10/06/2012

Europa: Economia deve servir o Homem


3º Fórum Europeu Católico e Ortodoxo terminou hoje Lisboa com um apelo ao desenvolvimento de «atividades criadoras de emprego»

D.R.
Lisboa, 08 jun 2012 (Ecclesia) – O 3º Fórum Europeu Católico e Ortodoxo, acolhido este ano pela Diocese de Lisboa, mostrou que os responsáveis das duas Igrejas estão empenhados em combater o paradigma economicista que abriu portas à crise no Velho Continente.
Numa carta enviada hoje à Agência ECCLESIA, após a sessão de encerramento daquele evento ecuménico, os delegados das Conferências Episcopais Católicas da Europa e das Igrejas Ortodoxas da Europa reivindicam uma organização social “ao serviço do homem” e defendem a aplicação de um modelo financeiro mais justo e equitativo.
“Se chegámos aqui, foi porque a finança se separou da economia real e porque a economia se separou do controlo da vontade política a qual, por sua vez, se desligou da ética”, criticam os representantes eclesiais.
O documento, subscrito pelo cardeal-patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, na qualidade de presidente da Conferência Episcopal Portuguesa e anfitrião do evento, faz a apologia de uma lógica financeira que parta “duma visão integral, não truncada, da pessoa humana e da sua dignidade”.
“Colocando a pessoa no seu verdadeiro lugar, subordinando a economia aos objectivos do desenvolvimento integral e solidário, abrindo a cultura à procura da verdade, dando lugar à sociedade civil e ao engenho dos cidadãos que trabalham para o bem-estar dos seus contemporâneos”, os governos europeus “criarão condições para que surja um novo tipo de relação com o dinheiro, a produção e o consumo”, sustenta o texto.
Segundo os participantes do encontro de Lisboa, “nesta mudança indispensável, deve ser dada prioridade ao trabalho”, privilegiando “atividades criadoras de emprego”.
“Qualquer pessoa deve poder desenvolver-se graças ao seu trabalho”, alegam os responsáveis católicos e ortodoxos, que acreditam que se cada cidadão europeu “compreender a necessidade vital” deste novo ciclo, ele se tornará motor de “novas escolhas”, mais sóbrias e solidárias, ao nível da política e da indústria.
Isto permitirá também ao homem do Velho Continente “reavivar as suas raízes cristãs e cultivar a dimensão espiritual do seu ser, a única capaz de preencher a sua procura de felicidade e de sentido”, sublinham ainda.
O 3º Fórum Europeu Católico e Ortodoxo, inaugurado na última terça-feira no Seminário de Nossa Senhora de Fátima, em Alfragide, teve como tema principal a “Crise económica e pobreza: desafios para a Europa hoje”.
Os trabalhos foram coordenados pelo presidente do Conselho das Conferências Episcopais da Europa, D. Péter Erdo, representante da comunidade católica, e pelo Metropolita Gannadios de Sassima, do Patriarcado Ecuménico, em nome da Igreja ortodoxa.
comunicado final saído desta iniciativa deixa ainda uma “palavra de encorajamento” a todos aqueles que estão empenhados em descobrir soluções equilibradas para “sair da crise”, especialmente nos “países em maiores dificuldades”.
O próximo encontro ecuménico vai decorrer dentro de dois anos e terá como anfitrião o Metropolita Filaret de Minsk, líder da Igreja Ortodoxa da Bielorrússia.
JCP

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