22/10/2016

Pelo fim do Daesh e contra um Daesh 2.0

Irmã Irene Guia, responsável pelo JRS no Curdistão Iraquiano, diz que conquista de Mossul pode gerar até um milhão de deslocados


Dohuk, Iraque, 21 out 2016 (Ecclesia) – A religiosa portuguesa Irene Guia, responsável pelos projetos do Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS) no distrito de Dohuk, no Curdistão Iraquiano, disse à Agência ECCLESIA que o fim do Daesh não pode provocar um ‘Daesh 2.0’.


“A maneira como isto for feito vai provocar ou não um Daesh 2.0. Este que conhecemos tem os dias contados, dizem aqui”, referiu a irmã Irene Guia.


Alguns dias após o início da tomada de Mossul pelas tropas do Curdistão Iraquiano e do Iraque, através de uma aliança inédita, a irmã Irene Guia acredita na conquista da cidade diante da fraqueza do Daesh, mas alerta para o perigo de poder gerar um Daesh 2.0.


“Qualquer solução que derive do medo vai provocar o Daesh 2.0; provoca violência e agressão e essa é uma decisão erradíssima”, sublinhou.


Depois de ter trabalhado em campos de refugiados no Ruanda e na República Democrática do Congo, a religiosa das Escravas do Sagrado Coração de Jesus é responsável pelos projetos do Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS) no distrito de Dohuk, na Região Autónoma do Curdistão Iraquiano, onde chegou há um mês.


Em declarações à Agência ECCLESIA a partir de Dohuk, Irene Guia disse não acredita que os iraquianos sejam “marionetas” nas mãos da comunidade internacional sem “capacidade para ler a realidade”, mesmo que “os poderes externos os usem como marionetas”.


Para a irmã Irene Guia, o povo que hoje está a ser alvo de guerras e de extermínios, vai “renascer das cinzas”.


“Este povo vai renascer das cinzas. Aqui não se pode brincar como se brinca noutras zonas do planeta. Aqui há uma forte componente cultural que não é possível eliminar. É a cultura mais antiga à face da terra”, lembrou.


A irmã Irene Guia disse, a partir do Curdistão Iraquiano, que a conquista de Mossul vai ser demorada e pode provocar até um milhão de novos deslocados na região.


“Os campos que estão preparados de longe chegam para acolher as populações que se pensa que venham fugir”, referiu.


Os projetos do JRS, coordenados pela religiosa portuguesa no distrito de Dohuk, tem dois objetivos: “a cura e construção do futuro”.


Para a Irmã Irene Guia, não bastam “cuidados paliativos”, mas é necessário “dar esperança” a todos os povos da região e “promover a preparação para um futuro melhor” porque a maioria “quer regressar a casa”.


A viver uma grande crise financeira, a cidade de Dohuk viu a sua população aumentar 35% pela chegada de deslocados, sendo cada vez menor a possibilidade de conseguir um trabalho.


“Temos de dar formação, criar mais competências nas pessoas que estão à espera de regressar”, sublinhou.


PR



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