12/03/2012

Paul McCartney e Ringo Starr: duelo de gigantes?

Divulgação
Ringo e Paul
Por André Bernardo
 
Beatlemaníacos, alegrai-vos! No próximo dia 5 de outubro, o mundo vai comemorar os 50 anos de lançamento do primeiro single dos Fab Four: para quem não se lembra, o álbum trazia, de um lado, “Love Me Do” e, do outro, “PS I Love You”.
 
Composta para Iris Caldwell, então namoradinha de Paul, “Love Me Do” logo chegou ao 17º lugar na parada britânica.
 
Dois anos depois, quando foi lançada nos EUA, superou a proeza e conquistou o primeiríssimo lugar.
 
Mas verdade seja dita: a festa já começou. Afinal, os Beatles remanescentes, Paul McCartney e Ringo Starr, acabam de lançar seus novos álbuns.
 
O curioso é que tanto Kisses on the Bottom, o 15º da carreira de Paul, quanto Ringo 2012, o 17º do ex-baterista dos Beatles, apostam em... covers. Sim, isso mesmo. Será bloqueio criativo? Falta de inspiração?
 
Os fãs da banda garantem que não. “Se você parar para pensar, esse fenômeno acontece com artistas que não precisam provar mais nada para ninguém”, argumenta o jornalista e produtor Marcelo Fróes, autor de Os Anos da Beatlemania. “Seja Paul McCartney, Roberto Carlos ou Gilberto Gil”.
 
Dos quatro rapazes de Liverpool, Ringo Starr foi o primeiro a gravar um álbum pós-Beatles. Coincidência ou não, Sentimental Journey, de 1970, já era um álbum de standards, que incluiu, entre outros, “Night and Day”, de Cole Porter.
 
“Ringo se cercou dos melhores arranjadores para produzir um trabalho de indiscutível qualidade”, elogia o jornalista Ricardo Pugialli, autor de Beatlemania. “Mesmo sem ter um single promovendo o álbum, Sentimental Journey alcançou a 7ª posição da parada inglesa e a 22ª da americana”.
 
O novo álbum, Ringo 2012, não chega a tanto. Das nove faixas, apenas quatro são regravações. 
 
Duas delas, aliás, são versões atualizadas de músicas já gravadas pelo próprio Ringo, como “Step Lightly”, de Ringo, de 1973, e “Wings”, de Ringo the 4th, de 1978.
 
Já “Think It Over” é um antigo sucesso do cantor Buddy Holly e “Rock Island Line”, uma velha canção de música folk. 
 
Produzido pelo próprio baterista, Ringo 2012 traz participações especiais de Joe Walsh, um dos integrantes do grupo Eagles, e Dave Stewart, ex-guitarrista da dupla Eurythmics.
 
Em Kisses on the Bottom, Paul McCartney vai além. Em vez de quatro, como o ex-companheiro de banda, gravou 12 covers.
 
Todos, diga-se de passagem, clássicos do jazz, como “Bye Bye Blackbird”, já gravada por Frank Sinatra; “Home (When Shadow Falls)”, imortalizada por Nat King Cole; e “Always”, composta por Irving Berlin.
 
“Há anos queria tocar algumas velhas canções que meus pais tinham o hábito de cantar na noite do Ano Novo”, justifica Paul no encarte do CD. As únicas inéditas são “My Valentine”, composta para a atual mulher, Nancy Shevell, e “Only Our Hearts”.
 
Nelas, a inconfundível voz de Paul é acompanhada pela guitarra de Eric Clapton (na primeira) e pela gaita de Stevie Wonder (na segunda). “Paul é único. Não dá para negar o talento, a vitalidade e a capacidade de dar sempre a volta por cima e de seguir a vida com alegria”, enaltece Elaine de Almeida Gomes, autora de The Beatles – Letras e Canções Comentadas. “Ao longo dos anos, ele manteve a qualidade das composições e nunca deixou de ser um cantor, músico e letrista fantástico”.
 
Nos palcos da vida
 
 
Sim, 50 anos depois, Paul e Ringo continuam em plena atividade, fazendo shows ao redor do mundo (ano passado, o Brasil teve a felicidade de assistir a shows dos dois) e lançando álbuns de covers.
 
Mas, na opinião de Bento Ferraz, autor de The Beatles – 50 Anos Depois, as semelhanças param por aí.
 
Para ele, comparar as carreiras de Paul e Ringo não é uma injustiça, é uma aberração.
 
 
 “Paul é um gênio da melodia. Já Ringo não foi sequer o melhor baterista dos Beatles”, brinca Bento, citando uma antiga piada de John Lennon, seu ex-beatle favorito.
 
No final dos anos 1960, um jornalista teria perguntado a John se Ringo era o melhor baterista do mundo. “Ringo não é sequer o melhor baterista dos Beatles”, disparou John.
 
Vale lembrar que, antes de Ringo assumir oficialmente a bateria da banda, o posto era ocupado por Pete Best. Pugialli sai em defesa do baterista. “Nos Beatles, Ringo não tinha um companheiro ao lado para ajudá-lo a criar canções. Em carreira solo, teve que se cercar de um naipe invejável de músicos para manter a qualidade do trabalho que fazia nos Beatles”, observa.
 
Volta e meia, Paul e Ringo se esbarram pelos palcos da vida. A última vez em que os dois se encontraram em público foi no dia 1º de junho de 2009, quando lançaram Rock Band: The Beatles em uma feira de videogames em Los Angeles.
 
Segundo rumores, os dois devem participar da abertura dos Jogos Olímpicos de Londres, no próximo dia 27 de julho. A ideia dos organizadores é reunir, em um mesmo palco, Paul, Ringo, Julian e Dhani, os filhos de John Lennon e George Harrison, respectivamente.
 
O que os fãs da banda pensam disso? Fróes se mostra um tanto cético. “Eles jamais topariam, nem de brincadeira durante um churrasco familiar”, argumenta.
 
Elaine confessa que seria “lindo e muito emocionante”. “Acho difícil para o Dhani e o Julian substituírem os pais e lidarem com as sempre inevitáveis comparações”, pondera.
 
Já Pugialli observa que um show de Paul e Ringo, com uma ou duas canções cantadas pelos filhos de John e George, é uma merecida homenagem. “Fora isso, é algo completamente sem propósito e justificativa”, decreta. É esperar para ver.
 

Nenhum comentário :

Postar um comentário