15/11/2015

Comoção e horror nos locais dos atentados em Paris


Psiquiatras localizam pessoas em choque para fazê-las conectarem a nova realidade.





Horrorizados e com lágrimas nos olhos, os parisienses que estavam nas imediações da casa de shows Bataclan e em outros dois locais alvos, horas antes, de atentados estavam incrédulos com tanta violência.


“Lá dentro foi uma carnificina, pessoas com tiros na cabeça, gente contra quem atiraram quando estava no chão”, descreveu um policial que diz ter participado das operações na noite passada. O balanço provisório no Bataclan é de 82 mortos. Os quatro atacantes morreram, três deles detonando os explosivos que levavam consigo.


O policial, na casa dos 30 anos, estava à paisana. “Fui para casa tomar uma ducha e tranquilizar meus filhos”, disse. “Agora, volto como homem”, acrescentou.


Nesse sábado, o bairro continuava em isolamento, constatou à AFP. Só os moradores, acompanhados por um policial, podiam entrar. Em frente ao Bataclan, três furgões da polícia tapavam a visão de centenas de câmeras do mundo inteiro. Vários carros funerários levavam os corpos, explicou um policial.


Peggy, uma moradora, estava com os olhos vermelhos de tanto chorar. “Não entendo”, disse, consternada. “É um lugar onde os jovens vêm para se divertir”.


“É meu bairro há 30 anos”, contou Mathilde, de 56 anos. “Aqui todo mundo se conhece”. “Estamos todos muito abalados”, explicou.


Um total de seis ataques provocaram nesta sexta-feira à noite pelo menos 128 mortos e 250 feridos, entre eles 99 em estado grave, em Paris e perto do Stade de France, ao norte da capital, onde era disputado um amistoso entre França e Alemanha.


“É preciso continuar vivendo”


Desde que soube da notícia em um bar onde acompanhava o jogo, Mamadu passou a noite na rua ouvindo a rádio. “Sinto nojo, é apocalíptico”, disse o jovem, perto do Bataclan.


Certamente o “Estado Islâmico” quis “se vingar da morte do Jihadista John”, o carrasco britânico do EI, alvo de um bombardeio na quinta-feira, comentou.


Não está tão equivocado. Nesse sábado, o EI reivindicou os ataques. “Oito irmãos com cintos explosivos e fuzis de assalto” lançaram “um ataque bendito (…) contra a França Cruzada”, afirmou, em um comunicado.


Equipes de psiquiatras do serviço de atendimento médico de urgência se mobilizaram. Seu objetivo: localizar as pessoas em choque, “fazer que se conectem de novo à realidade”, explicou Christophe Debien, procedente de Lille (norte), como reforço. E detectar os suscetíveis de desenvolver um sintoma pós-traumático”.


Eles são tratados em um centro médico improvisado no bairro.


Em uma rua a 800 metros dali, onde ocorreu outro dos ataques, Maximilien, de 26 anos, faz sua caminhada. “Não devemos parar de viver”, diz. “Não devemos mudar os hábitos”.


Mais longe dali, um atentado deixou 19 mortos. Os carros fúnebres acabaram de retirar os corpos no meio da manhã.


“Foram rajadas de tiros”, foram encontrados “impactos do outro lado da rua. Muitos”, explicou um policial.


Um jovem quer saber o que está acontecendo. “Ainda tem (atacantes) por aí?”, pergunta. “Não sei”, responde o policial, “é possível, mas não devemos deixar que o pânico tome conta, é o que querem”.


Uma pessoa com uma vela não mão pergunta se pode colocá-la diante do restaurante atacado “É cedo demais, é cedo demais”, responde uma policial, e a pessoa vai embora, chorando.



AFP


Comoção e horror nos locais dos atentados em Paris

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