11/06/2012

Presença da Igreja e dos movimentos populares na preservação ambiental


Cupula dos povos
 Elisangela Cavalheiro
Portal A12

Com a realização da Rio+20, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, realizada pela ONU, que deve reunir cerca de 193 países e seus representantes para discutir as questões ambientais e as possíveis soluções, acontece a Cúpula dos Povos por Justiça Social e Ambiental, um evento paralelo, organizado pela sociedade civil, que deverá atrair até 10 mil pessoas, de 15 a 23 de junho, no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro.

A organização da Cúpula dos Povos conta com a colaboração de um grupo de articulação, que é formado por 33 redes e organizações de representação nacional. Um desses representantes é a Comissão Brasileira de Justiça e Paz da CNBB.


A Cúpula dos Povos contesta o tema ‘Economia Verde’ proposto pela Rio+20. A Comissão Brasileira de Justiça e Paz que é a porta-voz da CNBB no evento também contraria esta proposta. Dom Pedro Luiz Stringhini, bispo de Franca (SP) e membro da comissão, disse em nota no site da CNBB que a proposta frustra a solução esperada pelo mundo para a crise ambiental atual.  

Trata-se, em resumo, de nova tentativa dos principais responsáveis pelo aquecimento global, as empresas capitalistas, de se apresentarem como as “salvadoras do meio ambiente”. Na verdade, o que desejam é estabelecer preço para todos os bens naturais, que ainda são bens comuns – água, ar, reservas florestais, áreas indígenas e quilombolas, paisagens naturais, conhecimentos tradicionais, biodiversidade ... –, usando-os como “créditos de carbono” a partir de pagamentos pelos “serviços ambientais” dessas áreas preservadas. Ou seja, querem continuar poluindo, justificados com esses pagamentos de serviços ambientais, tornando-se donos, ao mesmo tempo, de novos títulos de crédito negociados em mais uma bolsa especulativa”, afirmou.

Para esclarecer a população sobre o assunto, as Pastorais Sociais, juntamente com a Rede Jubileu Brasil e outras entidades publicarão em breve a ‘Cartilha Economia Verde’.

Para entender um pouco mais as discussões, o Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social e a Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Justiça, da Caridade e da Paz da CNBB, lançaram este vídeo.



Para Dom Pedro Stringhini existe um descrédito em torno das diversas conferências que já foram realizadas para tratar as questões ambientais mundiais e com isso, há uma crescente participação de movimentos sociais que querem ter participação no debate ambiental.

“A ideia de se realizar a Cúpula ao mesmo tempo em que a ONU realiza a Rio+20, vem de um certo descrédito dos movimentos populares em relação a essas conferências, a de Quioto, de Copenhague. Não se vê a preservação. Com isso, os movimentos também querem ter parte e não deixar que só o Governo haja, mas que também os movimentos possam levantar propostas”, enfatiza.

Das necessidades urgentes a serem tratadas pela Igreja e pelas diversas entidades sociais durante a Cúpula, Dom Pedro lembra o projeto de Lei do Desmatamento Zero, de iniciativa popular e a não deterioração do Código Florestal.   

No site da Cúpula, Ivo Lesbaupin, da Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais (Abong) apresenta três soluções viáveis para o problema ambiental. Soluções que já existem e podem ser alvo de mobilizações durante a Rio+20.

Das soluções apresentadas, duas fazem referência ao modo de produção alternativo: a agroecologia e a economia solidária. A terceira solução é o estímulo à construção de cisternas sustentáveis para o semiárido nordestino.

Para entender um pouco mais as propostas:

O que é Agroecologia?
A agroecologia utiliza técnicas e formas de cultivo sem o uso de agrotóxicos e fertilizantes minerais, por isso, não maltrata o solo. É uma atividade sustentável e estimula a agricultura familiar. A agroecologia economiza água e energia e não emite Gases de Efeito Estufa e promove a absorção de carbono. A agroecologia em pequena escala tem custos de produção muito elevados o que resulta num produto mais caro. Esse valor tende a diminuir com o aumento da produção agroecológica. No Brasil são mais de 4,2 milhões de agricultores familiares. Com a demanda de sistemas agroecológicos, milhares de famílias poderiam passar de uma realidade assistencial para uma realidade produtiva. 

O que é Economia Solidária?
A Economia Solidária são projetos produtivos coletivos, como cooperativas populares, cooperativas de coleta e reciclagem de materiais recicláveis, cooperativas de agricultura familiar e agroecologia, empresas que promovem a preservação ambiental e milhares de empregos. A Economia Solidária promove a conscientização sobre o consumo responsável e fortalece as relações entre o campo e a cidade.

Uma mudança de mentalidade é a principal proposta a ser considerada diante da crise ambiental que o mundo está sofrendo. Dom Pedro Luiz Stringhini, recorda que o ser humano deve estar acima do capital, acima do mercado. “O consumo quando exagerado deteriora a pessoa humana, e coloca a sua meta de felicidade em quantos bens materiais possui, enquanto que uma mentalidade nova e ao mesmo tempo antiga, tanto quanto o Evangelho, é a de que o ser humano vale mais que aquilo que possui, do que aquilo que ele consome. Por isso, é importante a educação ambiental para as crianças aprenderem a importância da consciência ambiental e não serem egoístas, e isso é parte da espiritualidade das religiões e do respeito à natureza”, finalizou.  



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