Um jornalista e uma religiosa projetam 2015
“O Papa para a Igreja penso que coloca os maiores desafios, aquilo que é essencial e a Igreja se deve empenhar”, começa por assinalar António Marujo que considera que Francisco “surpreende todos os dias, ou quase”.
O jornalista especialista em assuntos religiosos destaca o facto ”curioso” de na ausência de lideranças políticas noutros setores da sociedade muitas pessoas que “não acreditam” voltam-se para o Papa como “último refúgio de um exercer o poder em modo de serviço”.
“O Papa mostrou que é possível exercer o poder para servir a comunidade e esse é o desafio maior que faz para dentro da Igreja que tem de mudar radicalmente porque existem muitos vícios acumulados no sentido de imitar o que de mau se percebe no campo da política e economia”, desenvolveu à Agência ECCLESIA.
A irmã Irene Guia concorda com a importância e “figura de referência” que Francisco vai desempenhar ao longo de 2015 e assinala, no seu “comando da Igreja”, a transparência e a informação que é veiculada pela Santa Sé.
“Nunca soubemos tanto da Igreja exposta pelas orientações do Papa e não pela comunicação social” e exemplifica com a apresentação dos votos das propostas do Sínodo dos Bispos, a reforma do Banco do Vaticano e mesmo a informação “dos milhões que não foram declarados”.
António Marujo considera que por “razões óbvias” o tema da família vai estar em evidência na Igreja Católica com o Papa em visita apostólica ao Sri Lanka e às Filipinas, entre 13 e 19 de janeiro, visita ainda a França, e participa no Encontro Mundial das Famílias, em Filadélfia, nos Estados Unidos da América, para além da assembleia do Sínodo dos Bispos.
As expectativas do entrevistado são “mistas”, por um lado considera que a estratégia do Papa de “abrir o debate a mais inteligente” por outro assinala o “risco” do processo sinodal “continue a não ouvir a voz dos crentes”.
A religiosa da Congregação das Escravas do Sagrado Coração de Jesus revela que também tem “grandes expectativas” sobre o tema família e comenta que “se a Igreja é mãe” tem de olhar para este assunto “de frente”.
“Não significa ser apologista de A ou B. Uma coisa é a disciplina outra é a doutrina, que é intocável, mas a disciplina ao longo dos tempos foi alterada e é por ai que a reflexão deve ser feita”, acrescentou a irmã Irene Guia.
A nível nacional os dois interlocutores destacam o facto de em 2015 haver eleições legislativas e a sociedade portuguesa estar desinteressada pela política.
“Estou convencido que na noite eleitoral vamos ver grandes lamentos pela abstenção”, adianta António Marujo que alerta que os políticos ainda “não entenderem” que a abstenção cresce na medida em que o “modo de exercer a política afasta as pessoas que se desencantam” e não se identificam.
A religiosa explica que considera “gravíssimo e perigosíssimo” o afastamento “brutal” e cada vez mais progressivo dos portugueses pela política que pode tornar-se “uma casta”
“Há um autismo que é perigoso porque gostaríamos muito de estar implicados mas o cidadão comum desentendeu-se. A grande aposta seria recuperar isso”, desenvolveu a religiosa que alertou que não existe uma sociedade “adulta e madura” se o cidadão “não está comprometido com o seu futuro e decisões”.
PR/CB
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