27/11/2015

Acolhimento aos migrantes e refugiados é «teste de humanidade» para todos

O Papa disse hoje no Uganda que a forma como se acolhem os migrantes é um “teste” à humanidade de cada pessoa, recordando as consequências de “guerras, violência e várias formas de injustiça”.


“O nosso mundo testemunha um movimento migratório de povos sem precedentes. O modo como enfrentamos este fenómeno é um teste à nossa humanidade, ao nosso respeito pela dignidade humana e, acima de tudo, à nossa solidariedade para com os irmãos e irmãs necessitados”, declarou, no palácio presidencial de Entebe, perante o presidente Yoweri Kaguta Museveni, membros do Governo e do corpo diplomático.


No seu primeiro discurso em território ugandês, Francisco declarou que a sua visita de 43 horas quer ser “um sinal de amizade, estima e encorajamento” para todos.


O Papa saudou o “compromisso excecional” do país no acolhimento dos refugiados, “permitindo-lhes reconstruir as suas vidas em segurança”, bem como os “esforços silenciosos” para assistir os pobres e os doentes.


“De muitas maneiras, o nosso mundo vai-se tornando mais solidário; ao mesmo tempo, porém, assistimos com preocupação à globalização duma «cultura do descarte», que nos torna cegos aos valores espirituais”, observou.


O Uganda foi o primeiro país africano a ser visitado por um Papa, quando Paulo VI viajou até Campala, a 29 de julho de 1969; o mesmo pontífice tinha canonizado os chamados mártires do Uganda, a 18 de outubro de 1964, no Vaticano.


Francisco mostrou-se “feliz” por fazer esta viagem, “com o principal objetivo de comemorar o cinquentenário da canonização dos mártires do Uganda”.


“Os mártires, tanto católicos como anglicanos, são verdadeiros heróis nacionais. Dão testemunho dos princípios orientadores expressos no lema do Uganda: Por Deus e pelo meu país”, explicou.


Segundo o Papa, estes cristãos recordam “a importância que a fé, a retidão moral e o serviço ao bem comum desempenharam e continuam a desempenhar na vida cultural, económica e política” do país.


“Apesar das nossas crenças religiosas e convicções diferentes, somos todos chamados a procurar a verdade, a trabalhar pela justiça e a reconciliação, e a respeitar-nos, proteger-nos e ajudar-nos uns aos outros como membros da única família humana”, prosseguiu.


Francisco recordou a responsabilidade de todos os que têm cargos políticos e são chamados a governar com “transparência”.


“A minha visita visa ainda chamar a atenção para a África no seu conjunto, para a promessa que representa, as suas esperanças, as suas lutas e as suas conquistas”, adiantou, a respeito da primeira viagem ao continente africano no atual pontificado, iniciada esta quarta-feira, no Quénia.


“O mundo olha para a África como o continente da esperança”, acrescentou.


O Papa elogiou o papel das famílias no Uganda e antecipou o encontro com os jovens do país, para lhes deixar palavras de “encorajamento e estímulo”.


“Como é importante que lhes sejam oferecidas a esperança, a oportunidade de receber uma instrução adequada e um trabalho remunerado e sobretudo a oportunidade de participar plenamente na vida da sociedade”, precisou.


Francisco saudou também os idosos, como “memória viva de cada povo”, uma “bússola capaz de permitir que a sociedade encontre a orientação certa”.


Após o encontro, o Papa desloca-se para a cidade de Munionio, a 38 quilómetros da capital Campala, lugar onde o rei Mwanga tomou a decisão de exterminar os cristãos, em 1886.


OC



Acolhimento aos migrantes e refugiados é «teste de humanidade» para todos

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