31/01/2012

Para um rosto missionário da Igreja em Portugal

Texto António Lopes | Foto Ana Paula | 31/01/2012 | 07:15
António Lopes, Verbita, diretor das Obras Missionárias Pontifícias
«Uma comunidade evangelizadora sente-se continuamente obrigada a expandir a sua presença missionária em todo o território confiado ao seu cuidado pastoral e também na missão orientada para outros povos»
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Gostava de aprofundar melhor o número seis da Carta Pastoral, dos bispos portugueses, que fala do Bom Pastor, transparência do amor de Deus. Sublinho alguns pontos:

1. O Bom Pastor “chama”. É ele quem vem ao encontro de cada um onde quer que se encontre. Aquele que escuta a sua voz e se sente interpelado não deixa de fazer aos outros o mesmo convite de Jesus: “Vinde e vede!” (Jo 1,39).

2. Cada um é “chamado pelo seu nome”. Trata-se de um “conhecimento recíproco”. Face a uma sociedade favorável ao individualismo, ao anonimato e à etiquetagem numérica das pessoas, é nossa missão promover a pessoa no seu todo. Nesta perspetiva era bom que se levasse a sério a proposta que aparece na Carta Pastoral: “Torna-se
necessário fazer surgir na Igreja portuguesa centros missionários diocesanos e grupos missionários paroquiais, para que, em consonância com as Obras Missionárias Pontifícias e os centros de animação missionária dos institutos missionários, possam fazer com que a missão universal ganhe corpo em todos os âmbitos
da pastoral” (20).

3. O Bom Pastor caminha “à frente” das ovelhas. A missão leva-nos a “saber aproveitar todas as oportunidades, mas também a saber provocá-las, e lançar mão de capacidades e aptidões, e a saber cultivá-las, para oferecer o Evangelho ao nosso mundo” (26). É fundamental ter os jovens como como agentes da ação missionária, até ao ponto de ousarem partilhar
a própria fé além-fronteiras.

4. O Bom Pastor “dá a vida pelas suas ovelhas”. É um ideal nobre que urge e exige de nós a entrega da nossa vida. É tarefa do Centro Missionário Diocesano ser “o propulsor da consciência e do empenho missionário da Igreja diocesana, ajudando-a a viver a sua identidade missionária traduzida no empenho específico do anúncio do Evangelho a todas as pessoas, em toda a parte”(21).

5. O Bom Pastor tem “outras ovelhas que não são deste redil”. A vocação missionária impele-nos a contactar as pessoas que procuram Deus e aquelas que não pertencem a nenhuma comunidade de fé, empenhando-nos com paixão na chamada primeira evangelização e na “nova evangelização”. É imperioso formar grupos consistentes de evangelização que sintam a alegria de levar o Evangelho a todos os setores da vida, desde a família à escola, ao trabalho, aos tempos livres, à solidão, à dor. “Cada Igreja particular é responsável de toda a missão” (17).

Seria bom que as dioceses portuguesas se abrissem às necessidades das outras Igrejas, partilhando generosamente não apenas os dons, mas também os seus sacerdotes. A Carta Pastoral interpela a todos: bispos, sacerdotes e leigos. Lança desafios que devemos encarar com serenidade, com fé e com ardor.

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