16/03/2012

Com Blatter, Maia diz que Câmara levará em conta acordo com Fifa

Presidente da Câmara não garantiu, porém, permissão expressa a bebidas.
Governo comprometeu-se a debater garantias na Casa, disse deputado.

Nathalia PassarinhoDo G1, em Brasília
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O presidente da Fifa, Joseph Blatter, em almoço com churrasco na casa do gaúcho Marco Maia (PT), presidente da Câmara dos Deputados (Foto: Ed Ferreira / Agência Estado)O presidente da Fifa, Joseph Blatter, em almoço
com churrasco na casa do gaúcho Marco Maia (PT),
presidente da Câmara dos Deputados (Foto: Ed
Ferreira / Agência Estado)
Em encontro com o presidente da Federação Internacional de Futebol (Fifa), Joseph Blatter, o presidente da Câmara, Marco Maia, disse nesta sexta-feira (16) que a Casa vai "levar em consideração" a liberação de bebidas na Copa, mas não deu garantias de que haverá permissão expressa do consumo em estádios durante a realização do evento.
"Temos na semana que vem um debate sobre a Lei Geral da Câmara no plenário. A questão das bebidas faz parte de um debate que resultou em documentos assinados pelo governo brasileiro. A intenção é de que não só esse tema, mas todos os temas que resultaram da negociação com a Fifa sejam levados em consideração no debate", disse Maia.
Segundo ele, a intenção do governo na Câmara é "fazer com que a aprovação da Lei Geral da Copa possa se dar num ambiente de cumprimento dos acordos".
Maia afirmou ainda que o "sucesso" na realização da Copa depende de uma relação de "solidariedade" entre o governo federal, a Fifa e o Comitê Organizador Local. "Estamos convictos e convencidos de que a Copa é um grande evento internacional, que exige muita colaboração e muita solidariedade entre os agentes envolvidos", disse.
Mais cedo, o presidente da Fifa afirmou, após reunião com a presidente Dilma Rousseff, que obteve dela a garantia de que o Brasil cumprirá todos os compromissos firmados com a entidade para a realização da Copa. Após o encontro com Maia, agradeceu e disse estar "feliz" com as garantias do governo. "Sou grato à Câmara por me dar essas garantias prometidas, que são fundamentais para a realização da Copa", declarou.
Blatter afirmou ainda que o atraso nas obras dos estádios da Copa não é objeto de tanta preocupação. "Temos enfrentado as mesmas situações em copas em locais anteriores. Não é uma questão de otimismo, é uma questão de confiança", disse.
Ainda sobre a Lei Geral da Copa, o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia, afirmou que irá conversar com líderes do partidos para fechar questão sobre a aprovação do projeto. Disse que "as posições do Brasil estão acima daquilo que possa ser opinião pessoal". "Na medida que o Brasil assinou compromisso com a Fifa, o governo brasileiro cumpriu o acordo enviando o projeto original", afirmou.
O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, também disse que o Brasil "vai cumprir todas as garantias assumidas com a Fifa", mas não quis especificar a versão da Lei Geral da Copa que será defendida pelo governo. "O governo não tem receio. O governo vai confiar na decisão da Câmara", disse.
Arte Polêmica de bebidas na Lei Geral da Copa (Foto: Editoria de Arte / G1)
ImpasseNa última quarta, líderes governistas na Câmara disseram que não havia compromisso do Brasil com a venda de bebidas alcoólicas nos estádios, motivo de divergência entre deputados da base aliada. A autorização para a venda de bebidas é uma das exigências da Fifa para a realização do Mundial. Depois, o governo voltou atrás e anunciou que o compromisso estava mantido.
O tema ainda divide os deputados na Câmara e impediu a votação do texto da Lei Geral da Copa nesta semana. A polêmica arrasta-se desde o ano passado e a questão das bebidas é o principal ponto de dissenso entre os parlamentares.
O texto original da Lei da Copa, enviado pelo Executivo ao Congresso, não libera nem proíbe explicitamente a venda de álcool durante o Mundial de futebol. Apenas exclui a validade de artigo do Estatuto do Torcedor que veta a entrada nos estádios de torcedores com "bebidas ou substâncias proibidas ou suscetíveis de gerar ou possibilitar a prática de atos de violência". Com isso, os 12 estados que sediarão o campeonato teriam autonomia para negociar a comercialização de bebidas.
Já o texto do relator da matéria, Vicente Cândido (PT-SP), aprovado na comissão especial no mês passado, prevê expressamente a venda álcool. O artigo 29 do relatório diz que "a venda e o consumo de bebidas, em especial as alcoólicas, nos locais oficiais de competição, são admitidos desde que o produto esteja acondicionado em copos de plástico, vedado o uso de qualquer outro tipo de embalagem".
Coletiva de imprensa após reunião com presidente da Fifa, Joseph Blatter, na casa do presidente da Câmara, Marco Maia (Foto: Filipe Matoso / G1)Coletiva de imprensa após reunião com president
e da Fifa, Joseph Blatter, na casa do presidente da
Câmara, Marco Maia (Foto: Filipe Matoso / G1)
Para o relator, apenas com a liberação explícita em lei federal haveria o cumprimento do compromisso do Brasil com a Fifa, já que só assim os estados deixariam de ter autonomia para proibir a comercialização.
Blatter e Dilma
O encontro de Blatter com Dilma, realizado nesta sexta, foi solicitado pelo presidente da Fifa depois da crise motivada por declaração atribuída ao secretário-geral da entidade, Jérôme Valcke, de que o Brasil precisava de um “chute no traseiro” devido aos atrasos nos preparativos para a Copa. Tanto Blatter quanto Valcke pediram desculpas pelo episódio em cartas enviadas ao Ministério do Esporte,que as aceitou.
Nesta sexta, Blatter disse que o desentendimento com Valcke é assunto da entidade. "O problema entre ele [Valcke] e o Brasil é um problema que pertence ao presidente da Fifa, e eu vou solucionar. Vocês podem dar um tempo para que eu possa solucionar? Obrigado."

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