12/05/2012

Movimento dos 'indignados' toma as ruas da Espanha neste sábado


Protesto feito há um ano contra as crises econômica e política é lembrado.
Ativistas convocaram concentrações em 80 cidades espanholas.

Da France Presse
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Nascido há um ano para protestar contra a crise, os políticos e os excessos do capitalismo, o movimento dos "indignados" voltou às praças da Espanha neste sábado (12), no pontapé inicial de quatro dias de mobilizações para demonstrar que seu espírito continua vivo.
Sob o lema "Tomar as ruas", os ativistas, em sua maioria jovens mobilizados através das redes sociais, convocaram concentrações em 80 cidades, entre elas Madri e Barcelona. Em torno de um grande cartaz branco no qual era possível ler "Open the eyes" (abra os olhos), os primeiros "indignados" começaram a se reunir pela manhã na Praça da Catalunha de Barcelona.
Graças ao movimento surgido em 15 de maio passado, "pouco a pouco a sociedade foi abrindo os olhos", afirma Noelia Moreno, de 30 anos, uma das participantes do protesto que, inspirado nas manifestações da primavera árabe, surpreendeu o mundo.
"Acredito que algo mudou na mentalidade das pessoas, não é algo muito tangível agora, mas foi plantada uma sementinha que no futuro vai poder ser vista", assegura.
É consciente, no entanto, da necessidade de manter o movimento vivo. "É uma corrida de longa distância, ninguém pode mudar todo um sistema político em um dia, nem em um ano, isso leva tempo", afirma.
Manifestantes reunidos da Praça Porta do Sol, em Madri, na Espanha, neste sábado (12). (Foto: Jaime Reina/AFP)Manifestantes reunidos da Praça Porta do Sol, em Madri, na Espanha, neste sábado (12). (Foto: Jaime Reina/AFP)
Primeiro aniversário
Manter este impulso é precisamente o que os "indignados" buscam neste primeiro aniversário, que durante quatro dias dará origem a debates e assembleias populares nas praças de toda a Espanha.
Agora a população tem mais motivos do que nunca para protestar, já que o país volta à recessão, o desemprego afeta 24,44% da população economicamente ativa e 52% dos jovens e o governo conservador de Mariano Rajoy impôs medidas de rigor de cerca de 30 bilhões de euros.
Sob um sol forte, centenas de pessoas, muitas com a camiseta verde do movimento contra os cortes na educação, partiram no início da tarde dos subúrbios do sul de Madri. Precedidos pela bandeira que proclamava "O problema é o sistema. Rebelem-se!", seu objetivo era se encontrar com outros grupos madrilenhos na emblemática Porta do Sol.
Foi nesta praça onde se instalou há um ano um acampamento improvisado de barracas e sacos de dormir que, com seu refeitório, sua creche e suas bibliotecas, converteu-se no símbolo do cansaço popular pela crise, inspirando movimentos similares em outros países.
Pelo mundo
Para marcar este aniversário, também foram convocadas manifestações em cidades como Paris, Atenas, Nova York ou Rio de Janeiro. Mas todos os olhares se voltarão para a Porta do Sol, porque as autoridades espanholas advertiram que não serão permitidos novos acampamentos e só autorizaram as concentrações até as 22h00 locais (17h00 de Brasília).
"Para além destas horas o que se estaria fazendo é violando a lei", afirmou a vice-presidente do governo, Soraya Sáenz de Santamaría. "Evidentemente não vão ocorrer acampamentos porque são atos ilegais", assegurou o ministro do Interior, Jorge Fernández Díaz.
Os "indignados" preveem, no entanto, realizar um minuto de silêncio no "Sol" à meia-noite e depois alguns podem tentar ficar, criando uma situação de tensão com a polícia, que mobilizará cerca de 1.500 policiais antidistúrbios.
"Não será um acampamento, e sim uma assembleia permanente", explica Luis, porta-voz do movimento, esperando que esta fórmula lhes permita ficar na praça até terça-feira, quando os "indignados" comemoram seu primeiro aniversário.
Desde que o acampamento do Sol foi desmantelado, no dia 12 de junho do ano passado, o movimento perdeu visibilidade nos meios de comunicação, mas seguiu vivo nas redes sociais, nas assembleias de bairro e na luta contra a exclusão, embora com menos seguidores.
"Os que permaneceram são os mais conscientes, atuando em ações setoriais, como, por exemplo, opondo-se aos despejos", afirma Antonio Alaminos, professor de sociologia da Universidade de Alicante.
Manifestante segura placa escrita "Feliz Aniversário" em espanhol, durante protesto realizado em Madri. (Foto: Jaime Reina/AFP)Manifestante segura placa escrita "Feliz Aniversário" em espanhol, durante protesto realizado em Madri. (Foto: Jaime Reina/AFP)

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