15/07/2016

BRASILEIROS RELATAM PÂNICO DURANTE ATAQUE EM NICE; VEJA HISTÓRIAS


‘Policiais não pediam calma. Pediam para a gente correr’, diz estudante.

Levou mais de 40 minutos para saber o que tinha acontecido.






Letícia Macedo

Do G1, em São Paulo






Testemunhas relatam que o ataque da noite desta quinta-feira (14) em Nice foi seguido de correria e pânico. Muitas demoraram vários minutos para entender o que estava acontecendo: um caminhão atropelou diversas pessoas que estavam assistindo à queima de fogos em comemoração ao 14 de Julho, Dia da Queda da Bastilha, matando 84 pessoas e deixando dezenas de feridos. Veja relatos de brasileiros que presenciaram a tragédia:


‘Policiais pediram para a gente correr’

A estudante franco-brasileira Gabriella Secret, de 22 anos, estava no meio da multidão no momento do ataque. “Eu cheguei por lá por volta das 22h. Estava muito lotado desde a praia até a avenida [Promenade des Anglais], que é bem ampla. De repente, todo mundo começou a correr. Ninguém sabia o que estava acontecendo. Ouvi tiros mas ninguém sabia se eram os policiais ou se era um criminoso”, diz Gabriella.

Gabriella Secret vive em Nice e presenciou ataque (Foto: Reprodução/Facebook)Gabriella Secret vive em Nice e presenciou ataque (Foto: Reprodução/Facebook)

“Estava bem perto do ponto onde o caminhão parou. Eu peguei o celular e corri, deixei minha bolsa para trás. Os policiais não pediam calma. Eles pediam para a gente correr. Fomos para um estacionamento aberto. Ficamos lá por uma hora e meia mais ou menos mas parecia muito mais que isso. Ventava e chovia. A bateria do meu celular só deu para ligar para a minha mãe. Não cheguei ver pessoas feridas, ainda bem. Dei uma olhada rapidinho nas imagens, mas nem sei se vou querer ver. Foi horrível”


‘Pessoas não sabiam por que corriam’

O publicitário carioca Bruno Camolez, que vive em Nice desde 2013, mora a 500 metros de onde a tragédia aconteceu e pôde ver pela janela uma avalanche de pessoas correndo em pânico na noite desta quinta-feira. “Grupos se cruzavam em direções opostas, tal o nível de supresa e pânico.” Segundo ele, logo após o ataque, polícia e bombeiros não davam informações sobre o que havia acontecido. “Com exceção das que realmente presenciaram, as pessoas simplesmente não sabiam nem por que corriam.”

Ele só ficou sabendo de fato o que tinha ocorrido cerca de 40 minutos depois, por meio da imprensa. “Para mim, o absurdo foi a falta de informação; 40 minutos até saber de alguma coisa foi incrivel.” Camolez acrescenta que muitos na região estão chocados e que, na manhã desta sexta-feira, a fila de doadores de sangue era enorme.

Veja imagens gravadas pelo publicitário:



Não tinha mais vaga nos hospitais’

O brasileiro Anderson Happel, que mora em Nice, tomou quatro calmantes e diversos analgésicos para aguentar a dor e o estado de choque nesta noite de quinta-feira (14). Ele é um dos feridos no atentado. Como o hospital não tinha mais lugar para receber pacientes, Anderson foi transferido para um posto de atendimento emergencial.

Ele conta que foi com a irmã ver os fogos da Festa da Bastilha quando viu o caminhão se aproximando devagar. De repente, o veículo aumentou a velocidade e “foi passando por cima de todos os que estavam na frente”.



