11/01/2015

Educação ruim afeta o crescimento econômico



85% da população concorda que a baixa qualidade da educação compromete o desenvolvimento do país.






Por Dyelle Menezes

Os brasileiros acreditam que a baixa qualidade da educação prejudica o crescimento econômico e dizem que o Brasil precisa melhorar o ensino de português e matemática, além de ampliar a oferta de cursos que combinem educação de nível médio com formação profissional. As conclusões estão na Pesquisa Retratos da Sociedade Brasileira – Educação Básica, feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). De acordo com o levantamento, 85% da população concorda que a baixa qualidade da educação compromete o desenvolvimento do país. Entre os que recebem mais de dez salários mínimos, esse número sobe para 98% e fica em 84% entre os entrevistados cuja renda familiar é de até um salário mínimo.


“A baixa escolaridade dos brasileiros e a baixa qualidade da educação comprometem a capacidade do trabalhador para compreender, utilizar, adaptar e desenvolver novas tecnologias e métodos de produção. Isso impede o aumento da produtividade”, diz o gerente executivo da Unidade de Pesquisa e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca. “A educação de qualidade favorece a inovação nas empresas e é fundamental para o exercício da cidadania”, completa Fonseca. A pesquisa ainda mostra que 71% consideram que os alunos do ensino fundamental e médio passam pouco tempo na escola.


Além disso, para 64% da população, a escola cumpre cada vez menos com o papel de ensinar disciplinas essenciais, como português e matemática. Na análise de 17 disciplinas, os entrevistados apontam o português e a matemática como as mais importantes nos ensinos fundamental e médio. Em ambos os casos, as duas disciplinas tiveram mais de 80% das menções, em questão de múltipla escolha. Em seguida, para o ensino fundamental, foram citadas ciências (74%), história (73%), inglês (70%) e geografia (69%). No ensino médio, as disciplinas consideradas mais importantes, depois de português e matemática, são ciências (77%), história (76%), geografia (75%), química (74%), inglês (74%) e biologia (73%).


Escola não prepara para o mercado


Além de falhar no ensino de português e matemática, os brasileiros acham que a escola não prepara para o mercado de trabalho. Apenas, 14% dos entrevistados acham que os alunos formados no ensino médio são bem preparados para o trabalho. No ensino superior, esse número sobe para 23%.


Por isso, a população defende o aumento da oferta de ensino médio conjugado com educação profissional. Entre os entrevistados, 89% concordam total ou parcialmente que o país precisa oferecer mais cursos de ensino médio que também ensinem uma profissão. Entre as pessoas com renda superior a 10 salários mínimos, esse percentual sobe para 98%. Entre os que recebem menos de um salário mínimo, 87% sugerem a ampliação dos cursos articulados.


“Ampliar a oferta dos cursos com conteúdos e práticas alinhadas com a demanda das empresas abrirá um leque de oportunidades e facilitará a vida dos jovens brasileiros, que hoje enfrentam dificuldades para encontrar o primeiro emprego, justamente porque não têm uma educação voltada para o mundo do trabalho”, diz o diretor de Educação e Tecnologia da CNI, Rafael Lucchesi.


Levantamento feito pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) mostra que 72% dos ex-alunos dos cursos técnicos conseguem trabalho no primeiro ano depois da formatura. E mais, a renda das pessoas com curso técnico é, em média, 24% maior do que a dos demais trabalhadores.


A pesquisa da CNI revela ainda que, na avaliação da população, a renda pessoal depende do grau de escolaridade. A maioria das pessoas (53%) concorda total ou parcialmente que a renda de uma pessoa será maior quanto mais anos de educação ela tiver. Apenas 10% discordam total ou parcialmente da afirmação. O número dos que concordam total ou parcialmente é de 94% entre quem tem renda superior a 10 salários mínimos e de 76% entre os que ganham até um salário mínimo.


Ensino privado é melhor


Conforme o levantamento, os brasileiros avaliam que a escola particular é melhor que a pública em todos os níveis de educação. Entre os entrevistados, 77% consideram o ensino em escolas particulares bom ou ótimo. Quando se trata da escola pública, o número cai para 50%.


Além disso, a CNI construiu um indicador que aponta a percepção sobre a qualidade da educação nas escolas públicas e privadas nos diversos níveis de ensino. O indicador varia de zero a cem pontos e quanto mais próximo de cem, melhor é a avaliação da população. Para o ensino fundamental nas escolas públicas, o indicador ficou em 57,6 pontos, abaixo dos 76,1 pontos alcançados pelas instituições privadas. No ensino médio, o indicador das escolas públicas foi de 58,4 pontos, ante os 75,8 pontos das privadas. E, no ensino superior, as públicas alcançaram 67 pontos e, as privadas, 75,9 pontos.


“A educação superior é o nível de ensino para o qual a população vê a menor distância entre a qualidade da escola pública e da escola particular”, diz a pesquisa.


Conforme a pesquisa, a segurança é o item com a pior avaliação nas escolas públicas. Em uma escala de zero a cem, a segurança ficou com 5,1 nas escolas de ensino fundamental e com 5,3 no ensino médio. O item melhor avaliado foi condições de limpeza e manutenção, com 6,7 no ensino fundamental e 6,9 no ensino médio. As notas desta edição da pesquisa são inferiores às registradas no levantamento feito em 2010, o que indica o aumento da insatisfação da população com as condições das escolas públicas no país.


Nove em cada dez pessoas concordam totalmente ou parcialmente que a participação dos pais é muito importante para o desempenho dos estudantes. Apenas 2% dizem não concordar ou discordar dessa afirmação. A maioria dos entrevistados (76%) avalia que a baixa participação dos pais é um dos problemas da escola pública.


Apesar da baixa qualidade da educação oferecida na escola pública, do baixo tempo de permanência e da ausência dos pais, 67% da população atribuem ao estudante a responsabilidade pelo mau desempenho escolar.


Contas Abertas

Matéria publicada originalmente pelo Portal Contas Abertas, entidade da sociedade civil, sem fins lucrativos, que reúne pessoas físicas e jurídicas, lideranças sociais, empresários, estudantes, jornalistas, bem como quaisquer interessados em conhecer e contribuir para o aprimoramento do dispêndio público, notadamente quanto à qualidade, à prioridade e à legalidade.


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