23/06/2016

Papa envia mensagem em favor da paz e da reconciliação com a história

Francisco inicia na sexta-feira primeira viagem ao Cáucaso



Cidade do Vaticano, 23 jun 2016 (Ecclesia) – O Papa Francisco enviou uma videomensagem à população da Armênia, antecipando a sua viagem ao país, com início marcado para sexta-feira, e deixou um apelo à paz e à reconciliação com a história.


“Não permitamos que as recordações dolorosas tomem conta do nosso coração; mesmo diante dos ataques repetidos do mal, não nos rendamos”, declarou, numa evocação das várias perseguições contra os arménios, que assinalaram em 2015 o centenário do ‘martírio’ (Metz Yeghern) às mãos do Império Otomano.


O Papa visita a Arménia a convite de Karekin II, supremo patriarca e catholicos de todos os arménios, das autoridades civis e da Igreja Católica, naquela que é a sua 14ª viagem internacional, com passagens, até ao momento, por 21 países.


Francisco confessa “admiração e dor” pela história e “vicissitudes” do povo arménio, cujos sofrimentos “estão entre os mais terríveis que a humanidade recorda”.


A mensagem associa-se, por isso, à dor pelas “tragédias” que os antepassados deste povo “viveram na sua própria carne”.


O Papa apresenta-se como “servo do Evangelho e mensageiro de paz”, disposto a apoiar todos os esforços de “reconciliação”.


Francisco vai visitar no sábado o memorial dedicado às vítimas do genocídio arménio em Erevan, capital da Arménia, durante a sua visita ao país, entre sexta-feira e domingo.


A passagem pelo memorial de Tsitsernakaberd, construído em 1967, é um dos pontos centrais da visita do pontífice argentino, que já em abril de 2015 tinha celebrado uma Missa pelo centenário do ‘Metz Yeghern’, durante a qual proclamou São Gregório de Narek como doutor da Igreja.


“Daqui a pouco terei a alegria de estar entre vocês, na Arménia”, refere na videomensagem, pedindo ao povo arménio para rezar por esta viagem apostólica.


A intervenção recorda que a Arménia é considerado “o primeiro país cristão” – o rei Tiridates III proclamou o Cristianismo como religião de Estado em 301, ainda antes do Império Romano, sob o impulso de São Gregório, o Iluminador.


“Façamos como Noé que depois do dilúvio não se cansou de olhar para o céu e libertar várias vezes a pomba, até que uma vez ela regressou a ele com um ramo novo de oliveira. Era o sinal de que a vida podia recomeçar e a esperança devia ressurgir”, observou.


A mensagem faz assim referência à tradição bíblica, que no livro do Génesis assinala que a arca de Noé teria pousado sobre o monte Ararat, que agora pertence à Turquia.


Simbolicamente, Francisco e Karekin II vão lançar pombas brancas desde o Mosteiro de Khor Virap em direção ao monte.


Em abril de 2015, o Papa associou-se à cerimónia de “canonização dos mártires” da Igreja Arménia Apostólica (independente de Roma).


“Um século passou sobre este horrível massacre que foi um autêntico martírio do vosso povo, no qual muitos inocentes morreram”, escreveu, citando a declaração comum assinada por João Paulo II e pelo patriarca arménio Karekin II em 2001.


A referência a este texto, que fala do “extermínio de um milhão e meio de arménios cristãos” como “o primeiro genocídio do século XX”, mereceu protestos por parte da Turquia.


Segundo a Arménia, 1,5 milhões de pessoas foram perseguidas e mortas entre 1915 e 1916, enquanto para a Turquia o número de arménios mortos, nos combates que se sucederam ao levantamento das populações arménias contra os otomanos, não supera os 500 mil.


OC



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