  • O brasileiro Anderson Happel, que foi ferido pelo caminhão do atentado de Nice (Foto: Arquivo pessoal/Anderson Happel)O brasileiro Anderson Happel, que foi ferido pelo caminhão do atentado de Nice (Foto: Arquivo pessoal/Anderson Happel)


“Empurrei a minha irmã e quando fui tentar correr, o para-choque bateu na minha perna esquerda e caí do outro lado. Todo mundo corria em pânico, chorando”, diz. E continua, com a voz trêmula: “Tinha muita criança morta e as mães pedindo a Deus para elas voltarem a viver. Vi muita gente morta, isso me deixou em estado de choque.”

‘Nunca mais vou esquecer’


A mineira Débora Rosendahl relatou “desespero” após o atentado. “A gente viu um caminhão vindo na direção contrária a nossa em alta velocidade, atropelando tudo e todos que estavam na frente. Na hora que a gente viu, tinha jogado uma placa pra cima. E na hora a sensação foi de desespero”, contou a mineira.

Ela relatou que estava perto do hotel onde está hospedada e disse que conseguiu correr com o marido para o local. “Várias pessoas também estavam vindo junto, mas todo mundo em choque, tremendo”, contou. Nascida em Belo Horizonte, Débora mora atualmente na Finlândia e enviou um vídeo ao Bom Dia Minas.

De acordo com a mineira, o dia começou “alegre e festivo” terminou com “uma tragédia”. “Agora ninguém está conseguindo dormir, porque a gente não sabe ao certo o que aconteceu. Só vimos que várias pessoas morreram, perderam a vida. (…) Eu nunca mais vou esquecer”, afirmou.

Polícia fechou estação

Lourenço, Mara e Lorena em Nice (Foto: Arquivo pessoal)Lourenço, Mara e Lorena em Nice (Foto: Arquivo pessoal)

advogada capixaba Lorena Mota Baltazar estava com os pais em Nice, na França, no momento do atentado no Promenade des Anglais, por volta das 22h30 (17h30 em Brasília) desta quinta-feira e lamentou o terror visto nas ruas da cidade do Sul francês: “é decepcionante que uma data tão linda, que simboliza a liberdade, igualdade e fraternidade seja manchada por tanto horror”.

Quando o ataque aconteceu, os três estavam na estação de trem de Nice. “A polícia fechou em massa a estação para proteger os passageiros. Estavam com armamentos pesados e segurança redobrada. Só fomos liberados por volta de 1h de sexta-feira (15)”, contou a advogada.

‘Para o povo de Nice, o verão acabou’

Marcus Thulio durante a viagem para a Europa em 2016 (Foto: Marcus Thulio Rocha/Arquivo Pessoal)Marcus Thulio durante a viagem para a Europa em 2016 (Foto: Marcus Thulio Rocha/Arquivo Pessoal)

analista de comércio exterior Marcus Thulio Rocha, de 28 anos, estava em Nice, na França, próximo ao local do atentado. À TV Asa Branca, ele relatou que na manhã desta sexta-feira, a cidade estava completamente vazia.

“O sentimento [de Nice] é muito triste. O taxista que me levou para a estação ferroviária disse que para o povo de Nice o verão acabou. Lá, o verão estava começando agora. A cidade é extremamente turística e ficou completamente abalada com o que aconteceu ontem”, afirmou o funcionário do Ministério da Fazenda.

O servidor público estava jantando em um restaurante de Nice a alguns quarteirões de onde o ataque ocorreu. Na ocasião, os franceses comemoravam a Tomada da Bastilha – ocorrida durante a Revolução Francesa, em 14 de julho de 1789.

“Quando estava perto de pedir a conta, vi que a rua – antes vazia – começou a lotar de gente. Ninguém sabia o que tinha acontecido. Começamos a perguntar, mas quem estava disposto a falar, só dizia que teria havido uma troca de tiros. Como tinha muita gente vindo, acelerei o pagamento da conta e fui para o hotel. Só quando liguei a TV foi que vi que um caminhão tinha avançado sobre a multidão. Quando o número de feridos e mortos começou a ser contabilizado, percebi que se tratava de um atentado”, relatou Marcus Thulio.





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