Viver o Natal no Japão, no Burquina-Faso, em Timor-Leste, no meio de comunidades indígenas no Brasil ou na cidade palestina de Belém é uma experiência que une, na sua diversidade, missionários de língua portuguesa ao serviço da Igreja.
O padre Marco Casquilho, da Sociedade Missionária da Boa Nova, refere ao semanário Agência ECCLESIA que “na Ásia, onde predominam religiões como o budismo, confucionismo, islamismo e xintoísmo, o Natal é celebrado de modo distinto, com uma intensa vertente comercial”.
Em missão no Japão, este sacerdote sublinha que ali o dia 25 de dezembro não é feriado e que nos meios de comunicação social nipônicos o Natal é retratado como “uma noite romântica”.
“É impossível estabelecer um paralelismo entre o Natal japonês e o Natal português, mesmo se nos restringirmos aos cristãos. Não há missa do galo, nem cepo de natal, nem bacalhau ou polvo na ceia de natal, nem fritos natalícios”, relata.
Ana Luísa dos Anjos Prego, religiosa das Franciscanas Missionárias de Maria, recorda, por seu lado, o primeiro Natal que viveu no Burquina-Faso, em 1998, com 40 graus de temperatura.
“Foram cerca de três horas de celebração; ninguém tinha pressa de ir embora para comer as rabanadas e os perus recheados, que nas mesas não existiam. (…) O Evangelho foi encenado tão realisticamente que até se ouviu o grito de dor de Maria dando à luz a Jesus! Coisa impensável para nós, que estilizamos aquele nascimento como se de humano não se tratasse”, indica.
António Fernandes, do Instituto Missionário da Consolata, fala da experiência vivida no Estado de Roraima, norte do Brasil, entre os povos Makuxi.
“O Natal fazia parte do ADN comunitário das diferentes comunidades. Toda a preparação inclusive o presépio eram tarefas comunitária. Era o tempo dos anciãos, ensinarem e transmitir o significado das danças típicas, gestos, símbolos, atividades, que faziam parte de um passado mais ou menos distante”, destaca.
Unicéia Salgado de Oliveira, da Comunidade Canção Nova (Brasil), fala do “privilégio” de ter vivido durante três anos, na cidade de Belém, na qual, segundo a tradição cristã, nasceu Jesus.
“Vários povos de todas as raças, línguas e cores dão as mãos e unidos num só coração manifestam a alegria do maior acontecimento de todos os tempos, o nascimento do Salvador do mundo”, assinala.
Frei Manuel Rito, missionário capuchinho em Timor, afirma que, “em contraste com os apelativos consumistas do ocidente de estrelas nas praças e de montras repletas, a grande atração pública e competitiva deste país oriental é a apresentação de presépios nas ruas em todas cidades e aldeias”.
“O presépio é o grande sinal que distingue e marca nos timorenses este tempo de Natal. Em todos os bairros, em todas as ruas de pequenas ou grandes localidades, mesmo em plena estrada distante e isolada, os jovens montam a estrutura do presépio tão sólida que fica de uns anos para outros, decorando-a com figuras do artesanato local e mesmo com montagem elétrica, prevendo que a luz elétrica possa talvez um dia passar por ali”, revela.
Para Gonçalo Cardoso, diretor do Museu de Arte Sacra e Etnologia, em Fátima, o presépio é “alvo de várias assimilações nos diversos pontos geográficos do mundo”.
“A diversidade e reciprocidade de perspetivas e assimilações vai melhorar cada presépio e a partir dele projetar o valor da diferença que enriquece a humanidade”, escreve, no dossier de Natal.
Fonte: Agência Ecclesia
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