08/03/2012

Mulheres mostram que gostam e entendem de cerveja

Elas têm ganhando cada vez mais reconhecimento no universo cervejeiro.
Em BH, 'capital dos botecos', confraria reúne somente bebedoras.

Raquel FreitasDo G1 MG
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Mulheres não só gostam, mas também entendem de cerveja (Foto: Gustavo Xingú/Divulgação)Mulheres não só gostam, mas também entendem
de cerveja (Foto: Gustavo Xingú/Divulgação)
Quando mulheres se reúnem, assuntos como relacionamentos, família e trabalho normalmente tomam conta da conversa. Em encontros da Confraria Feminina da Cerveja (Confece), que completa cinco anos nesta quinta-feira (8), esses temas até podem estar presentes, mas são secundários. O foco das integrantes, de idades e perfis variados, é um só: a bebida mais popular do Brasil. “Levamos mais de dois anos para saber detalhes como quem era casada, onde cada uma morava. Somos desconhecidas que se reuniram para debater cerveja”, conta a confreira Lígia de Matos, que descobriu a paixão pela bebida durante um ‘mochilão’ pela Europa.

A Confece nasceu a partir de uma degustação realizada em comemoração ao dia das mulheres em 2007. De lá para cá, a confraria – uma das primeiras a reunir somente bebedoras de cerveja no Brasil – cresceu, ganhou reconhecimento no meio cervejeiro e começou a produzir os rótulos Conceição e a Aurora, ambos feitos a partir de receita belga. “Elas são só para consumo próprio. Ainda não temos pretensão de comercializá-las”, explica Lígia.
Integrantes da Confece comemoraram os cinco anos do grupo com festa neste sábado (3) (Foto: Gustavo Xingú/Divulgação)Integrantes da Confece comemoraram os cinco anos do grupo com festa neste sábado (3) (Foto: Gustavo Xingú/Divulgação)
Hoje, as mulheres estão ganhando cada vez mais destaque no mundo cervejeiro. Entre as integrantes da Confece, Cilene Saorin, mestre cervejeira paulista com mais de 15 anos de experiência, é referência. O reconhecimento delas neste ambiente finalmente está chegando no século XXI, mas, como diz Lígia, a presença feminina predominou nos processos de produção da cerveja ao longo de muitos séculos. Para a produtora de cerveja, entretanto, assim como em tantos outros registros da história, a mulher foi suprimida dos relatos sobre a trajetória da bebida. Grande parte das mulheres cervejeiras podem não ter tido o devido reconhecimento da história, mas uma representa esta ligação feminina com a bebida. A monja beneditina Hidelgard Von Bingen, escolhida como padroeira da Confece, foi a primeira a registrar a adição de lúpulo à produção da cerveja no século XII.
 
Mulheres da Confece produzem as cervejas Conceição e Aurora para consumo próprio (Foto: Raquel Freitas/ G1)Confece produz as cervejas Conceição e Aurora
para consumo próprio (Foto: Raquel Freitas/ G1)
Sob a proteção da religiosa alemã, dez mulheres desbravam o universo da cerveja na Confece. Todas partilham a paixão, mas cada uma tem uma história diferente com a bebida. A advogada e empresária Clarissa Mendes, uma das mais antigas no grupo, sempre apreciou a cerveja. “Quando fui para a Bélgica, encontrei cartas de cerveja que iam de A a Z. Então, me apaixonei mais ainda”, conta. Atualmente, com paladar mais apurado, ela se declara uma catequizadora.

Diferentemente de Clarrissa, a empresária Lícia Vieira, integrante da confraria desde o fim de 2011, nem sempre foi vista com um copo de cerveja ou qualquer outra bebida alcoólica. A confreira brinca que começou a beber “na marra”, mas que se apaixonou. Lícia, hoje proprietária de uma distribuidora de bebidas, conta que foi o ambiente de trabalho que a aproximou do mundo cervejeiro.

Se a relação com a cerveja é particular, a exigência em relação ao que bebem é alta. Não é qualquer rótulo que agrada as bebedoras; elas preferem as cervejas de alta fermentação, mais encorpadas. As confreiras garantem que mulheres – e até mesmo homens – que não apreciam a bebida ainda não tiveram a oportunidade de provar a cerveja certa.
As integrantes da Confece contam que nunca sofreram qualquer tipo de preconceito por entrarem e se tornarem “experts” em um ambiente dominado por homens. Segundo as confreiras, em Belo Horizonte – cidade conhecida por ser a capital mundial dos botecos –, uma mesa de bar só de mulheres não choca as pessoas, mas em outros lugares a cena ainda chama a atenção. Após a criação do grupo mineiro, outras confrarias femininas surgiram pelo país, em cidades como Juiz de Fora, Rio de Janeiro e São Paulo.
 
Drink mistura cerveja e sorvete (Foto: Raquel Freitas/ G1)Drink mistura cerveja e sorvete
(Foto: Raquel Freitas/ G1)
Durante os encontros mensais da Confece, elas produzem a Conceição e a Aurora, estudam estilos variados e também experimentam harmonizações. A médica Luisane Vieira afirma que cerveja cai muito bem com pratos apimentados e também com sobremesas. E para comemorar o dia das mulheres, a cervejeira, nas horas vagas, ensina uma receita inusitada que, segundo as confreiras, agrada a elas e a eles. A bebida, apelidada de vaca preta para adultas, é feita com cerveja tipo “stout” e sorvete de creme. Aprenda a preparar:

Ingredientes
- Cerveja escura tipo “stout”
- Uma bola de sorvete de creme

Preparo
Coloque uma bola de sorvete de creme em um copo, adicione a cerveja e gire o recipiente para misturar o drink.
 

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