Passadas as eleições, as promessas daqueles que queriam mamar nas tetas da República ficam no ostracismo, e, agora, eleitos, põem as unhas de fora. Talvez pensem consigo mesmo: nosso povo tem memória curta.
Nossos representantes no Congresso Nacional, numa atitude de bonzinhos para si mesmos e de falta de patriotismo e de respeito ao povo que os elegeu, logo no começo do mandato, deram um presente a si próprios (que presente!) e para nós, um presente grego: aprovaram, em cinco minutos, o aumento de seus salários. Que beleza!
O tempora! O mores! No começo de nossa nação, D. Pedro I dizia que o Brasil precisava economizar e, para dar exemplo, cortou seu próprio salário. Foi o que ele disse a seu pai em carta datada de 17 de julho de 1822: “Comecei a fazer economias, principiando por mim”.
Diz-se à boca cheia que o Brasil está rico, que tem pré-sal, que a pobreza diminuiu, que não há dívida externa e outras “coisitas” mais.
Talvez, por isso, nossos deputados, ministros e o próprio presidente da república, por ganharem muito pouco (coitadinhos), resolveram dar a si próprios um pequeno aumento de 61%. Isso sem contar com as mordomias de que eles usufruem.
Ganhavam a irrisória quantia de R$16.500,00 e a partir de 2011 vão receber a bagatela de R$26.700,00. Não é mentira. É verdade. Diga- se, depois, que o Congresso representa o povo! Ele representa tão simplesmente seus componentes. Isso é verdade.
Por isso eles não têm preocupação com a reação do povo e dão uma “bofetada na cara” daqueles que os escolheram. Bem feito. Zeca Pagodinho já dizia num de seus sambas: Por que foi votar no homem!
Para funcionários e trabalhadores, com um trabalho danado, apenas 6%. Quanta diferença! Isso é uma injustiça, uma falta de vergonha e uma desonestidade. Onde está justiça? Será que ela existe? Em outros tempos dizia-se: Faça-se justiça embora o mundo pereça.
Ai do Brasil se não fossem os trabalhadores que recebem uma “merreca” de salário. Parece (não, é verdade) que estamos ainda no tempo da escravatura. Os escravos trabalham e os senhores vivem uma vida nababesca. Se reclamarem, o chicote “come de esmola”.
Agora, no final do mesmo ano, eles vêm com uma nova comédia bufa. Uma notícia veiculada na Rede Record, no excelente Jornal capitaneado por Heródoto Barbeiro, grande jornalista, encheu-nos de revolta. Os deputados, de novo, querem um presente de Natal. Eis a noticia ipsis litteris e ipsis verbis: “Cada deputado pode gastar só com a verba de gabinete 60 mil reais mensais. Fora salário, décimo terceiro, quarto e quinto. Verbas de representação, de habitação e outras ajudas. Cada um custa 110 mil reais por mês para o contribuinte. São 513. Agora eles querem aumentar a verba de gabinete para 80 mil mensais. Assim poderão contratar mais cabos eleitorais para que se perpetuem no poder através de eleições. O custo legal de cada um vai para 130 mil mensais. O presidente da câmara, deputado Marco Maia, diz que se o orçamento comportar, vai dar o aumento.” O jornalista conclui a informação com esta pergunta: O que você pensa disso?
O que move nossos ilustres representantes a agirem dessa maneira? É demonstração de interesse pelo povo ou procura de benefícios para si mesmos? Hoje os senhores (merecem este respeito?) deputados, rindo de nossa “cara” dizem em alto e bom som: O Brasil está rico, o povo na miséria, mas nós temos um salariozinho e muitas mordomias para lhe fazerem inveja. Viva a Nova República! Viva o Natal dos deputados!
Prof. Cajuaz Filho
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