06/06/2012

O Congresso Eucarístico de 1942 (2)


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Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo (SP)
No dia 6 de setembro, domingo, o 4º Congresso Eucarístico Nacional, de São Paulo, teve sequência, logo cedo, com a Missa para as senhoras e moças no Vale do Anhangabaú, presidida por dom Antônio Maria Barbieri, arcebispo de Montevidéo; no final, também o Legado Pontifício dirigiu a palavra às participantes e deu a bênção apostólica. À tarde, ele recebeu em audiência os círculos operários e as representações trabalhistas.
No final da tarde, e noite adentro, centenas de padres atenderam às confissões dos homens e dos moços, enquanto eram preparados pelo cônego Manuel Corrêa de Macedo; a comunhão geral deles foi feita naquela mesma noite, durante a missa iniciada às 24h e presidida por dom João Becker, arcebispo de Porto Alegre. Outras missas foram celebradas durante a madrugada, até às 5h da manhã, para dar a possibilidade a todos os homens de receberem a comunhão.

O dia 7 de setembro foi especialmente solene. No Anhangabaú, uma multidão imensa; as bandeiras do Brasil e do Congresso Eucarístico foram hasteadas; um coral de mais de 300 vozes acolheu a procissão dos celebrantes, que saía da Igreja de Santo Antônio, na praça Patriarca, com o cardeal Leme na presidência. Terminada a missa, o povo almoçou rápido e se concentrou ao longo da avenida São João e do parque do Anhangabaú. Às 14h30, da Igreja de São Geraldo, nas Perdizes, saiu a procissão eucarística presidida pelo cardeal Legado. A artística e grande custódia do Congresso foi oferecida pelo povo paulista “como um trono menos indigno a Nosso Senhor, porque todo feito de nosso amor e gratidão filial”.
As rádios da cidade transmitiram todo desenrolar da procissão. Ao chegar à praça do Congresso, o Santíssimo Sacramento foi recebido com aclamações pelo povo; em 21 caçoulas, representando os Estados do Brasil, foram queimados 21 quilos de incenso brasileiro, extraído de árvores do Mato Grosso e de Goiás. Após a bênção do Santíssimo e a alocução de encerramento do Congresso, houve a homenagem à bandeira nacional e música de bandas; fogos de artifício iluminaram a noite paulistana e a alma dos congressistas.
No dia 8 de setembro, ao meio dia, o Legado Pontifício dirigiu uma saudação de despedida a todos os congressistas, transmitida por todas as emissoras de rádio de São Paulo. Às 16h, depois de receber as homenagens das autoridades e do povo, o cardeal Leme retornou de trem para o Rio de Janeiro, fazendo o pernoite em Aparecida; durante a missa, no dia 9 de setembro, benzeu no próprio recinto da Basílica a pedra fundamental da nova Basílica Nacional, como marco comemorativo do 4º Congresso Eucarístico Nacional, com a recomendação que os brasileiros se esforçassem para inaugurar em 1954, nas comemorações do primeiro centenário da definição do dogma da Imaculada Conceição.
O que não se sabia ainda é que, pouco depois, o cardeal Leme faleceria; seu sucessor seria o dom Jaime de Barros Câmara, também presente no Congresso; e dom José Gaspar, ao viajar para a posse de dom Jaime, faleceria em acidente aéreo, caindo o avião na baía de Guanabara. O cardeal Motta, que o sucedeu na Sé de São Paulo, seria o grande incentivador da construção da nova Basílica de Aparecida e se tornaria, também, o primeiro arcebispo metropolitano de Aparecida. A nova Basílica seria dedicada solenemente pelo papa João Paulo 2º, em 1989, na sua primeira visita ao Brasil; em 2012, embora inaugurada, a Basílica Nacional ainda continua recebendo acabamentos artísticos... O que pouca gente hoje sabe ou lembra, é que ela devia ser um marco comemorativo do 4º Congresso Eucarístico Nacional e do 1º centenário do dogma da Imaculada Conceição.

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