14/03/2016

O bálsamo da misericórdia

Aquilo que a Igreja chama de «obras de misericórdia» são «os atos concretos e quotidianos, destinados a ajudar o nosso próximo no corpo e no espírito e sobre os quais havemos de ser julgados»


Não tenho dúvidas. O Papa Francisco foi uma bênção para a Igreja e para o mundo. Pela maneira como entende o nosso tempo, pelo frescor das suas palavras, pela simplicidade com que se aproxima de todos, pela profundidade com que fala ao coração das pessoas. É por isso que não entendo as reticências de alguns, sobretudo dentro da Igreja, com medo não sei de quê. De ser demasiado liberal? De abrir demais a Igreja ao mundo? De querer uma Igreja mais próxima das pessoas? O Evangelho não aponta outro caminho.


Vem isto a propósito da «misericórdia». É a palavra, o conceito que mais nos elucida sobre o coração deste Papa, o seu testemunho, a sua vida. E que resume a sua missão de pároco, de arcebispo, de Pontífice. Diria mais: de homem sério, que analisa os problemas da humanidade em vista de soluções. É um presente para o nosso tempo, tão necessitado de misericórdia.
 
Li de enfiada o livro «O nome de Deus é misericórdia» que confirma o que acabo de dizer. É um texto ágil e cativante onde Francisco, com simplicidade e preocupação consciente procura fazer compreender a todos que não há homem nem mulher sobre o qual não se pouse o olhar misericordioso de Cristo e não existe culpa que não possa ser perdoada.


A partir daqui entende-se melhor o lema «Miserando atque eligendo», isto é, «Por misericórdia o escolheu», que ele colocou no seu brasão episcopal e que explica a sua própria vocação e o seu programa de vida, inclusive a consciência de ser também ele necessitado de misericórdia. E também se explica a proclamação do Jubileu da Misericórdia e a apresentação da Igreja como «um hospital de campo» e uma comunidade, chamada a aquecer o coração das pessoas com a proximidade e a vizinhança.


Leio a mensagem do Papa para esta Quaresma e o acento é o mesmo. Por isso convida cada cristão a fazer pessoalmente experiência de misericórdia, porque é a misericórdia de Deus que transforma o coração do homem, que lhe faz experimentar o seu amor fiel e o torna, por sua vez, capaz de gerar misericórdia. Aquilo que a Igreja chama de «obras de misericórdia» são «os atos concretos e quotidianos, destinados a ajudar o nosso próximo no corpo e no espírito e sobre os quais havemos de ser julgados». São uma maneira de «acordar a nossa consciência, muitas vezes adormecida, perante o drama da pobreza, e de entrar cada vez mais no coração do Evangelho, onde os pobres são os privilegiados da misericórdia divina», conclui Francisco na sua mensagem. Não basta lê-la, é preciso praticá-la.


Fátima Missionária



O bálsamo da misericórdia

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