05/08/2015

Dom Helder revela-se como articulador no Concílio


Rádio Vaticana



Cidade do Vaticano (RV) – No nosso espaço Memória Histórica – 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos falar na edição de hoje sobre a atuação de Dom Helder Câmara no evento conciliar.


Após termos dedicado alguns programas à atuação dos Bispos Brasileiros no Concílio Vaticano II, vamos tratar na edição de hoje, especificamente sobre a atuação de Dom Helder Câmara. A convocação do Concílio em 25 de janeiro de 1959 fez nascer, de fato, no então Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro, uma grande expectativa em relação a mudanças profundas no seio da Igreja.


Dom Helder, como consultor da Comissão dos Bispos e Governo das Dioceses, foi um dos sete bispos, entre os dez brasileiros, a tomar parte numa das dez Comissões Preparatórias ou num dos quatro Secretariados do Concílio, criados em 5 de junho de 1960. Inquieto com as dificuldades na preparação e pela falta de comunicação e articulação entre as Comissões, Dom Helder confidenciou a Dom Manuel Larraín, Bispo de Talca, no Chile, suas apreensões:


“Vejo o Concílio aproximar-se. Até hoje, nem sequer o Temário nos chegou. Humanamente, não há muito como esperar (…). mesmo assim irei ao Concílio. Será a suprema oportunidade, porque o Santo Padre nos mandou falar como Bispos. Na medida em que o pudermos fazer, o faremos. De julho para cá, a situação só tem piorado. O Temário do Concílio, até hoje não chegou ao Brasil”.


Estas preocupações, todavia, transformaram-se em esperança e entusiasmo com o discurso de abertura pronunciado por João XXIII em 11 de outubro de 1962. Dois dias após, em sua primeira Congregação Geral, os trabalhos conciliares foram suspensos por quatro dias, atendendo o pedido de alguns prelados que se recusavam a votar a lista dos integrantes das Comissões conciliares, sem uma consulta prévia entre os membros do Concílio.


Com esta atitude, saía de cena a Cúria Romana, cujos Prefeitos presidiam a cada uma das Comissões Preparatórias do Concílio para dar lugar a novos protagonistas, como as Conferência Episcopais e o único organismo de caráter continental de toda a Igreja, o Conselho Episcopal Latino-americano (CELAM).


Dom Helder Câmara, Secretário da CNBB e Vice-Presidente do CELAM, junto com seu colega na Vice-presidência do CELAM, Dom Manoel Larraín, passaram então a trabalhar intensamente na articulação com as demais conferências episcopais, para compor a nova lista de nomes para as Comissões Conciliares. Este momento inicial do Concílio ofereceu a oportunidade para que se tornasse conhecida na Igreja uma personalidade ainda então desconhecida, mas que ganhou grande notoriedade pela capacidade de articulação e diálogo e pelas ideias que defendia: Dom Helder.


Dom Helder tinha por hábito registrar os acontecimentos, o que fez com que surgisse um verdadeiro diário composto por 297 cartas, escritas quase que diariamente durante as quatro Sessões. A maior parte dos originais faz parte do arquivo da Fundação “Obras de Frei Francisco”, no Recife. As cartas eram dirigidas a um pequeno grupo de colaboradores e colaboradoras do Rio de Janeiro e, mais tarde, de Recife.


No próximo programa, vamos conhecer a relação de Dom Helder com Monsenhor Montini e a articulação para a criação da CNBB.


Fonte: Dom Helder Câmara e o Concílio Vaticano II. Pe. José Oscar Beozzo


(from Vatican Radio)



Dom Helder revela-se como articulador no Concílio

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