11/03/2015

Expectativa e perspectiva de vida


A complexidade da sociedade moderna pode dificultar a esperança de uma vida longa.




‘Que o amor fraterno os preencha de afeto uns para com os outros’ (Rm 12,10).



Por Dom Paulo Mendes Peixoto*


Fala-se em aumento da média de vida do povo brasileiro. É uma notícia muito agradável e comprovada pela existência de inúmeras pessoas com mais de cem anos de idade, e com vida saudável, sem causar sofrimento para os que as cercam. O avanço da tecnologia, da ciência e do saneamento básico bem administrado é fundamental para que isto aconteça e cresça sempre mais.


Paralelo a essa constatação, crescem também os crimes contra a vida. Milhares de pessoas vão sendo eliminadas, por diversas maneiras, fruto de um desenvolvimento mal conduzido e pouco preocupado com o valor da vida. A prática da maldade tem sido corriqueira, que vai minando a força da esperança, e até a sensação de que a presença de Deus não acontece mais.


A fonte da esperança está em Deus. Não num Deus distante das pessoas, que não é percebido como Pai, mas Aquele que cuida dos filhos que dão espaço para sua ação. Ele dá sentido para a vida e muda o rumo da história de cada pessoa, porque é rico em misericórdia, amor, favor e bondade. Infeliz é aquele que cria deuses diferentes e incapazes de trazer conforto e vida longa feliz.


O processo de conversão desejado pelo tempo da quaresma está dentro do projeto em que Deus erradica as forças do sofrimento, da injustiça, do pecado e da opressão. Tudo que afeta a dignidade da vida das pessoas, como ações injustas que causam infelicidade, vai contra esse projeto, porque não permite vida duradoura.


A presença de Jesus Cristo no mundo foi de luz, mas muitos preferem viver na escuridão. Odiar a luz significa transformar o outro em inimigo, que deve ser combatido, isolado, vencido e vitimizado. Diz Paulo: “Que o amor fraterno os preencha de afeto uns para com os outros” (Rm 12,10).


A complexidade da sociedade pode dificultar a esperança de vida longa. Mas com toda vulnerabilidade diante da violência, da insegurança e da insensibilidade, que dificultam a consciência de uma real perspectiva de vida longa, a confiança em Deus dá sentido para a vida.



*Dom Paulo Mendes Peixoto é arcebispo de Uberaba


http://goo.gl/GjUcDg

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