Para evitar guerra entre partidos, ela deve trocar só quem vai disputar eleições
BRASÍLIA - Para evitar que seja aberta uma guerra entre partidos aliados por cargos de primeiro escalão, a presidente Dilma Rousseff está decidida a fazer apenas mudanças pontuais na tão falada reforma ministerial de janeiro. Fará trocas só em pastas cujos titulares sairão para disputar a eleição municipal de 2012 e já descartou fusões e extinções de ministérios. Os dirigentes de PT e PMDB, principais partidos governistas, já foram avisados por interlocutores de Dilma dessa determinação.
Após trocar sete ministros em menos de um ano, seis deles por suspeitas de irregularidades, Dilma quer evitar mais conflitos com os partidos aliados. Embora as mudanças na Esplanada sejam poucas, ela faz mistério sobre o que pretende fazer.
O que está ficando cada dia mais certo é a possível ida do ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante (PT), para o lugar de Fernando Haddad (PT) no Ministério da Educação. Dilma não escondeu nos últimos meses sua admiração pelo trabalho e comportamento de Mercadante no ministério.
Extraoficialmente, os dois já estariam fazendo uma transição para a troca, que se daria em 15 de janeiro, com a saída de Haddad para iniciar a campanha pela prefeitura de São Paulo.
Pasta de Política para Mulheres deve ficar com PT
Além de Haddad, sai para disputar a eleição a ministra da Secretaria Especial de Política para Mulheres, Iriny Lopes(PT). Ela disputará a prefeitura de Vitória. Para o cargo dela não há sequer especulação de substituto, mas é certo que continuará com o mesmo grupo do PT.
Em encontro de confraternização de Dilma com líderes aliados, no Palácio da Alvorada, quarta-feira, todos tentaram informações sobre as mudanças de janeiro. Mas Dilma não deixou escapar nada. Ela deve viajar antes do réveillon para férias de dez dias, e, só depois, tomará alguma decisão.
- Para as pessoas que perguntei no Palácio sobre isso, a resposta que tive é que a presidente Dilma está guardando tudo a sete chaves - disse um dos líderes desses dois partidos.
- No jantar com a presidente no Alvorada, essa semana, estavam lá os dois (Haddad e Mercadante). O que vi foi o pessoal querendo saber das mudanças . Essa troca no MEC, por enquanto, está no nível das sinalizações, mas ainda não tem nada oficial - disse o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR).
Ao vice-presidente Michel Temer, semana passada, Dilma só adiantou sua decisão de reduzir a reforma, sem extinção de pastas e fusões. Mas o PMDB acredita que tem espaço para crescer no Ministério das Cidades, com a iminente queda de Mário Negromonte (PP), ou no Ministério dos Transportes, já que o PR está fora da base.
- Nossa esperança é pegar aí um Transportes, ou um Cidades. A presidente disse para Michel (Temer) que não vai mexer numa engenharia que está dando certo para abrir um flanco de disputa entre PT e PMDB. Vai deixar cada um com seu espaço, porque quando for mexer com um, o outro esperneia - disse um interlocutor do vice.
Os peemedebistas contam também que - com a ida de Mercadante para o Ministério da Educação - a vaga do Ministério da Ciência e Tecnologia poderá entrar nesse remanejamento entre os aliados.
PMDB está satisfeito só no discurso oficial
O discurso oficial do PMDB é que o partido está satisfeito. Mas, nos bastidores, os seus dirigentes avaliam que a representação da legenda na Esplanada é muito menor do que a força do partido no Congresso. E apostam que a maior aproximação de Dilma e Temer nos últimos meses poderá favorecer o partido.
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