“Nasceu-nos hoje um menino, um filho nos foi dado, grande é este pequenino, Rei da paz será chamado”. É do céu que vem a paz e a verdadeira felicidade, numa criança, trazendo-nos a tão sonhada redenção! Da nossa parte cabe exultar e, ao mesmo tempo contemplar, associados aos anjos, que povoaram os céus, naquela noite feliz e memorável, no insondável e misterioso coro: “Glória a Deus no mais alto dos céus e paz na terra aos homens de boa vontade” (Lc 2, 4).
Queridos irmãos e irmãs, é a eternidade inaugurada pelo nosso Deus e Pai, que há mais de dois mil anos se repete, através de nossa fé e do nosso testemunho, sempre a partir do lugar pobre da estribaria de Belém, no mistério que sempre quer se renovar e se eternizar em nós, já aqui neste mundo.
Deus quer que nós trilhemos seu caminho, num constante desejo de superação e renovação: “Dizei aos covardes: Tende coragem, não temais! Eis o nosso Deus! Chega à vingança! A retribuição de Deus chega para nos salvar!” (Is 35, 4).
Um itinerário verdadeiramente cristão se percebe pelo seu constante desejo de renovação, de mudança espiritual e interior. As pessoas que abraçam a Palavra de Deus e também buscam o alimento da Eucaristia, jamais se afastam do grande ensinamento do enviado do Pai, ao afirmar: “O Cristo que sendo rico, se fez pobre para nos enriquecer com sua pobreza (Cf. 2Cor. 8, 9), como a grande novidade, sempre presente, nos gestos de acolhida, na solidariedade e na justiça.
E exatamente por causa do trinômio: acolhida, solidariedade e justiça, que somos chamados a proclamar, pela nossa fé que a pessoa humana é sagrada e inviolável na sua dignidade e, ao mesmo tempo, reafirmar que foi um dos grandes serviços prestados à humanidade pela Igreja. O Concílio Vaticano II até enumera os principais direitos: alimento, roupa, habitação, a escolha do estado de vida, constituir família, direito à educação, ao trabalho, à boa fama, ao respeito, à conveniente informação, direito de seguir a própria consciência, direito à proteção da vida particular, à justa liberdade, inclusive à liberdade religiosa (cf. Gs, n° 26).
Passado o advento, tempo das graças de Deus, rico, forte e precioso, em que com certeza, não nos passou despercebido. Fica agora o maravilhoso convite que Deus nos faz, o de endireitar e colocar no rumo certo tudo que está tortuoso em nosso coração, substituindo a realidade de pecado e injustiça pela proposta que nos é oferecida, transformados e redimidos na graça de Deus, na certeza que o Rei da paz, no seu esplendor, veio visitar o seu povo, com uma proposta de felicidade e fazê-lo viver a vida eterna.
O momento deve ser de atenção e vontade de escutar o mistério a nos envolver: “Sim povo de Sião, o Senhor veio para salvar as nações! Na alegria do coração o Senhor fará ressoar majestosa sua paz” (cf. Is 30, 19.30). Senhor meu Deus, “concede-me uma inteligência que te conheça, uma vontade que te busque, uma sabedoria que te encontre uma vida que te agrade. Uma perseverança que te espere com confiança e uma confiança que te possua sempre” (Santo Tomás de Aquino). Um feliz Natal!
Pe Geovane Saraiva, Pároco de Santo Afonso
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