos cristãos que seja voz ativa na “praça pública” e na “política” porque “há uma sociedade nova que pode e deve nascer”.
CB/OC
Agência Ecclesia

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