Comentário ao Evangelho do Vigésimo Sexto Domingo Comum – 27 de setembro
No início da sua pregação messiânica, foi Jesus a Nazaré em dia de sábado e fez a leitura bíblica, um trecho tirado do profeta Isaías sobre a missão do profeta (61, 1-4): «O Espírito do Senhor está sobre mim, porque o Senhor me consagrou, para levar a Boa Nova aos que sofrem, curar as feridas dos corações destroçados, proclamar a libertação aos cativos, a liberdade aos prisioneiros, a consolação aos tristes».
Ao lermos estas palavras, é fácil aplicá-las ao Messias, Jesus Cristo, e aos profetas oficiais que conhecemos na Bíblia. Ainda que seja esta a aplicação primária e direta, a realidade é diferente: cada cristão assumiu esses mesmos deveres no batismo. É a todo o povo cristão, e a cada um dos seus membros, que se aplicam estas palavras, pois cada cristão é um ‘ungido’, profeta do Senhor, enviado a todos os irmãos e irmãs em Cristo que sofrem. E tal não é só um dever, é uma glória – tornar-nos colaboradores de Cristo.
As maneiras de cumprir este dever são muitas, e quem vive sintonizado com o Espírito que em nós habita desde o nosso batismo, desse mesmo Espírito recebe sugestões sobre como viver esta vocação cristã, por palavras e por obras. E é em nome de toda a Santíssima Trindade que o Espírito atua em cada um de nós, se a isso não impedimos pela vivência em pecado grave, que é uma oposição séria à vontade de Deus.
Muito se fala no sentido de realização pessoal, num sentido justo da vida. Mas sem este relacionamento com o Espírito do Senhor, a realização estritamente humana coxeia de modo atroz por vezes. Batizados, somos Igreja de Deus no mundo, todos missionários de Cristo à terra inteira. Inteirar-nos sobre o que se passa à nossa volta, vermos as dificuldades sofridas por tantos vizinhos nossos, por vezes idosos ou doentes ou anónimos para a sociedade, ou por outros irmãos e irmãs em qualquer parte do mundo, é cumprir a vocação para a qual Deus nos chamou à vida. E é uma verdadeira epopeia o que vemos fazer a tantas pessoas que ajudam os mais necessitados, aqui na nossa pátria, ou os mais sofredores em outras partes da terra. Afinal, somos membros da Igreja, esposa e profetisa de Cristo. Tudo isto devemos fazer sem nunca deformar a mensagem da verdade que Deus e o seu Filho Jesus nos deram.
Depois da Anunciação, Maria partiu a toda a pressa para uma montanha da Judeia para lá ajudar a sua prima Isabel: ajudou-a levando-lhe Cristo que já habitava no seu seio, e fazendo mil pequenas outras coisas de que precisava a vida de cada dia (cf. Lucas 1,39-45). Seja ela, a Virgem Mãe de toda a consolação, o nosso modelo no desempenho deste dever glorioso que aprouve a Deus confiar-nos.
Somos membros da Igreja, esposa e profetisa de Cristo
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