Em 54 páginas, Buarque nos convida a agir contra esse mundo desigual, conclamando a todos a reagirem, dentre outras coisas, “contra o conceito de progresso baseado no crescimento econômico que consome a vida das pessoas e destrói o equilíbrio ecológico em busca de aumentar a produção de bens materiais privados e de curta duração”.
“Reaja” é dedicado, essencialmente, a todos aqueles que não perdem a capacidade de sonhar o sonho impossível e se põem na estrada em busca de construí-los, não aceitando que o mundo seja sempre assim.
Assim como Buarque se inspirou em Hessel, me atrevo a deixar aqui, nas linhas a seguir, um pouco daquilo que, a exemplo dos dois pensadores citados, também nos incomodam muito:
– Não se acomode, reaja contra um sistema econômico que desfigura o semblante da natureza em troca de mais produtos;
– Não se acomode, reaja contra uma economia que não realiza o projeto de bem-estar para o qual deveria existir e estar submetida;
– Não se acomode, reaja contra as teorias econômicas que explicitam detalhadamente como aumentar a riqueza, mas não como acabar com a indecente pobreza;
– Não se acomode, reaja contra a ditadura do Produto Interno Bruto (PIB) que aumenta em decorrência de mais mortes e acidentes, mas não contabiliza a plantação de uma árvore ou do conjunto de riquezas naturais;
– Não se acomode, reaja ao tipo de economia que está ao serviço do mercado, e não das pessoas;
– Não se acomode, reaja aos que se opõem à conciliação da economia com a ecologia, e que pautam a vida social na sustentabilidade do crescimento, não do desenvolvimento;
– Não se acomode, reaja contra os expressivos gastos em publicidade que induz a mais compras daquilo que muitas vezes não precisamos;
– Não se acomode, reaja contra governos que torram fortunas em materiais bélicos, dizimando vidas inocentes, mas economizam ajuda financeira em missões humanitárias;
– Não se acomode, reaja contra a exclusão social provocada por atividades econômicas que atendem a interesses de grupos corporativos;
– Não se acomode, reaja contra toda e qualquer indiferença que segrega, exclui, e que deixam no limbo aqueles cuja condição financeira não alcança os mesmos espaços e oportunidades oferecidas aos mais abonados;
– Não se acomode, reaja ao próprio comodismo, pois o desejo de mudar incita à ação transformadora.
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