Ator protagoniza a versão brasileira do musical 'Um violinista no telhado'.
Após encerrar ciclo de galãs, ele se realiza cantando nos palcos.
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Aos 63 anos, estafado de personagens “beges e planos”, como ele define seus inúmeros galãs, José Mayer assume o papel de Tevye, um leiteiro judeu da Rússia czarista, pai de cinco filhas, que precisa lidar com os conflitos políticos e sociais da época, além da rebeldia da prole, que não aceita os casamentos arranjados. Ele não beija nenhuma beldade em cena, mas gasta o gogó durante 130 minutos de espetáculo.
A atuação no musical “Um violinista no telhado”, que estreia em São Paulo no dia 16, no Teatro Alfa, depois de temporada no Rio de Janeiro, é considerada pelo ator a reinvenção de sua carreira e um período de êxtase profissional. Agora, ele pode deixar a preocupação com a família e o dinheiro à margem, e realizar-se em cima dos palcos.
“Essa peça é um moedor de corações, muito forte e intensa. Estou muito feliz com esse papel, era um desejo antigo participar de musicais. Antes eu estava preocupado em ganhar dinheiro, agora multipliquei o potencial do meu talento. Estou me satisfazendo.”
A barba farta e os já grisalhos cabelos na altura dos ombros fazem parte do figurino vivido para o musical de sucesso na Broadway na década de 60 – que ficou em cartaz durante sete anos - no Brasil dirigida por Charles Möeller e Claudio Botelho.
Mayer e a atriz Soraya Ravenle, que interpreta Golda, esposa de Tevye, foram os únicos convidados a compor o elenco. Segundo Möeller, o flerte com o ator existia há mais de três anos. “Eu e o Botelho já tínhamos convidado o Zé para fazer “A ópera do malandro”, e outras produções, mas não deu certo por falta de agenda. Ele não é um ator tentando ser cantor, é um artista nato, cheio de carisma.”
Depois de arrematar o papel principal, Mayer passou a se dedicar exaustivamente à peça. Mandou instalar isopor nas paredes de seu estúdio caseiro para “ficar prenho de todo material.”
“É um trabalho primoroso, bem acabado, cheio de esmero. Nega a ideia de que o improviso, a coisa amarrada no barbante é o exemplo macunaímico do teatro brasileiro.”
Peneira familiar
Os mais de 40 atores participaram de audições, dentre eles, as filhas dos atores protagonistas. Na turnê no Rio de Janeiro, Soraya fez o papel de mãe da própria filha. Em São Paulo, é a vez de Mayer encarar o desafio. As duas, aliás, têm o mesmo nome: ambas se chamam Julia e revezam no mesmo papel.
Os mais de 40 atores participaram de audições, dentre eles, as filhas dos atores protagonistas. Na turnê no Rio de Janeiro, Soraya fez o papel de mãe da própria filha. Em São Paulo, é a vez de Mayer encarar o desafio. As duas, aliás, têm o mesmo nome: ambas se chamam Julia e revezam no mesmo papel.
“Trocamos seis por meia dúzia, até o nome se manteve. Foi muito lindo ver que meu bebê está construindo uma carreira tão promissora. Nos ensaios era mais fácil, mas na estreia eu comecei a soluçar e tive que sair de perto”, contou a atriz, que encara seu primeiro musical internacional, depois de fazer montagens nacionais como "A ópera do malandro", "Sassaricando", "Dolores", e "South American Way."
Judia e descendentes de poloneses, Soraya cresceu em uma sinagoga de Niterói, no Rio de Janeiro. O musical deu a ela a chance de relatar sua própria história através dos contos judaicos de Sholom Aleichem, escritor ucraniano. “Eu ria sozinha durante os ensaios. Via minha mãe, minhas tias em todas as cenas. Foi um mergulho intenso e profundo na minha história."
Cisne negro
Para que o balé de Jerome Robbins, coreógrafo da versão original, fosse reproduzido nos palcos nacionais, os produtores da peça compraram o direito autoral da dança. “Não sou louco de pegar a melhor coreografia do mundo e fazer outra. Ele é monstruosamente genial. Seria um absurdo fazer qualquer modificação”, prega Möeller.
Para que o balé de Jerome Robbins, coreógrafo da versão original, fosse reproduzido nos palcos nacionais, os produtores da peça compraram o direito autoral da dança. “Não sou louco de pegar a melhor coreografia do mundo e fazer outra. Ele é monstruosamente genial. Seria um absurdo fazer qualquer modificação”, prega Möeller.
Na cena apresentada à imprensa nesta sexta-feira, 2, cinco atores dançam e cantam em uma festa de casamento tipicamente judia equilibrando uma garrafa de água na cabeça. Os bailarinos fazem uma espécie de cancan masculino e dão um show de pernas e equilíbrio.
A desenvoltura do elenco e os passos sincronizados justificam o custo extra para importar a criação de Robbins ao Brasil. Isser Korik, produtor da montagem, garante que não há nenhum macete. “O truque é o talento mesmo. Eles sabem fazer muito bem.”
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