18/05/2015

Valores que não passam


É preciso saber curar e enfaixar as feridas daqueles que não se sentem acolhidos e amados.





Por Dom José Gislon*


Jesus Cristo, o Filho de Deus, assumiu a condição humana, nascendo e vivendo como membro de uma família, de um determinado povo e em uma realidade histórica. Os discípulos de Jesus, fiéis a Ele, levaram adiante a missão que dele receberam de anunciar o Evangelho que testemunhava a vida e a palavra de Jesus Cristo.


Anunciar Jesus é a missão fundamental da Igreja. Para isso, ela precisa estar inserida na vida das pessoas de cada época e lugar. Assim, deve saber acolher as alegrias e esperanças, tristezas e angústias do homem e da mulher de hoje. É preciso que os discípulos missionários saibam curar e enfaixar as feridas daqueles e daquelas que não se sentem acolhidos e amados por uma sociedade que busca cada vez mais a eficiência e a técnica para aumentar a produtividade, para sobreviver numa sociedade globalizada e altamente competitiva.


Vivemos uma época de transformações profundas. Não se trata de uma época de mudanças, mas de uma mudança de época, na qual muitos valores que marcaram profundamente a vida das pessoas na família e na sociedade tendem a desaparecer ou a se tornarem menos presentes na vida social e comunitária. Mudanças de época, de fato, afetam os critérios de compreensão, os seus valores mais profundos, a partir dos quais se afirmam identidades e se estabelecem ações e relações, pessoais e comunitárias.


Sabemos que, no campo social e econômico, os critérios que regem o mercado regulam também as relações humanas. Vemos crescer ao nosso redor as ofertas que enfatizam a felicidade, a realização e o sucesso pessoal, muitas vezes em detrimento do bem comum e da solidariedade, desconsiderando as atitudes altruístas, solidárias e fraternas, comprometidas com o cuidado da vida, o equilíbrio social e a preservação da natureza.


Dentro deste contexto sociocultural, o discípulo missionário do Senhor Jesus não desanima nem se acomoda, mas sabe colocar-se na presença do Senhor. Ele crê que o Espírito Santo é a força de Deus presente na vida das pessoas e da comunidade eclesial e confia que Ele o conduz, orienta e ilumina. Por isso, não deixa morrer os valores da solidariedade e da caridade que protegem a vida e alimentam a esperança e revigoram os corações dos irmãos e irmãs que padecem por ações violentas dos semelhantes e por fatores da natureza. Graças à sua solidariedade, eles podem reavivar a chama da esperança para um novo amanhã.



CNBB, 15-05-2015.

*Dom José Gislon, OFMCap, é bispo de Erexim (RS).


http://www.paroquiasantoafonso.org.br/?p=13864

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